Vida em Sonho

{Cap. 2} A Primeira Surpresa - Evolução da história.

O despertador tocou - 5:20 da manhã - e me lembrei que ainda precisava levantar da cama e me arrumar pra ir ao trabalho. Tudo parecia estar mudando, mas isso seria talvez uma das únicas coisas que não mudariam tão cedo.

Ao me sentar na beira da cama, forcei colocar as idéias no lugar; Segunda-feira não é um dia tão fácil, embora goste muito.

Minha cabeça insistia em voltar à casa da praia, a casa que ví no domingo. Aquilo começou a me incomodar, mas procurei dispersar.

Me levantei de verdade, fui ao banheiro, tomei um banho quente e escovei os dentes. Fui ao closet escolher uma roupa, mas me sentia estranho ainda, meio atordoado.

Correndo os olhos nas roupas, escolhí sem demora uma calça jeans skinning, de um azul pouco escuro, uma camiseta gola v branca, sapatos brancos e um blazer 'creme'. Me vestí, arrumei o cabelo e descí pra tomar café. Chegando à sala de jantar, só meu pai estava sentado à mesa, e com uma xícara de café, nada mais. Estranhei, pois já passava das 6 da manhã; Minha mãe e minha irmã ainda não estavam lá. O clima parecia estranho. Então dei um bom dia, e o diálogo se abriu.

- Bom dia Vic.

- Aonde estão elas, pai?

- Sua irmã, provavelmente se embelezando só pra ir à escola. Ainda não entendi o motivo de tanto se arrumar, se vai passar pouco mais de cinco horas dentro de uma sala de aula. Sua mãe está no escritório, disse que iria rever alguns documentos; Nossa viagem é hoje.

- Ah, sim. Hoje provavelmente terei um dia cheio também. Estamos terminando a capa deste mês; Encerrar uma edição é como uma turbulência num vôo. Chego em casa como se tivesse batalhado com um exército.

Então meu pai tomou um gole de café, suspirou, e disse que gostaria de falar comigo à respeito de algumas coisas.

- Quero aproveitar enquanto elas não estão aqui; Como um momento só nosso. É de comum interesse, filho. Mas é um assunto que deve ser tratado por nós dois.

- Diga, pai. - disse com um ar de assustado. Essas preparações do meu pai às vezes me assustam.

- Vejo você trabalhando nessa revista, e se dá por inteiro nesse trabalho, se entrega ao editorial como se fosse parte de você; Admiro isso em você, não sabe o quanto. Mesmo que não precise trabalhar, você o faz com prazer, faz por gostar do que faz.

Ele estava certo. Essa revista sempre foi uma das coisas que mais amei na minha vida, desde que passei a trabalhar diretamente com o desenvolvimento dela. Sem contar que, na equipe do editorial, estavam os meus melhores amigos, os meus companheiros de todos os dias, até aqueles mais próximos, que eu poderia tratar de 'cúmplices'.

Encontrando essa equipe, fazendo o mesmo trabalho que o meu, sendo meus amigos também, me faz gostar mais ainda.

- Mas acontece que, eu e sua mãe trabalhamos muito também; Trabalhamos desde antes de você e sua irmã nascerem, e fizemos tudo isso, chegamos aonde estamos, pra deixar todo esse patrimônio pra vocês dois; Com a intenção de que vocês tenham uma vida muito melhor do que eu e sua mãe tivemos. Por esse motivo, gostaria muito que você se aproximasse mais de todo esse nosso trabalho, que desse todo a sua disposição também, tal como na revista. Não ficaremos aqui pra sempre, Vic. Você sabe disso; E gostaria que você continuasse esse trabalho, que deu tantos frutos até hoje.

Eu entendi meu pai, de certa forma. Mas esse era um assunto que eu não queria me envolver; Pelo menos por enquanto. Nos meus 18 anos, tinha meus segredos, meus sonhos, meus objetivos... Não quero me entregar à um trabalho nesse tamanho dessa forma, precisando, por obrigação, deixar de lado boa parte da minha vida. Quem sabe mais tarde.