Sem mais delongas foi possível se aperceber dos dois homens a chegar frente à capela, à temperatura do sol, de certo endoideceria a cabeça de qual quer ser humano, mas não a dos dois pistoleiros, estes nem ligavam para tal fato da natureza expressando um tom vociferado em suas faces, estavam de prontidão a uns dez metros de diferença numa linha tal que ficavam de frente um para o outro junto à sombra da cruz que os entrecortava. Benedito terminava de mascar um fumo pelo qual já havia cuspido duas vezes e carregava um crucifixo em seu pescoço, João carregava em sua boca um resquício de mato que se movimentava de um lado para outro. A apreensão do momento construía um denso sentimento da tragédia que se anunciava. Os dois sacaram as armas ao mesmo tempo, mas eis que sobre a vista de tais homens valentes surge o Padre Manoel da Costa, cabelos grisalhos e uma longa barba bem penteada, vestia uma batina preta com detalhes bordados em branco para destaque mesmo a longa distância, calçava um chinelo de couro e trazia um terço de ouro enrolado em sua mão direita pela qual também segurava a bíblia.
"Parem, em nome de Deus!" soava a voz do Padre de cima das escadas da capela e se fez perceptível para os dois cabras, mas a valentia era tamanha que nada mais fizeram do que intensificar suas hostilidades através de olhares de desprezo. "Maldito, como ei de mata-lo" planejava friamente João, o seu dedo coçava por apertar o gatilho, do contrário visto que é de seu costume se prontificou a manter seu mestral modo de defesa frente à ameaça que ali pairava. "são apenas homens!" dizia o padre Manoel "não quereis testemunhar a ira de Deus" continuava o padre a lançar ameaças divinas. No momento em que terminara de falar um caracará sobrevoou os cabras lançando em suas cabeças um ar gélido de mau presságio que atingiu as mentes de todos ali presentes. O padre continuava a falar quando de súbito João acerta-lhe um tiro pouco abaixo de seu peito "cale a maldita boca padre" ressoava o pistoleiro em tom de raiva, outro tiro é disparado, esse acerta o peito de João que imediatamente cai de joelhos com sangue já escorrendo pelo canto da boca, "com ei de ter sido tão desatento?" pensava João em lamentação, Benedito sorria e andava lentamente em direção a seu alvo enquanto o cano de sua arma saía fumaça por razão do tiro que havia dado. Ao chegar perto do corpo de João estirado sussurrava Benedito.
- tudo posso naquele que me fortalece - sorria Benedito ao mesmo tempo em que mirava a arma na cabeça de João.
-Vai... para... o inferno - respondia João num gaguejo que anunciava sua morte próxima - e para finalizar aquele enfrentamento Benedito fez questão de professar seu bordão.
- que assim seja a vonta... - um tiro acertara em cheio a cabeça de Benito, tal tiro viera do padre que para surpresa de todos carregava uma arma de calibre pequeno, segurava a arma tremendo "não use a palavra de Deus em vão" dizia o padre quase morrendo.
Em pouco tempo os habitantes das casas saíram para ver o local de enfrentamento, o sangue não era de tal modo surpresa para cidade que já se acostumara com coisas do tipo, contudo ainda os acometera um ar de angustia e perplexidade aquele contexto de carnificina, deveras, aquilo nunca havia acontecido na história da cidade, Restara apenas o comentário das pessoas e três corpos em frente à capela Frei Damião.
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A Capela Frei Damião
Short StoryEscrevo com sinceridade e compartilho essa história com vocês, desejo boa leitura, se gostar deixa seu voto que muito vai me incentivar a continuar escrevendo. Valeu.