In Love Again - Mark Tuan Fanfiction

《14 ▪ Lies》

- Mark falou a verdade, eu realmente fiz vocês brigarem feio e se afastarem seriamente. Mas ele não te contou tudo. Ele não te contou o motivo do seu acidente. - Ela mudou o tom ao falar a palavra "acidente", me fazendo arrepiar.

- C-Como assim? Do que você está falando??

- Sente-se. Você merece saber a verdade. Saber que seu noivo é um mentiroso.

Senti um aperto no peito. Eu não queria continuar ali, mas um pressentimento me dizia que Chaeyoung tinha a verdade. Por alguma razão, eu não queria ouvir. Tudo está tão perfeito entre nós.

- Não tenha receio, Anne. Você sabe que essa baboseira de cera é mentira.

- Mas... eu não quero que...

- Você não quer saber a verdade? Você não quer descobrir que durante todo esse tempo, Mark escondeu de você o verdadeiro motivo de você ter perdido a memória? - Ela ficou de pé, sua expressão estava diferente, seus olhos me encarando de forma estranha. - Um acidente que te deixou sequelas perigosas que podem durar anos para serem reparadas, e você não quer saber o motivo real por medo de se decepcionar com ele?

- Eu... estou confusa... - Passei a mão na testa, minha cabeça estava começando a doer.

- Venha, sente-se. - Chaeyoung tocou meu braço e me direcionou de volta pra cadeira. - Vou lhe contar o que merece saber. É verdade, eu sempre quis acabar com o romance de vocês, porém como eu disse, por vingança. Mark acha que é porque eu ainda tenho uma queda por ele. Ele se acha o mais bonito de todos mesmo. - Ela deu uma risadinha. - Não pense que estou menosprezando seu noivo Anne, eu sei bem como ele é. Nós namoramos durante o colegial.

- É sério?

- Sim, nós éramos o casal mais popular do colégio. Todos diziam que nós ficávamos perfeitos juntos, o garoto e a garota mais bonitos, chamando a atenção de todos os alunos. Exalávamos inveja por todos os cantos. - Ela sorria dizendo enquanto encarava o nada, mas então trocou o sorriso por uma expressão neutra. - Até que chegou o terceiro ano dele. O dia da colação. Ele anunciou pra todo mundo que havia terminado comigo, sem me dizer nada, depois foi pra faculdade de engenharia e eu nunca mais o vi. Meu terceiro ano foi um porre, perdi meus status, ninguém mais me dava bola. Mark destruiu minha reputação perfeita.

- Meu Deus, Chaeyoung. Só por isso você ficou tão amargurada?

- Não apenas por isso. - Prestei atenção no seu tom, ele se tornou um tom tristonho. - Ele me prometeu que era o amor da minha vida. Ele dizia que eu era perfeita, que me amava mais do que tudo, e eu realmente me sentia assim. E eu também o amava de volta. Eu criei um futuro com ele, imaginei nosso casamento, nossos filhos... - Ela agilmente secou uma lágrima solitária que desceu pela bochecha. - E então ele sumiu, me abandonou sem me dar uma única satisfação. E eu prometi pra mim mesma que um dia, iria acabar com o amor da vida dele. - Seu tom mudou novamente, agora ela transbordava ódio nas palavras, me assustando a cada frase. - Quando soube que vocês estavam juntos, fiz de tudo pra começar a trabalhar no mesmo lugar que vocês e observar cada ato. A cada oportunidade que via, eu ameacei o amor de vocês. E a cada ameaça, eu via que estava chegando ao meu objetivo.

Chaeyoung não olhava pra mim, ela encarava a mesa como se fosse um mapa, em que ela seguia a rota de seu plano maluco.

- Até que eu fiz você acreditar que ele havia traído você comigo, que ele havia me beijado. Você sumiu, foi pra outro estado, e ele ficou arrasado e deprimido. Achei que havia conseguido minha vingança, mas ele conseguiu te achar e vocês voltaram a ficar juntos, porque ele te pediu em casamento.

Um flashback rápido veio em minha mente, me lembrei de estar no meu antigo quarto na casa dos meus pais no Texas, eu e Mark conversamos e choramos juntos, então ele me pediu em casamento. Minha cabeça agora latejava, me fazendo ficar zonza.

- Eu fiquei furiosa. Precisava usar algo pior do que um beijo de traição, então esperei, e me preparei da forma certa, infalível. - Ela esboçou um sorriso perverso no rosto. - Eu implantei dezenas de fotos sensuais minhas e de algumas garotas de programa no celular dele, criei conversas falsas como se ele tivesse falado com elas e mantive no aparelho, e liberei na hora certa, quando você estava com o celular dele. E você viu tudo.

Mais um flashback, mais uma tontura. Me lembrei de um dia que Mark, na construtora, me pediu pra cuidar do seu telefone enquanto resolvia algo, e então encontrei dezenas de imagens sensuais de garotas e conversas com as mesmas. Me lembro de ter ficado desolada e com o coração partido novamente.

- Por favor... pare... - Apoiei minha cabeça nas mãos, era como se ela tivesse o peso do mundo inteiro. - Eu não quero me lembrar disso... Por favor... - Lágrimas chegaram a cair, meu coração doía muito com a realidade vindo à tona, eu já não aguentava mais tanta dor. - Mark não fez nada comigo. Sempre foi você! O tempo todo! A culpa de eu estar assim, desmemoriada... É sua!

- Lhe garanto que não é. Não fui eu que te empurrei contra o balcão durante uma briga feia.

O aperto em meu peito aumentou com a frase dita por ela, eu já não conseguia ouvir mais nada por conta da dor que sentia na cabeça e no coração, apenas murmurei que queria ir embora, e quando meu dei conta e voltei a raciocinar, estava dentro de um uber, indo pra casa.

Como estava no banco de trás do carro, me deixei chorar para aliviar o estresse. Eu lutava contra a minha própria consciência, brigava com as vozes que gritavam a plenos pulmões no meu cérebro, eu não queria que fosse verdade. Eu não queria pensar nisso. Eu não queria me lembrar.

Mas era o que tinha acontecido, pelo menos era o que eu sentia. E agora aquela mulher implantou a dor no meu peito. Eu necessito saber a verdade.

Eu quero ouvir a versão de Mark.

Quero saber o que houve naquele dia.