01. Memories

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Acordo com o insuportável toque do alarme. Mais um dia, ou melhor... mais um inferno. Pode parecer apenas mais um draminha estudantil por odiar a escola, ou até mesmo mais uma menininha dramática que se passa o bastante para ser o centro das atenções fazendo com que todos sintam pena. A) As coisas não são bem assim... Tenho meus motivos pra achar que a vida é esse verdadeiro inferno. B) Não quero e nem preciso da pena de ninguém.

Sem ânimo algum, levanto-me da cama, calço os chinelos e vou em direção à janela. Abro-a e a claridão ilumina as paredes lilás do meu quarto. Pego a toalha no cabideiro de parede ao lado do enorme guarda roupas branco e vou em direção ao banheiro, me dispo, abro o box de vidro e entro em baixo do chuveiro. É tão relaxante sentir aquela água quente escorrer pelo corpo, é uma sensação de estar flutuando em meio de uma calma tempestade. Seria mais relaxante se não começassem as memórias em minha cabeça, memórias nos quais são o motivo da minha tristeza, essas malditas memórias que tornam minha vida um verdadeiro inferno a cada dia que se passa. É uma dor tão real, ah meu Deus! Como queria que fossem apenas pensamentos... Sinto como se uma adaga entrasse em meu peito cada vez que lembro do que aconteceu. Ainda não superei o acontecimento, ontem fizeram 3 meses de sua morte, ainda não posso acreditar que ele se foi. Fico sem chão como sempre, não agüento mais todo esse sofrimento, só quero que pare... Por favor! Eu não posso com isso, esgorrego as costas pela parede gélida e sento no chão, lágrimas já deslizam pela minha face. Eu o amava e ele me deixou, na verdade a vida o tirou de mim. Vida cruel esta.

FLASH BACK √ |16-08-2014|

Estou deitada com o notebook na barriga e ouvindo musica no meu ipod, quando vejo alguém abrir a porta, desvio meu olhar rapidamente para lá, é minha mãe.

- Anne, faz um ano que estou batendo a porta e você não abre! - Disse ela.

- Desculpa, mãe. A música estava muito alta, mas o que houve? - Pergunto.

- O Tyler está lá em baixo, veio te ver.

- Pede pra ele subir.

- Tá bom. Tô de olho em vocês viu, dona Anne? - Disse minha mãe com um tom de aviso. Tenho 16 anos mas ela me trata como se tivesse 11, mães são todas iguais mesmo...

Fecho o notebook e ponho na penteadeira que fica ao lado da cama, paro a música que está tocando e espero Tyler vir. Ele abre a porta, vejo logo seu grande sorriso ao me ver. Todos os dias vejo esse sorriso, porém, não me canso nunca. Amar é isso, ver alguém todos os dias e não se cansar, apenas se apaixonar mais e mais a cada dia. Ele vem em minha direção e senta-se na cama, ao meu lado.

- Boa tarde, Annezinha. - Disse ele depositando um beijo em minha testa.

- Ótima tarde, meu amor. O que faz aqui por esta hora? Não deveria estar na escola? Ainda são 14:13.

- Não teve aula hoje, reunião do congresso, algo assim.

- Ah, entendi. Bom, então melhor para nós! O que vamos fazer hoje? Algum plano? - Perguntei entusiasmada. Eram poucas as tardes que passavámos juntos, pois como estudamos em turnos opostos, fica meio difícil.

- Pensei em ir fazer um piquenique na cachoeira do holandês. Que tal?

- Ótima ideia. Vou arrumar a mochila e você vai lá em baixo falar com a dona Ester para preparar algo de comer pra a gente levar.

- Tá certo. Você e essa mania de chamar sua mãe de dona Ester...

- É mania mesmo. - Digo rindo. Ah, e não esquece de pedir pra ela por em uma cesta! - Grito enquanto ele desce as escadas que vão de encontro a sala.

Finding New LovesOnde histórias criam vida. Descubra agora