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Yuna sempre foi um prodígio em termos de assassinato sobrenatural. Desde que meu mestre a encontrou, ele afirmou que a guria tinha um potencial incrível e assustador, que poderia tender para o lado do controle ou do descontrole. Em outras palavras, ele quis dizer que a atual Assassina de Youkais poderia evoluir de maneira brilhante, mas que poderia perder o controle de suas habilidades e se tornar uma máquina de matar. Ela era naturalmente selvagem, afinal. Além de nascer do cruzamento de uma youkai e um soldado americano, Yuna viveu por alguns anos com não se sabe quem, vagando Japão à fora. Esses fatos somados levaram a meu mestre fazer escolhas minuciosas no treinamento da guria, sabendo que a mesma detinha um forte desejo negativo em relação a raça youkai, e principalmente à sua própria mãe.

Dentre suas decisões para lapidar o disforme talento da Assassina de Youkais, meu mestre a colocou para treinar com Tetsu Tetsuya, o Assassino Intocável. E, à primeira vista, eu sei, pode parecer uma péssima escolha deixá-la para ser doutrinada por um poço de arrogância e prepotência como ele. Porém, a ideia de deixar Yuna conviver com alguém mais selvagem que ela, parecia ser boa. Tetsu, além de ser um exímio artista marcial e uma lenda do assassinato, era alguém que tinha um autocontrole excepcional.

O Assassino Intocável ensinou para a guria muito do que ela sabe sobre artes marciais, já que o aprimoramento de seus poderes ficou à cargo de meu mestre.

Depois de um tempo, os dois acabaram se envolvendo mais profundamente.

Se tornaram dois coelhos.

Mas isso não vem ao caso.

O importante aqui é o que importa. As habilidades assombrosas de Yuna em relação as artes marciais. Especialista em kung fu; karatê; wing chun; ba ji quan; judô; e capoeira. Ela não só era muito boa em todas, como também conseguia mesclá-las e alterná-las em uma velocidade impressionante. Ela não se prendia a um estilo, ela criava um novo.

Quando você coloca a água em um copo, ela se torna o copo. O mesmo acontecia quando se colocava Yuna em uma situação.

Aquela circunstância no estacionamento não era nada de aterrorizante para a Assassina de Youkais.

Poucas coisas eram.

O combate demorou um pouco para ter início. As combatentes precisavam demarcar a arena. Então, Yuna criou um novo clone, pedindo para que esse fosse comprar tinta spray na loja de conveniência mais próxima.

— Traga tinta vermelha, ouviu? Vermelha. E tome cuidado com o franco-atirador. Verifique se não está sendo observado.

— Certo, mestra.

Nos minutos entre a ida e a volta do clone da guria, ela congelou minha perna ferida, que ainda estava em tratamento, para que eu pudesse me sentar ou ficar de pé. Funcionou bem como um gesso, e foi útil para que eu pudesse assistir a luta de um melhor ponto.

— Perdão, Assassina de Youkais, mas você disse franco-atirador para seu clone?

— Ah, sim. Há um franco-atirador à solta em Akihabara. Inclusive, é o motivo por estarmos aqui.

— Você fugiu de um mero franco-atirador?

— Ei, não. Eu não fugi, foi uma retirada estratégica.

— Claro. Acredito que por conta do ferimento em seu cachorro.

— Exato.

— Guria, não deveria ficar passando informações abertamente...

— Relaxa, seu pamonha. No caso do atirador, ela é vítima como nós. — Ela respondeu mais baixo para mim, e depois voltou ao tom normal para se dirigir à mulher misteriosa. — Escuta, ô do chapéu, você não sabe de nada sobre esse atirador?

Yuna Nate: GreenOnde histórias criam vida. Descubra agora