365 days

Queima

Kim Namjoon

Eu havia começado a trabalhar em um projeto com Daejung hyung faziam algumas semanas. Nós ainda estávamos montando tudo, mas, as coisas estavam começando a fluir e a ideia era o que mais me fazia ter gás para continuar fazendo.

Um computador voltado para crianças, as quais não tem uma boa condição de vida, repleto de programações – o qual iríamos aprimorar durante o encaminhamento do projeto – poderem estudar. Minha ideia inicial era essa, só que a ideia de Daejung de fazer programas da nossa própria empresa fez tudo ficar melhor. Eu até mesmo havia deixado meu antigo projeto de lado.

O relógio marca quase 20 horas da noite e por mais que meu corpo esteja implorando para que eu descanse, após ter ficado tanto tempo sentado na cadeira do meu escritório, preciso mostrar um esboço do projeto para meu pai. Inseguro, eu pego os papéis com as ideias escritas e saio da sala observando o meu andar mais vazio do que o normal já que alguns funcionários estavam indo embora aos poucos.

Entro dentro do elevador e aperto o botão do último andar, o qual tem o escritório do Presidente. Meu pai.

Assim que as portas se abrem, respiro fundo e ando em passos lentos enquanto assobio uma música qualquer fazendo meu caminho. Olho para o lado de fora da empresa e observo a Lua em seu ponto mais alto do céu.

E com um sentimento dentro do peito, o qual eu jamais pensei que pudesse sentir, eu acabo abrindo um sorriso quando lembro de Jisoo. As coisas mudaram demais entre nós, mas, sinto que elas já não são mais as mesmas desde a nossa dança no aniversário de Momo.

Pelo menos para mim.

E confesso que tenho medo de que isso atrapalhe nossa amizade que surgiu faz tão pouco tempo.

Mas, sou obrigado a parar de pensar nisso quando me aproximo mais ainda da sala de meu pai. Só que fico confuso ao ver que a porta está aberta, penso em dar um passo a frente e entrar. Porém, a conversa que escuto faz com que eu pare no mesmo lugar.

– Eu não quero mais saber e nem encontrar você mais, o que tínhamos já acabou. – Meu pai fala de maneira frívola e percebo que está ao telefone. – Isso foi há anos atrás, eu tenho uma família agora. Uma esposa e dois filhos... – Continua. – Se é dinheiro o que você quer... – Ele diz. – Não, você não vai conseguir fazer isso.

– Irmão? – Dou um pulo quando escuto a voz de Jennie atrás de mim e assim que me viro para trás, ela me olha confusa. – Estava ouvindo a conversa do pai escondido, é? – Minha irmã mais nova pergunta com um sorriso acusador.

Coço a nuca sem jeito.

– Jennie...

– Namjoon, há quanto tempo está aqui? – Agora é meu pai quem pergunta, olho para ele que me olha desconfiado.

– Acabei de chegar. – Minto. Mesmo que pelo meu olhar e a pergunta de Jennie ele saiba que escutei tudo.

Jennie ri para quebrar o clima estranho que se instala.

– Só vim aqui para pegar a chave de casa que deixei em cima da sua mesa, pai. – Jennie já se explica e rapidamente passa por nós dois entrando na sala de nosso pai. Vejo que ele lança um olhar sério em sua direção.

E fico intrigado mais uma vez. Agora pela maneira que ela trata nosso pai, assim como o jeito que ele a olha. Mas, nunca foi apenas eu que tive alguns problemas com ele e minha irmã mais nova pode provar isso.

Eu e Jennie somos totalmente diferentes em diversos aspectos da nossa personalidade mas, não há um momento que eu não lembre sobre o quanto unidos nós somos. Lembro das vezes que nossos pais começavam a brigar – em uma época conturbada no casamento dos dois e que até mesmo lembro de ver minha mãe assinando os papéis de divórcio – minha irmã entrava dentro do meu quarto com os olhos repletos de lágrimas, eu fazia lámen para nós dois e a abraçava quando ela ficava com medo daquelas discussões. Ela é a minha melhor amiga.