A Fulga

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O relinchar dos cavalos me desperta, embora não estivesse enxergando nada. Estou sendo levado para algum lugar, talvez seja essa a minha sentença, feito refém de uns orcs malditos que me capturaram enquanto dormia.
A carroça para de se movimentar.
-Abram os portões! -Ouço uma voz gritar vindo do alto, mas não parecia com voz de orc, para onde estão me levando?
Um estalo de rédeas e os cavalos voltam a puxar a carroça.
-O que vocês orcs fazem por esta banda do reino?
-Cale a boca, não falo com soldadinhos reais, nos levem até seu comandante! -Uma outra voz, porém mais rouca, quase fantasmagórica, certeza que era Ulric, aquele miserável vem me caçando há luas, como pude baixar tanto a guarda assim?
-Dobre a língua para falar comigo seu orc! -Respondeu o guarda. -Agora me siga e não tente nenhuma gracinha.
Sou agarrado bruscamente pelos dois braços que estavam amarrados pelo pulso.
-Ei, cuidado aí orc! -Faço um protesto em tom irônico, depois só lembro de me curvar de dor depois do golpe bem na minha tempora.
-Esses elfos se acham superiores... -E foi a última coisa que ouvi antes de apagar.
Mais uma vez acordo, já estou preso a uma berlinda, a minha frente vejo Edward, príncipe de Wildhelm.
-Ora, ora! Lufoy, o elfo laladino. – Disse o sujeito de estatura mediana, cabelos castanhos e olhos verdes, sua voz era aveludada do tipo que fazia qualquer garota do reino se derreter, me enojava tanta formalidade naquele ser. Apenas um humano que tinha o poder da coroa. -Meu pai pagará uma fortuna pela cabeça desse amiguinho aqui. -Completou o emgomadinho.
-Não quero saber de enrolação humano, traga meu ouro! –Vociferou Ulric sacando suas lâminas duplas e apontando uma delas em direção à Edward. O maior caçador de recompensas de toda a província, maior literalmente, media quase 3 metros de altura, suas enormes presas amostra e aquela cicatriz no olho esquerdo, que faz ele me odiar tanto.
-Olha eu não sei vocês, mas tenho um compromisso mais tarde, se puderem me soltar daqui. -Digo, com um sorriso amarelo.
-Amordacem esse sujeito! -Decretou Edward.
-Sér... -Mal termino de falar e um pano sujo foi amarrado em minha boca.
-Já não tenho mais tempo principezinho, quero falar com César, o "rei" disso aqui. -O orc fez um som de sarcasmo enquanto pronunciava a palavra rei.
-Meu pai está ocupado demais para teus teatrinhos Ulric. Guardas! Prendam esse orc e seu bando, eles estão longe demais de suas terras. -Disse o emgomadinho em bom tom para todos em volta ouvir.
Logo uma movimentação de uns vinte guardas reais acontecia em direção aos orcs.
-Miserável! É tolice pensar que irá me pegar assim tão fácil. Ulric corre em direção à um diminuto guarda e num simples golpe, amputa seu membro que outrora empunhava uma espada. -Hunemc, avadoen! -Rosnou, o enorme orc e rapidamente uma grande confusão foi instalada ali. Edward vendo aquela barbárie se embrenha meio a uma dúzia de guardas que o escoltariam dali. Enquanto isso o grupo de cinco orcs lutavam ferozmente contra a guarda real. Com sangue respingado sobre seu massivo corpo, Ulric rugia e com o olhar de uma besta, fincava suas lâminas nas entranhas de outro guarda.
-Yeten voqu! -Ordenou aos seus lacaios, que em poucos golpes se livraram de todos os guardas remanescentes e focaram os ataques aos comércios os arredores e os cidadãos em pânico entregavam todo o seu ouro.
Meio a toda essa chacina e reboliço um hábil anão se esgueirava pelas sombras.
-Pss! Está precisando de uma mãozinha amiga aí? -Se dirigiu o diminuto ser à Lufoy.
-Chisra?! Ora seu anão de 1/4 de tigela, tire-me daqui logo!
-E como sempre eu te livrando das enrascadas ein?! -E Chisra saca seu machado de suas costas e golpeia precisamente o cadeado, libertando o elfo.
-Mais um pouco preso aqui e eu iria ter que visitar o curandeiro mais próximo.
-Ande logo orelhudo, temos que correr daqui antes que nossos amiguinhos ali nos notem.
E não demorou muito para os orcs avistarem, os dois prestes a escaparem.
-Senhor o elfo está escapando. -Um lacaio de Ulric disse.
-Peguem-no a cabeça desse miserável ainda vale algumas moedas de ouro noutros mercados.
Enquanto Ulric e dois de seus lacaios fugiam da cidade com todo o saque, os outros dois foram atrás de Lufoy e Chisra, que dispararam entre as barracas de vendas.
Antes de dobrarem numa viela e quase serem capturados, um vendendor de queijo entrou no caminho. O anão por sua baixa estatura escorregou por debaixo da carroça, já Lufoy esguio e ágil, saltou entre os queijos e a cobertura que os protegiam, assim o aldeão ficou no caminho dos orcs, que por sua vez, estraçalharam a pequena carroça com seus corpos como se fosse feita de papel.

-Aaaah, os meus queijos! -Gritou em desespero aquele pobre aldeão.
Lufoy e Chisra dobraram em mais uma esquina, porém sem saída e os dois amigos se entreolharam.
-Ah não! Você não vai me jogar de novo, Vai? Você sabe que eu odeio isso. -Em tom insatisfeito.
-Seja rápido antes que nos alcancem, pegue distância e eu o jogarei por cima do muro.
-Isso não vai acabar bem. -E o diminuto careca dá alguns passos atrás e corre em direção à Lufoy quem com apoios de mãos jogou o anão para o alto com toda sua força, não tão forte ao ponto de faze-lo passar direto pelo muro de uma só vez, pelo muro ser tão alto e Chisra ficou pendurado e depois de algum esforço conseguiu chegar no topo, olhou para baixo e avistou um monte de feno amontoado e então se jogou.
-Ali está ele! -Apontou os orcs, Lufoy ligeiramente pulou de uma parede para outra até chegar no topo do muro e antes de pular para o outro lado, deu um sorriso e um adeusinho sarcástico.

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2019 ⏰

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