- Tinha que ser você!
- Oi pra você também Mark. - ouvi os passos do loiro baixinho se aproximando de mim.
- Minha mãe comentou que você ia vir hoje, mas não sabia que ia aprontar logo na entrada. Pobre moça... - ele arrumava o óculos antes de me encarar sério.
- Ah. Foi só uma louca que topou em mim. Agora ela vai aprender a olhar pra onde anda.
Segui em direção ao corredor que levava a minha sala com Mark ainda me seguindo.
Mark era meu melhor amigo, nos conhecemos ainda no fundamental.
É até engraçado, um valentão como eu sendo amigo de um nerd todo certinho.
Acontece que eu nunca fui um cara comum, nunca gostei de bajuladores e sempre fiz o que eu quero.
E Mark ... bom, eu só fui com a cara dele mesmo.- Soube que você foi preso ontem de novo. O que aprontou dessa vez?
- Já faz três meses que não nos vemos e você ta informado demais pequeno Mark. - lancei um olhar curioso ao menor - Por acaso ta me stalkeando?
- Não tenho tempo pra isso seu idiota! É só que... sua mãe anda falando muito com a minha.
- Ah deixa eu adivinhar: minha mãe pediu pra sua pra ela lhe pedir pra falar comigo, me dá conselhos, me levar pro caminho do bem e bla bla bla...
- Não foi bem assim, porém quase isso...
- Nem perca seu tempo Mark, ninguém vai conseguir me mudar. Sabe por que? - me aproximei do ouvido dele e disse - Porque eu não quero.
Continue a andar, passando da minha sala deixando Mark lá parado com cara de quem levou um tapa.
Eu odiava quando as pessoas se metiam na minha vida, odiava ter que ouvir as opiniões delas sobre como eu devia agir, odiava tudo e todos.
Chutei a lata de lixo a minha frente e entrei em um outro corredor que levava a saída. Já tinha sido demais para mim, já era hora de sair pra esfriar a cabeça.
Que droga, agora não tenho carro, não dá pra esfriar a cabeça andando de táxi. O problema que pra eu ganhar um novo, eu vou ter que me sair bem aqui... acho que uma semana resolve esse problema. Não tenho outra escolha a não ser voltar pra sala.
Entrei e todos me encaram, sentei no ultimo lugar vazio que ficava bem atrás, em um canto. As vezes alguns viravam e olhavam para mim, eu até estava tranquilo ali... dava pra aguentar.
Depois de mais de uma hora e meia, finalmente acabou. Eu já estava saíndo quando Mark apareceu.
- Vamos, eu te dou uma carona.
- Ah claro, você também sabe que estou sem carro.- Sei. Só não sei o que exatamente aconteceu ontem. Vai me contar? Aliás, vai me contar o que aconteceu com você nesses ultimos três meses? Dizem que você ficou pior...
- Nada sério, só apostei meu carro e perdi. Briguei com os caras que ganharam ele e depois eles me denuciaram por eu bater neles e quebrar umas garrafas de wisky caro e não querer pagar. Me prenderam por essa besteira, acredita? - bufei irritado.
- Ah claro, você não fez nada. - ele começou a dirigir enquanto eu mexia no som do carro.
- Eu não to afim de ir pra casa, podemos só andar por aí?
- Sim, quero mesmo matar a saudade desse meu amigo sem juizo. - sorriu fraco como se tivesse medo de algo.
- Mark...
- O que?
- Você tem medo de mim?
Ele me olhou surpreso com a pergunta e em seguida sorriu meio sem graça.
- Claro que não idiota! Por que eu teria?
- Sei la, você ta esquisito. Não que você não seja, você só ta... muito esquisito. Ta afim de mim?
- O que? - agora ele sorriu de verdade - Nossa, muito gostoso você, to apaixonado demais, sonho com você todas as noites, eu te amo! - a ironia era presente em cada palavra dita.
- Hum. Eu sei. - olhei com os olhos semicerrados para ele. - Só queria que confirmasse. Eu sou gostoso.
Mark era gay, e isso nunca atrapalhou em nada nossa amizade, pelo contrário. Ele era como um irmão pra mim e eu sempre o protegia, as vezes enchia o saco dele com esses assuntos mas sempre foi por pura diversão.- Eu te amo Kevin. - me disse sério. - Eu espero que você cresça logo e pare de fazer todas essas merdas que você faz, você é inteligente, bonito, rico... eu juro que nunca entendir o porquê dessa sua rebeldia sem causa.
- Iiiih la vai começar... se for pra ser assim, para o carro que eu já vou descer. - respondi irritado.
- Ke...
O interrompi.- Escuta Mark, eu também te amo e você sabe, super te considero, mas não quero você enchendo meu saco com esse assunto. Da pra esquecer isso e parar de ser meu pai? Que droga! Eu to cansado de tanto ouvir essas merdas! Isso me irrita! Eu sou assim e sempre vou ser assim, se não gosta, pode cair fora.
- O mesmo grosso de sempre... - parou o carro e percebi que estavamos em sua casa. - vamos, você precisa comer.
Eu estava mesmo com fome.