Noites de verão

John

O sol já começava a se por, quando estávamos chegando na casa onde iriamos ficar. Já conseguia sentir ou imaginar a brisa do mar, bagunçando meus cabelos castanhos alourados, o cheiro de algo cítrico e salgado, infiltrando minhas narinas e me tomando por toda a extensão do meu corpo. Lysa que estava sentada ao meu lado, mexendo em seu celular, me cutucou-Provavelmente ela achou que eu estava dormindo. Ao menos essa era a intenção, depois que eu coloquei meu fone-de-ouvido e inclinei a minha poltrona um pouco para trás, mas não o suficiente  para incomodar quem estava atrás de mim, que no caso era a Emily Baker.Fiz uma nota mental para mais tarde, para agradece-la  por seu corpo ser tão pequeno -, mas pela amargura dos anjos eu não conseguir dormir,me atormentando por quanto eu estou arrependida por ter vindo a esta viagem, e faz menos de dez horas que eu sair de casa.Minha mãe parecia triste me vendo sair, para esta viagem, mas mesmo assim ela me insistiu tanto para vir.

- Acorde Kate, chegamos- Sussurrou Lysa, me cutucando mais de uma vez e de forma exagerada. Como se conferisse se eu estava viva.

-Estou acordada,Lysa- Sussurrei de volta, mas não tão baixo quanto ela.

Me virei para encara-la, porque até então estava virada para a janela do ônibus, vendo o tempo passar , vi adultos levando crianças para escolas, adolescentes voltando da faculdade, pais brincando com os filhos em parques públicos. As vezes sinto falta de meu pai de uma forma inimaginável, mas nunca conseguir dizer isso para minha mãe, pois tive medo de ela achar que eu estaria reclamando que ela não estava fazendo o suficiente por mim ou por Maia , mas ela era o mais que o suficiente e nunca disse para nenhuma de minhas amigas porque elas não intenderiam. Os pais de Pitty e Lysa  são casados e felizes, - pelo menos, eu acho-, e o Pai de Fran morreu antes dela completar um ano, então ela nem deve lembrar dele e meu pai ficou  com a gente  até alguns meses depois de a Maia nascer depois ele foi embora e minha mãe nunca se deu ao trabalho de explicar. Apenas em um dia ensolarado e comum como qualquer outro, não teve nenhum sinal do céu como nuvens nubladas ou acinzentadas e tristes, eu havia acabado de chegar da escola e encontrei minha mãe chorando no balcão da cozinha. Ela parecia arrasada. Eu a perguntei porque ela estava chorando, e ela apenas me respondeu " Ele foi embora" , e foi isso, nunca mais ouvir falar do meu paí, já tentei procurar ele na internet mas nunca consigo achar algo sobre ele, nenhum minimo detalhe como por exemplo; onde ele mora.Não sinto falta dele na maioria das vezes, só me sentia um pouco sozinha quando via crianças brincando com os seus pais em parques ou em quintais de sua casa, e eu ficava apenas as observando com uma inveja, que não fazia bem a uma criança de onze anos.Minha mãe após meu pai nos abandonar ficou em uma depressão muito grande, onde ela só ficava dentro de casa, ela comia, bebia e dormia.Lembro-me de que com apenas onze anos  e maia tinha apenas alguns meses eu tinha que trocar sua fralda, dar a sua comida que era basicamente papa e as vezes quando minha mãe não estava tão mal ela dava de mamar para Maia. Quem a colocava para dormir era eu também, o que na época era a parte mais difícil do meu dia,já que Maia era uma criança peculiarmente irritadiça e chorava muito. Foi mais de dois anos para conseguir que ela conseguisse á começar a sair da depressão, após minha avó a convencer alegando que seria muito importante para maia e para mim.

Levantei do banco e me espreguicei, e sem querer como consequência batendo a minha mão no rosto de Lysa.

- Desculpa-soltei antes que ela pudesse falar algo.

- Tudo bem- Ela disse de uma forma que não estava nada bem, massageando a sua testa.- Vamos?

