Capítulo 18

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Um dia, só um dia me separa de casa, já me sinto muito melhor. O ferimento está praticamente curado, está tudo bem com o bebê e é isso que importa.

Fui muito bem tratada no hospital, todos foram muito atenciosos e um dos enfermeiros, sempre deixava flores pra mim. Cole não gostou muito disso e sempre que Hart vinha me ver, ele cruzava os braços, fechava a cara e não tirava os olhos dele.

Dez dias se passaram desde o ocorrido, desde que mais um pedaço do meu chão desabou.

Mas estou pronta pra voltar, estou pronta para encarar o mundo lá fora. A situação é bem diferente agora, não precisamos mais nos esconder, sou uma mulher casada e mãe.

Cole resolveu resgatar a amizade da sua mãe e ela apareceu umas duas vezes pra me visitar, me tratava cordialmente e sempre falava do bebê.

Meu coração ainda está bastante apertado por Luke, por pensar que não vou mais vê-lo, não vou ouvir suas piadas e não vou ver ele e Sally abraçados na varanda ao final da tarde, me dói muito pensar nisso.

Por outro lado, fiquei feliz em saber que o pai de Cole foi inocentado e em poucos dias sairá da prisão. Já o meu pai, foi preso e em poucos meses será julgado e condenado por todos os seus crimes. Felizmente o crime do assassinato de Anders ainda não prescreveu, o que significa que meu pai vai pagar por ele. Nada mais justo.

Minha casa agora é a fazenda, uma vida mais simples, mais apertada financeiramente, mas eu estava completamente satisfeita com isso.

Recebi um convite de minha mãe para morarmos na casa dela/minha, mas Cole nem sequer me deixou terminar de falar:

-Nunca! E não toque nesse assunto de novo.

Cole jamais aceitaria viver na casa que meu pai construiu, que bobagem minha achar que ele poderia ao menos pensar na possibilidade; uma parte de mim queria o conforto de volta, mas meu lugar agora é ao lado dele na fazenda ou onde quer que fosse.

O relacionamento com minha mãe melhorou consideravelmente, ela se dedicou completamente a mim todos esses dias, eu estava adorando tê-la assim tão perto e tão maternal; a convidei para ficar na fazenda comigo o tempo que ela quisesse, a queria sempre por perto, ainda mais quando o bebê nascesse. Cole e ela haviam conversado uns dias antes e ela havia pedido perdão por toda a implicância e intolerância e ele assumiu que sua fama não era das melhores, apertaram as mãos e decidiram se dar bem daquele dia em diante. Acho que as coisas estão começando a tomar um rumo melhor.

Na saída do hospital, um pequeno grupo de enfermeiras e médicos se reuniram no saguão pra se despedir. Hart, apareceu com um pequeno buquê de gérberas vermelhas, me deu um abraço apertado e sussurrou em meu ouvido que eu me cuidasse.

Cole já se aproximava com os punhos fechados, me soltei do seu abraço e agradeci mais uma vez.

Me despedi de todos e agradeci por toda a gentileza e cuidado. Meus olhos arderam quando pus os pés para fora, a claridade os incomodou, ainda que o sol estivesse ameno, a primavera chegava ao final e logo seria outono. A cidade ficaria toda laranja e as folhas cairiam das árvores se preparando para o inverno.

Depois, o ciclo se reiniciaria e as flores encheriam Rogers de vida e cor e espero sinceramente que a primavera também traga esperança e paz pra nossas vidas.

Parecia que eu havia saído de Rogers há muito tempo, tudo parecia diferente. No caminho até a fazenda a emoção tomou conta de mim e eu comecei a chorar, parte provocada pela gravidez que me transformou numa manteiga ambulante, bem pior do que eu já era, parte por felicidade, parte por tristeza. Passar por aquele portão representava muitas coisas, liberdade, esperança, tristeza... Já podia ver uma criança correndo por aí, seria menino ou menina?

Mar de Tubarões | Sprousehart [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora