《1 ▪ Trust Me》

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Meu corpo dói muito.

Minha cabeça chacoalha.

Tento me manter acordada, mas minhas pálpebras têm o peso do mundo inteiro.

Sinto meu corpo tremendo, estou em movimento, mas... estou parada. Deitada.

Sinto coisas presas e amarradas ao meu corpo.

Um cheiro nauseante no ar.

Ao meu lado, ouço um homem chorar tristemente, chegando a soluçar. Mas não consigo ver seu rosto.

Fecho meus olhos e antes de apagar completamente, o ouço dizer: É tudo culpa minha.

《•••》

Uma dor extrema, pelo corpo inteiro. Retiro forças de algum lugar para simplesmente abrir um pouco os olhos. Onde eu estou?? Não reconheço este lugar. O que é tudo isso à minha volta?

Abro melhor os olhos, e me acostumo com a luz que entrava pela janela. Agora que vejo com mais clareza, estou em um hospital. O que houve comigo pra ter vindo parar aqui?

Um som agudo e constante. Giro meu olhar para a direita, uma máquina de pulso cardíaco. Um cheiro forte, porém agradável de álcool em gel. Vejo tubos, fios, dentre outras coisas entrando e saindo do meu corpo. Reparo em meu corpo e não vejo hematomas, por que raios estou numa cama de hospital?

O que aconteceu comigo?

Eu não me lembro.

- Você acordou.

Me assusto com a voz, giro rápido a cabeça pra esquerda, causando enorme dor no meu pescoço. A voz pertencia a um homem, com cabelos loiros e um belo rosto jovial.

- Está se sentindo bem? Me responda, fale algo por favor.

- Eu... - Tento falar, mas minha voz fica estranha por causa de um aparelho em meu rosto, pra me ajudar a respirar, só agora havia notado.

- Eu fiquei tão preocupado com você... - O homem tocou meu rosto com muito cuidado, abrindo lentamente um sorriso. Seus olhos castanhos brilhavam, pelo visto ele estava bem feliz em me ver acordada.

- Eu... deveria... conhecer você? - Falei baixo e pausadamente.

O homem, que antes sorria, agora ficou sério. Ele ficou me encarando por um tempo.

- Não é possível... - Ele murmurou. - Isso não pode estar acontecendo. Querida, não está se lembrando de quem eu sou?

- Me desculpe... - Sussurrei. - Eu não sei quem você é.

Eu realmente me esforçava pra lembrar, mas não conseguia. Aquele rapaz parecia tão feliz ao me ver, tão preocupado... Ele deve ser alguém importante. Deve ser alguém que faz grande parte na minha vida. Mas nem me recordo sequer de seu nome.

Ele apertou um botão ao lado da minha maca.

- O que... você está fazendo..? - Tentava formular a frase, meu corpo ainda estava amortecido. Qualquer coisa doía muito.

- Chamando a médica. Ela precisa saber que você acordou.

《•••》

- Então quer dizer que... Eu sofri um acidente e perdi a memória? - Perguntei à médica, depois dela ter me contado tudo.

Eu já estava sem aquele monte de fios e tubos, apenas estava sentada na maca, e aquele homem loiro ao meu lado, o tempo todo.

- Bom, parte da memória, creio eu. - A médica, que aparentava estar na casa dos quarenta, com os cabelos negros amarrados pra trás e leves ruguinhas nas bochechas. - A batida na sua cabeça afetou uma área do seu cérebro que é importante para o armazenamento de lembranças. Mas acalme-se, não foi tão grave, por isso penso que foi apenas parte das suas lembranças.

- Mas... o que aconteceu comigo? - Eu perguntei, mas a médica não respondeu, apenas olhou para o loiro. Então ele começou a falar.

- Bem... Você estava em casa, encerando o chão, estava descalça, sem querer escorregou na cera e bateu com a cabeça na beirada do balcão de pedra. - Ele me explicou.

A médica voltou a anotar em sua prancheta.

- Bem, se não se incomodar, eu precisarei fazer um teste de perguntas simples com você, pra ter uma vaga noção de onde as suas lembranças travaram com a pancada. Certo? - A médica disse rapidamente, e eu apenas assenti. - Seu nome, sabe?

- Anne. - Eu respondi com convicção. - Anne Drew.

O loiro sorriu.

- Perfeito. Quantos anos você tem?

- Er... não sei... mais de 20?

O loiro pareceu preocupado.

- Você tem 25 anos. - Ele disse.

- Ok...

A médica me fez diversas perguntas, e muitas foram respondidas corretamente, pois as respostas eram confirmadas pelo rapaz. Nome dos pais, escolas que frequentei, nome do primeiro cachorro, nome de amigos próximos...

- Certo, aparentemente muitas das suas memórias estão bem.

- Ahn, doutora... - O loiro gesticulou para si mesmo.

- Ah, claro. Sabe o nome dele? - A médica apontou pro homem.

Ele ficou me olhando, seus olhos transmitiam nervosismo. Eu tentei, tentei muito, porque eu sentia que ele era importante. Minha cabeça doeu, mas não consegui.

- Me desculpa... não sei quem você é.

Ele assentiu, e percebi seus olhos marejaram. Ele se virou de costas, e senti um aperto no peito.

- Tá... não se lembra de quando vocês se conheceram? Lugares que foram juntos? - A médica perguntou, mas eu neguei tristemente.

A doutora disse que iria fazer uma análise do meu teste, e que precisava do rapaz para acompanhá-la, e pra explicar a ele o que iria acontecer.

Uma hora depois, o rapaz voltou.

- E... então? O que vai acontecer comigo?

O loiro chegou ao meu lado, e hesitou em segurar na minha mão, acabou não fazendo. Apenas disse:

- Anne... eu não vou negar que estou muito preocupado com você. E... Eu tô muito triste que você não se lembra de mim, mas... - Ele suspirou. - Eu preciso que você confie em mim. Porque eu sou a única pessoa que pode cuidar de você em seu estado.

- Tá...

- Meu nome é Mark Tuan, e eu sou seu noivo.

Tentei absorver a informação. Por isso eu sentia que ele era importante. E ele é realmente um rapaz muito bonito e atraente, pena que não me lembro dele.

- Sério... meu noivo? - Eu perguntei. - Nossa...

- Sim... nosso casamento está marcado pro ano que vem, quer dizer, agora eu não sei como iremos ficar... - Seu tom era preocupado. - Mas eu espero que acima de tudo, você fique bem e se recupere.

- Okay.

- A médica disse que, pelas contas, você perdeu seus últimos sete anos. E foi mais ou menos nesse período que a gente se conheceu, por isso você não se lembra de mim nem de nada sobre mim.

- Hey, eu sinto muito. - Eu achei que fosse bom dizer isso. - Me desculpe, eu queria me lembrar de você.

Ele suspirou e tentou sorrir.

- Tudo bem, a gente vai dar um jeito.

In Love Again - Mark Tuan FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora