A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
— Friedrich Nietzsche
— Hyung, por favor, não vai!Gritei para meu irmão mais velho, obtendo apenas um sorriso calmo dele, o que me era estranho já que eu ainda era uma criança e eu não entendia que existiam coisas mais importantes do que eu mesmo e, de qualquer forma, eu também não entendia porquê Jeonhyun estava tão fraco nos últimos meses. Na verdade, eu quase não entendia sobre absolutamente nada a minha volta.
Eu costumava ser uma criança quieta e egoísta. Minha mãe, meu pai e meu irmão eram somente meus e eu odiava a ideia de um dia dividi-los com outro alguém que não fossem meus avós. Então quando meu irmão fechou os olhos que costumavam ser alegres e a máquina de batimentos cardíacos fez um barulho irritante de “pi” constantemente, eu ouvi meus pais chorarem e me abraçarem. Mas mesmo assim, eu não entendi.
Quando meus pais tiveram que enterra-lo, foi quando também me contaram que Jeonhyun estava no céu agora e eu me lembro nitidamente como eu queria xingá-lo de todos os palavrões possíveis por ter me deixado sozinho no mundo mas não poderia pois os desconhecia. Eu era apegado ao meu irmão, todos tinham noção disso.
Mas… Enfim. A verdade é que eu nunca superei a morte do meu irmão.
Nunca mesmo.
Depois desse acontecimento, especificamente há 17 anos atrás, eu me isolei do mundo. Eu tinha criado um tipo de trauma, segundo a psicóloga e os médicos que eu frequentava. Eu não conseguia me aproximar de maneira alguma de alguém quanto me aproximei do meu falecido irmão. Quando alguém perguntava aos meus pais o por quê eu era assim e não brincava com as outras crianças da vizinhança, eu podia sentir de alguma forma a garganta dos meus progenitores se fechar, assim como podia ver nitidamente o quanto tentando se segurar para não chorarem ao explicar a minha situação.
E… Bem.
Era deprimente demais.
Quando a época de ir para a escola chegou, eu me lembro de dizer aos meus avós que me mudaria para a casa deles porque morar com a mamãe e o papai era doloroso e mesmo que eles não me obrigassem a ir para a escola, eu me sentia como se eles o fizessem.
Me lembro de todas as crianças irem sozinhas para a escola, já que todos já haviam aprendido o caminho ou iam no ônibus escolar. Mas eu pedia para que meus pais me levassem, nem que me deixassem na frente do local e depois partissem para seus devidos trabalhos. A verdade era que eu tinha medo de ir sozinho e algo acontecer comigo.
E admito: eu era uma criança medrosa.
Em menos de dois anos depois das aulas começarem, vieram os garotos mais velhos que já estavam no quarta para a quinta série enquanto eu ainda cursava o terceiro ano do fundamental um. Eles me empurravam, diziam coisas más e roubavam meu lanche. Quando comecei a aparecer em casa com alguns hematomas e machucados, meus pais se preocuparam mas eu os acalmava dizendo que não doía para quando eu subisse para meu quarto e o tranca-se, chorasse por horas me lamentando que se meu irmão estivesse ali, vivo, ele me daria alguns cascudos por mentir para nossos pais e me abraçaria depois, diria que me amava e que tudo estava bem.
Pena que não era bem assim.
Jeonhyun não estava mais ali, eu tinha que aprender a me virar sozinho.
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✿ฺ PHO• TO• GRA• PHY ✿ฺ 🏹
Фанфик"O SEU AMOR VALE TODO O SEU DINHEIRO?" No começo de 2028, há 16 anos atrás, Jungkook e Jimin eram melhores amigos de infância que com o passar dos anos foram se tornando algo a mais. Jimin por sua vez fugiu sem nem sequer deixar pistas sobre seu par...