-Vamos.-Concordei.

Lysa e eu nem conversamos muito durante a viagem, talvez ela percebeu ou talvez não de que eu queria ficar em silêncio, ouvindo os meus próprios pensamentos. Isso era uma das coisas que eu mais amava em lysa, que eu não precisava me explicar quando eu estava mal e não queria conversar. Ela apenas sabia, como uma conexão mental louca que nos ligava. Ligava nós quatro. Levantei subitamente , logo atrás de Lysa, e fui andando em direção a saída logo atrás dela.Mas fui parada por uma parede sólida e muito musculosa contra mim. Uma " Parede" morena ,de olhos verdes e cabelos raspados. Josh. Me recurei quase que instantaneamente, antes que pudesse cair para trás, e provavelmente em cima de alguém que esperava  impacientemente-batendo os pés no chão do ônibus- eu voltar  a andar.

-Ah- Falei desconcertada com aquela situação- Me desculpe, eu não vi você. Eu sou muito desastrada,uma vez eu cai em um poço, porque eu não estava olhando para onde andava. Então me perdoe, se machuquei você. Nem vi de onde você saiu- eu estava falando muito e aleatoriamente, sabendo que estava parecendo uma doida varrida. 

Ele me olhou com um divertimento nos olhos e rio. Ele me achou divertida ou estava rindo da minha cara? Decidi que não me importava.

-Tudo bem- Ele falou, sua voz era forte como se fosse o próprio trovão recriado- Acho mais fácil você ter se machucado, você está bem?

-Ah, sim-disse- Estou bem, obrigada.

- Sou Josh-Indagou ele como um comprimento e um pedido de desculpa. Por eu ter esbarrado nel.,e, como se ele tivesse alguma culpa por eu ser tão desastrada-Mas acho que você já sabe, contando que a gente fez as aulas de literatura e historia juntos.

Mas não era por aquilo que eu sabia quem era ele, eu sabia pois desde o primeiro ano do ensino médio, eu tinha uma paixãozinha por ele. Mas eu apenas disse:

-Kate- como se ele não soubesse meu nome, mas sempre achei que era tão reclusa que ninguém notava minha presença na sala de aula, apenas quando eu estava com as garotas. Pelo jeito eu estava enganada.

- É, eu sei- disse ele.

- Fico surpresa que saiba- Falei, e fui sincera.

- É difícil esquecer um rosto, ou uma boca- ele se voltou os olhos para a ultima. Senti meu rosto corar-  que recita tantos poemas lindos na aula de literatura.

Não soube o que responder e graças a Deus não precisei. Alison e Holly estavam atrás de nós impaciente querendo passar, batendo os saltos no chão do ônibus.Ônibus. Não percebi que ainda estava dentro dele, até então. Josh revirou os olhos para elas. Ai meu Deus, ele era lindo até fazendo isso.Mas ao final antes de voltar a andar ele voltou o rosto para mim e indagou:

-Nos vemos por aí.

Ele não me deu tempo de pensar em uma resposta , quando voltou a andar.

Quando sai do ônibus, percebi que a casa onde as meninas iriam ficar era enorme. Muito maior que a minha, e até a da Pitty. 

Lysa e Pitty já estavam do meu lado e Josh magicamente já havia sumido.

-Achei que tivesse morrido dentro daquele ônibus- Falou Lysa-Porque demorou tanto?Em um momento você estava atrás de mim e depois quando eu cheguei aqui você não estava mais.

-Esbarrei em um aluno sem querer-Por algum motivo não queria mencionar John. Guarda apenas para mim.

- E demorou tanto assim? Perguntou Pitty.

Apenas dei de ombros.

-Cade Fran afinal?- Perguntei, sentindo a sua falta.

-Foi buscar a mala dela-Respondeu Lysa.

-E a de vocês ?

-Estavamos esperando a princesa- respondeu Pitty.

Fiz uma reverencia drámatica.

-Não seja por isso.