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Eu não estava triste porque estava chovendo, mas também era porque está chovendo. Eu não queria sair de casa, não hoje, mas Louis resolveu me salvar – como ele mesmo disse.

Meu dia começou alegre e ensolarado, eu tomei um smoothie de morango e sai para o trabalho ás oito horas em ponto. Estava tudo certo no batalhão, não houve nenhuma emergência durante a madrugada e todos os homens estavam sentados na garagem tomando café e conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Estava tudo certo.

Acabei saindo mais cedo, afinal eu tinha cumprido vários dias extras durante os últimos meses. Saí tão cedo que programei de passar na casa de Sophia para dar um 'oi' e talvez estender a noite em algum restaurante. Estava tudo certo.

''Te vejo amanhã baby.''

Foi o que ouvi ao subir o primeiro degrau da entrada do antigo apartamento de Manhattan onde Sophia, minha namorada, morava.

De primeira pensei "a o amor" e que provavelmente se tratava de um casal jovem se despedindo depois de passarem a tarde juntos se conhecendo, mas assim que encarei a grande porta de vidro, sorrindo por conta de meu pensamento, me deparei com um homem de cabelos loiros e pele clara, ele se despedia de uma mulher vestindo apenas uma blusa social masculina branca.

Não sei se foi meu subconsciente ou apenas a negação, mas a primeira coisa que pensei foi ''conheço essa blusa'' e foi logo depois desse pensamento ridículo reparei que havia um L bordado de vermelho na lapela constatei que se tratava de minha blusa, aquela que havia deixado na casa de Sophia no último domingo.

Sophia me encarou assustada e o homem loiro passou por mim rapidamente, ele não percebeu nada do que estava acontecendo, pobre coitado.

"Liam?"

Sophia devia estar muito atormentada, pois seu cérebro de linguista somente conseguiu formar meu primeiro nome, nada mais, nada a menos.

"Eu não quero a camisa de volta."

Eu ouvi Sophia gritar pelo meu nome e também identifiquei algumas frases prontas que toda pessoa que é pega traindo fala quando é descoberta, mas eu não tinha forças e vontade de discutir no momento. A minha ex-namorada infiel não iria me seguir, ainda mais vestida daquele modo, então virei na rua que iria me levar direto a estação do metro e fui para casa.

Pode soar estranho, talvez macabro, mas quando pisei no meu apartamento uma chuva torrencial começou sua dança pela cidade, com o calor que estava mais cedo eu até entendia. O que me restou foi trocar minhas roupas justas e sociais por um conjunto cinza de moletom, eu estava pronto para lidar com tudo isso. De repente o antigo sofá laranja, doado pela minha tia-avó, se tornou o melhor lugar do universo. Foi nesse sofá que minhas malditas lágrimas se misturaram com a chuva que cai lá fora.

Estava tudo certo.

Até Louis chegar.

Louis não aceitava o meu drama, ele disse que tudo era uma questão de ponto de vista, e para ele Sophia tinha me libertado.

"Eu não estava preso em um relacionamento Louis."

O homem revirou seus olhos azuis e deu de ombros, ele caminhou em direção ao meu freezer e tirou um pote de sorvete zero lactose.

"Você quer ficar sentado nesse sofá feio tomando esse sorvete ou quer aproveitar essa chance que a vida está te dando de recomeçar?"

Meu amigo conseguia ser mais dramático que eu, isso que se ganha por andar com atores da Broadway.

"Só não me leve para algum lugar muito sujo."

O sorriso de Louis significava que ele havia vencido a batalha.

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