Pov Gina
Ver Harry derrotar Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado foi uma das coisas que eu sempre soube que iria acontecer mas que nunca me passaria pela cabeça o jeito que esse fato decorreu hoje; tudo que nos trouxe até aqui, toda a destruição que se alastrou em Hogwarts e todos as pessoas queridas que perdemos nesse caminho. Fred. Por um momento breve me esqueci da perda do meu irmão, ver toda essa comemoração e felicidade pós-vitória me fez esquecer dessa desgraça, mesmo que não possa fazer nada em relação à perda do meu irmão, sinto que ignorar sua morta não é o mais justo a se fazer.
Reparo então que estou perdida em meio a meus pensamentos, parada no meio do caminho enquanto todos comemoram aos pulos e berros, tento então procurar os olhares de minha família, que acabou se misturando à multidão em meio à comemoração. Enquanto caço aqueles rostos tão conhecidos acabo encontrando um olhar que devo conhecer tanto quanto, os olhos verde de Harry Potter encontram os meus e por um instante sinto tudo ao meu redor parar, o barulho cessou, a correria se acalmou, todos ao meu redor se escurecem e a única luz que vejo é Harry Potter, que me encara com a mesma intensidade no olhar (se não mais), ele aponta com a cabeça levemente para fora do castelo e me dirijo até a porta discretamente.Pov Harry
Quando meu olhar finalmente encontra o de Gina um alívio percorre todo meu corpo, não podia perder outro Weasley, muito menos ela, o monstro na minha barriga se revira ao ver o modo como ela me encara, mesmo sem saber o que significa. Aceno em direção aos jardins, tentando dizer a ela para me encontrar lá, com sorte, ela entende e segue a direção sem chamar atenção, e eu faço o mesmo, realmente não queria estar em meio a toda aquela comemoração, muito menos sendo o centro das atenções, acho que mereço um descanso.
Encontro Gina sentada mexendo curiosamente na ponta de seus cabelos, ela não percebe minha presença mas mesmo assim me sento ao seu lado,
— Gina? — chamo seu nome e ela parece lembrar o motivo que a trouxe até os jardins de Hogwarts durante tremenda comemoração.
— Ah, oi Harry. — ela me olha de relance e volta a brincar com seus cabelos — Qual o motivo de me chamar até aqui? — Isso era uma pergunta que nem eu mesmo conseguia responder.
— Na verdade não sei, só queria sua companhia ,— então me lembrei dos fatos que ocorreram no dia de hoje — a propósito, sinto muito pelo Fred, não queria que tivesse sido assim.
— Harry, não se culpe. Fred, assim como toda família, sabia no que estava se metendo quando entrou no castelo hoje, acho que foi uma morte nobre, pelo menos. Entende? — escutei tudo que ela falou mas mesmo assim ainda me sentia culpado pelas baixas do dia.
— Entendo mas acho que eu ainda poderia ter feito algo difer... — fui interrompido por Gina, que agora me olhava piedosamente.
— Vamos falar de outra coisa, que tal? Falaremos dos mortos nos funerais.— ao escutar isso baixei minha cabeça. Achei a ideia de Gina um tanto fria no início porém me dei conta que ela estava certa, não podíamos fazer nada pelos mortos e falar deles no momento só nos trazia tristeza. Levantei meu olhar em direção ao dela e ficamos nos encarando por algum tempo até que vi uma lágrima solitária descer dos olhos de Gina, o que fez com que uma lágrima caísse dos meus olhos também, ela me olhou copiosamente e limpou minha lágrima fujona com a ponta dos dedos, eu repentinamente a envolvi em um abraço, não sei nem porque a abracei tão de repente, esse abraço que me fez sentir completo, se tudo na minha vida estive envolvido pelos meus braços e nada me faltasse, eu estava confuso com o fim da guerra e agora com tudo isso que estava sentindo por conta de um simples abraço, acabei ficando mais confuso ainda. Nos mantivemos abraçados como se dependêssemos disso por um longo período de tempo até eu perceber que Gina adormecera em meio ao conforto, não querendo acorda-lá encostei minhas costas à árvore e me deixei levar pelo sono também, estava tremendamente cansado e precisava dormir, além de que, o sono talvez me ajudasse a entender o que a ruiva deitada em meu peito me fazia sentir.