Capítulo 1 - Eu teria que te matar

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Me sento em uma cadeira na varanda e observo Jamie procurando ovos com seus amigos, acabo por sorrir. Onde moro a tradição é um pouco diferente, mas tudo bem.

Vejo Jamie erguer um ovo, como um troféu, e seus amigos se aproximam pra ver, mas Jamie olha pra mim desconfiado após analisar o ovo.

— Você que fez! — ele diz e eu o olho com falso espanto e ofensa. — Tem o símbolo das Relíquias da Morte.

— Eu realmente estou orgulhosa de saber algo sobre Harry Potter. — eu limpo uma falsa lágrima de orgulho. — Mas o Coelho da Páscoa pode gostar de HP, acorda, pirralho: Não é só uma saga, é Harry Potter!

Jamie me lança um olhar de quem não acreditou, mas coloca o ovo na cesta, o único até agora.

Eu disse pra tia May fazer como fazemos na Austrália, mas não! Vamos esperar que ovos apareçam milagrosamente! Eu acabei escondendo só um, já que Sophie me chamou pra brincar antes de esconder o resto, o que foi bom: Estavam horrorosos de feios.

Sinto uma rajada de vento frio bater em mim e me encolho sob meu casaco, que supostamente é quentinho, arrumo a touca na minha cabeça e tento aquecer minhas mãos as soprando ar quente.

— Ei, você deveria me ajudar! Eu acho que é amiga do Coelho da Páscoa! O ajudou a esconder os ovos. — Jamie fala pra mim e sorrio brincalhona.

— Se eu te contar onde ele esconde os ovos, teria que te matar. — eu sorrio maliciosamente e os amigos dele arregalam os olhos, o que me faz rir. — Apenas brincando aqui. Mas tente em cima da calha, vou amar te ver perdendo mais um dente, pirralho.

Jamie mostra a língua pra mim e eu devolvo o gesto, rindo em seguida. Paro de rir quando vejo o mesmo pegar a escada e apoiar na calha.

— Eu estava brincando! — eu dou um pulo e ando até Jamie. — A tia May vai me matar...

Suspiro e vejo ele pegar algo colorido, mas logo a escada cai pra um lado e estendo os braços, o segurando, mas acabamos caindo no chão, sorte que tinha um monte de neve fofinha para amortecer.

— Vai ter que dividir esse ovo comigo pela queda. — eu reclamo. — Sai, sai, sai!

Jamie levanta e vejo que era apenas uma bolinha de tênis, eu resmungo e pego a mesma, jogando na sua cara.

Seus amigos começam a ir embora e Jamie joga a bolinha pra mim de novo. Observo ele tentar convencer seus amigos a procurar mais, mas acaba levando uma balde de água fria: Eles não acreditavam mais no Coelho da Páscoa.

— Vamos, pirralho. Tenho um cesta de chocolate feito lá dentro e não vou deixar procurar mais nada. Que o Coelho da Páscoa apareça no meio do seu quarto pra te entregar doces. — eu digo e Jamie vem até mim, então o abraço pelos ombros e caminhamos para dentro de casa.

Comemos os ovos em silêncio, com Jamie abatido. O que é difícil, afinal, ele é Jamie Bennett, o incansável animado.

— Se isso é por causa do Coelho da Páscoa, eu posso dar uma surra nele por você. — eu brinco e ele ri, então acaricio seu cabelo. — Assim que gosto, pirralho, agora vai tomar um banho, mesmo no inverno você soa feito um porco.

Jamie me mostra a língua e faço o mesmo, então ele corre escada acima e rio, recolhendo as coisas para lavar. Cantarolo uma música do Elvis e sinto minha tia beijar minha cabeça, enquanto lavo a louça.

— Já mandei o Jamie pro banho, tia. — eu aviso e a vejo se sentar em uma cadeira.

— Você é uma benção, meu amor. — ouço ela dizer e me viro sorrindo para ela. — Vou falar com a Paula sobre você vir morar comigo. É uma ótima empregada.

Estranha Páscoa • A origem dos guardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora