Todos os dias eu me perguntava, "como será ficar vinte e quatro horas em casa, apenas indo para sacada e ouvir histórias de vizinhas chatas?" Penso que enlouqueceria, só em pensar que não teria a liberdade de ver o pôr do sol em uma praia, ou até mesmo andar em um ônibus lotado. Ter que tomar pouco guaraná, porque o médico restringiu.
Porém, a arte de viver supera os pensamentos ruins, imagina Dona Analice. Setenta e sete anos de histórias e conhecimentos vividos. Tantos amores envolvidos e lugares vistos.
Em uma noite, fui visitá-lá em sua casa, perceber a alegria de Analice quando tinha acabado de receber a visita de seu médico particular era de abrir sorriso em quem visse. "Nunca mais havia visto um homem tão lindo assim" ela disse.
Por um lado envelhecer vira uma arte, a parti do momento de que você aproveita cada segundo da sua vida. Imagina a gente daqui a trinta anos, com uma vida feita, empregos bons, filhos, marido e tanto conhecimento absorvido. Talvez, apenas talvez, envelhecer não seja ruim, evitar estar perto e andar por lugares ruins deve ser um alívio!
Porém, com a idade vem os problemas, as dificuldades de se locomover ou a dificuldade de identificar os nomes dos remédios. Depender de alguém pra ir ao banheiro, para comer, para andar. A palavra "Depender" me assusta, viver sempre encostada de alguém ou implorar por atenção dos filhos e netos.
A vida é uma tela em branco, e ao passar dos anos nos pincelamos com cores diferentes. O envelhecimento é o fim da arte, onde paramos para perceber o quão aprendemos ao longo da vida. Não tenha medo de viver, muito menos de envelhecer.
Viva como Analice, os pequenos momentos são os que ficam.
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Analice
Short StoryA velhice chega para todos, mais como você vê ela? Positivo ou Negativo? Analice viveu setenta e sete anos de histórias e amores vividos. Talvez, Apenas talvez, não seja tão ruim assim.