#3 Voluntário

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Ryker estava sentado no muro da universidade e Rita aproximou-se:

- Ainda estás a fugir do teu pai? Ou estás escondido da tua nova admiradora?

- As duas coisas. - Admitiu ele.

Ela sentou-se ao lado do filho:

- Tens um controle maravilhoso. Fazes-me lembrar o teu pai. Já te contei como convenci o teu pai a casar comigo?

- Não. Cada vez que tentas fazê-lo, ele desvia o assunto. Fica muito zangado.

- Eu sempre fui de famílias ricas. O teu avô queria casar-me com alguém importante, alguém que não olhasse para as nossas posses. Então, durante uns tempos desaparecemos da alta sociedade e fingimos ser pessoas totalmente normais, não tínhamos muitas posses e foi assim que descobri que tinha jeito para ensinar. Tive de arranjar um emprego e tentar sustentar-me. Não foi fácil, mas um dia, três homens perceberam quem eu era. Decidiram que iam raptar-me e pedir um resgate. Sempre fui bonita, então os homens sempre queriam aproximar-se. Eles disseram que iam aproveitar-se e fazer-me mal enquanto esperavam pelo dinheiro. Nesse momento, um homem, o teu pai, passou e viu-me a tentar pedir ajuda.

- Aposto que o pai virou as costas e foi embora.

- Sim. Ele nunca foi bom a mostrar sentimentos ou reações. Eu odiei-o no meu íntimo, mas assim que imaginei que estava tudo perdido... Ele apareceu e deu uma sova nos três homens.

- Ele? Sozinho? Contra três?

- Achas que és atlético só pelo teu mérito? Meu filhote... isso herdaste do teu pai. Ele conseguiu salvar-me de todos eles. Eu agradeci imenso e revelei quem eu era. Disse que ele teria uma recompensa por ter ajudado alguém tão importante. Mas ele, dispensou e foi embora. Nem sequer olhou duas vezes para mim.

- Isso deve ter-te deixado muito zangada.

- Fiquei muito chocada! Afinal... eu era uma jovem linda. Modéstia à parte, claro!

Riram-se.

- Ele não queria saber quem eu era ou se era bonita. Então, pensei nele a toda a hora. Não conseguia concentrar-me em mais nada. Como mimada que era, pedi ao teu avô que o encontrasse e exigi que queria casar com ele. E encontrei-o.

O olhar apaixonado da mãe, fez com que Ryker suspirasse:

- Isto está a ficar estranho.

- Desculpa. A verdade é que o teu pai recusou casar comigo. Eu pedi-lhe em casamento cinco vezes. E nunca tive sucesso. Ele nunca sorria. Nunca mostrava interesse por mim. Eu cheguei a vestir-me de forma sensual para despertar os instintos masculinos nele e nem isso funcionou. Há pouco fizeste o mesmo, hein? Resististe como o teu pai.

- Não estou interessado em ter uma aventura romântica sem significado.

- Foi o que o teu pai respondeu quando pedi que casasse comigo a primeira vez. - Sorriu ela.

- Estás a querer dizer que eu sou igual ao meu pai? Isso é péssimo! Porque não saí mais parecido contigo?

- Tu saíste parecido comigo, filho. Tens os meus olhos verdes alegres. E o meu cabelo castanho claro. Vês? Parecidinhos!

Ryker não parecia satisfeito:

- Eu queria ter nascido sem a pressão que o pai coloca sobre mim.

- Ele tem boas intenções. És o nosso único bebé. Tens responsabilidades para com a nossa família.

- Eu quero um futuro diferente. Quero... eu...

Rita sabia o que o coração do filho guardava, sabia que o coração de Ryker era como o seu. Ele queria ajudar outros, por isso estava sempre a fugir do pai e das responsabilidades que tinha.

- Eu fico muito preocupada contigo. - Admitiu ela.

- Porquê?

- Porque cada vez que desapareces, eu sei o que vais fazer. Sei que arriscas tudo! Até a tua vida.

- Alguém tem de o fazer, mãe.

- Se o teu pai descobre... ele vai proibir-te.

- Eu sei. Ele não vai descobrir.

Ouviram um alarme ao longe e Ryker levantou-se:

- Estão a chamar.

- Tem cuidado, Ryker. Volta são e salvo.

- Prometo, mãe.

O jovem correu até ao quartel de bombeiros, era voluntário.

...

Ned Devlin estava no escritório quando ouviu o alarme de incêndio. Olhou para os papéis que tinha à sua frente e não conseguia concentrar-se. Telefonou:

- Rita, olá.

- Olá, querido.

- Onde está o Ryker? Tenho andado a manhã toda à procura dele.

- Ele estava na universidade. Não sei para onde foi agora.

- Ele conseguiu fugir aos guarda-costas.

- Ele consegue sempre. - Sorriu ela. - Acho que ficas muito fofo quando te preocupas com o nosso filho, Ned.

O homem percebeu a entoação da esposa e concluiu:

- Se souberes algo do Ryker, manda mensagem.

Desligou. Rita sorriu ao saber que aquilo era sinal que Ned estava embaraçado.

...

Xander era o novo mordomo da família Devlin. Todos os seus antepassados tinham servido aquela mesma família e agora era a sua vez. Era um pouco estranho ser tão jovem e da mesma idade que Ry. Eram os melhores amigos, mas Xander nunca perdia de vista a relação mordomo-amo. Sabia qual era o seu lugar. Ao ouvir o alarme, suspirou tristemente. Ele sabia que Ryker andava a ajudar os bombeiros e sabia que aquilo não era uma boa ideia. Ryker era filho único e herdeiro de uma empresa muito grande com sede na Ilha da Floresta Fogo Ventoso. E os incêndios ali eram graves, pois como o nome indica, havia muito vento e os fogos mudavam de direção rapidamente.

A ilha era muito verde e era próxima à ilha do Vulcão Azul, havia muita atividade vulcânica em toda a costa norte e por vezes os incêndios começavam devido ao calor intenso. Os bombeiros eram das pessoas mais queridas pela população ali.

O mordomo telefonou para Ryker e ele não atendeu. Assim que olhou para o ecrã com uma expressão preocupada, recebeu uma chamada do patrão.

- Amo Ned?!? Como poderei ser útil?

- Xander, sabes alguma coisa do Ryker?

- Não. Tentei telefonar-lhe e ele não responde.

- Se ele disser alguma coisa, avisa-me. Por favor.

- Sim, amo.

A chamada foi concluída e Xander suspirou:

- Por favor, vem são e salvo Ry.

*****

O que acham que irá acontecer com o herdeiro da DevTec? Irá conseguir seguir o seu sonho de ajudar outros?

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⏰ Last updated: May 15, 2019 ⏰

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Brincar com o FogoWhere stories live. Discover now