Corações Selvagens

Capítulo 1

Amanda Ferreira © 2024. Todos os direitos reservados. Esta obra está protegida por direitos autorais sendo vedada a sua reprodução para qualquer fim sem autorização do autor.

Plágio é crime!

Capítulo 1

Na semana seguinte eu me sentia entorpecida. Meus olhos pinicavam de tanto chorar ao me despedir de Laura. Eu não era boa com despedidas. Sentia que estava deixando uma parte minha para trás.

Dizer adeus ao Sr. Benedito e Sra. Cida, da vendinha em que eu trabalhava desde os 16 anos, também não foi nada fácil. O casal chorou horrores, enquanto me abraçavam fortemente.

Contudo, enquanto estava relaxada no banco passageiro do carro, observando a paisagem ao redor, percebi que meu coração não estava tão vazio afinal, por que ele também estava cheio de esperança. Esperança de um novo começo para mim e minha tia.

Sra. Cida havia montado uma cesta repleta de coisas que eu gostava, como forma de levar um pedacinho deles comigo. A cesta estava em minha posse na frente, afinal o Fiat Uno estava abarrotado de malas e sacolas, não havia um centímetro de espaço disponível. Olhei para a cesta montada com capricho e repleta de guloseimas, e sorri com o coração cheio de carinho e gratidão.

Enquanto isso, ao meu lado tia Isis estava radiante, o cabelo curto balançava com a brisa que entrava pela janela entreaberta do carro. Não parecia nada abatida pelas quase 20 horas de estrada que estávamos enfrentando indo de um estado para outro. Do litoral para o centro do país, em uma cidade abrigada pelas montanhas.

– Estou tão animada querida! – exclamou.

– Humm... por que será, hein?!

Tia Isis teve a decência de corar ao olhar para mim.

– Por... por estarmos de mudança é claro!

– Tenho certeza que reencontrar seu amigo Conrado, não tem nenhuma relação com isso!

Sorri ao notar suas bochechas ainda mais coradas.

– Já era hora de você arrumar um namorado...

– O quê? – guinchou – Eu... eu estou indo pela oportunidade maravilhosa de emprego e...

– E um namorado seria um bônus. – repliquei, dando de ombros.

Tia Isis pigarreou sob meu olhar atento.

– Talvez ele já tenha uma namorada... vai saber.

– Tenho certeza que não...

– Que sobrinha impertinente essa minha! – replicou mordendo um sorriso.

Devolvi o sorriso satisfeita. Era raro ver aquela leveza nos olhos dela. Esse era o motivo da esperança em meu coração, um novo começo à mulher maravilhosa que me criara.

Isis Lopes era uma guerreira.

Eu havia caído em sua vida de paraquedas, após a morte da minha mãe, e apenas com vinte e cinco anos ela assumiu a responsabilidade de me criar sozinha. Eu sabia que não havia sido fácil assumir tamanha responsabilidade, já que meus avós haviam falecido antes mesmo de eu nascer, e ninguém conhecia meu pai ou sua família, já que Diana, minha mãe, nunca tocou no assunto.

Tia Isis teve que trabalhar muito para conseguir suprir todas as despesas, mas eu sabia que ela faria tudo de novo se fosse preciso. Ela era uma cozinheira magnífica e trabalhava em um restaurante na cidade. O salário não era ruim, mas o custo de vida era alto, não sobrava muito com as despesas da casa e o aluguel, isso sem contar os custos com dermatologistas e medicamentos dos quais eu, periodicamente, necessitava.