Dúvidas

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Após o passar dos dias, eu não mantive mais um diálogo com Bael, não por não querer, mas por não poder. Sempre que eu tentava ao menor o cumprimentar ele afastava-se e seguia para outro lugar.

Claro que isso consumia minha mente de um jeito que eu não conseguia aturar, mas eu queria acreditar que se ele estava me ignorando, era porque tinha um bom motivo para isso.

Também consegui escrever alguns capítulos para o meu livro e aparentemente tudo estava ocorrendo bem. Eu tinha tudo o que precisava na cabana e o que não tinha Bael trazia.

Bael... Ele não era alguém de muitas palavras, e aparentemente muito menos de sentir. Eu queria pelo menos por alguns segundos o conhecer melhor. Sempre que ele passava por mim com uma expressão neutra, roupas negras e cabelos ondulados, eu me sentia nervoso, eu nunca em toda a minha vida, senti isso por alguém antes, por um homem antes, e eu queria acreditar que essa sensação era causada pelo acontecimento bizarro de algumas semanas atrás, eu precisava acreditar que era.

Eu não suportava mais olhar para os cômodos da cabana, eu queria explorar o centro daquela pequena vila, eu queria conhecer e não passar o resto das minhas férias aqui, acima de tudo eu precisava de inspiração e explorar era o que eu mais queria.

Depois de me arrumar devidamente, pego minha carteira, minha câmera fotográfica que estava dentro da minha mala e uma bolsa de apenas uma alça de cor negra. Desço as escadas da cabana e noto que Bael está na sala assistindo algum tipo de programa de entretenimento, ao ouvir meus passos, ele me encara com um olhar de dúvida, provavelmente perguntando-se aonde eu iria.

Mas eu não iria sequer o dar satisfação. Saio da cabana com o objetivo de conhecer melhor o lugar e dessa vez eu tomaria mais cuidado para não me perder e encontrar coisas estranhas no caminho. Sigo o caminho certo dessa vez e logo vejo a pequena estrada que leva para o centro da vila.

Não leva muito tempo, em torno de vinte minutos eu já estava dentre várias pessoas que falavam alto e olhavam os objetos a que estavam a venda. Aquilo era uma visão realmente satisfatória. Como eu vivia em cidade grande, eu nunca vi esse tipo de "feira" antes, era algo incrível, de fato.

Resolvi me deixar levar e eu era mais um entre aquelas pessoas que estavam verificando objetos que estavam à venda. Eu encontrei um pouco de tudo. Bijuterias, vestes, comidas, bebidas, artefatos e até aquários. Eu me senti maravilhado e com desejo de levar de tudo, mas eu ainda ficaria por um bom tempo naquele lugar e teria tempo para comprar tudo isso antes de partir.

Não pude deixar de tirar fotos do local e ainda tirar fotos com os comerciantes que foram muito gentis comigo, certamente era um dia muito agradável. Depois de tirar várias fotos e comprar comida, eu vejo uma senhora de idade sentada no chão, com apenas um tecido em sua frente e sobre ele estava bijuterias e artefatos, não eram muitos mas eram belos. Me aproximei e me agachei encarando os objetos que estavam a venda. A senhora apesar da aparência, era simpática e comprovei isso porque assim que agachei-me ela me deu um sorriso sincero.

— Eles são lindos.

— São sim.

Fiquei em dúvida em qual escolher, havia colares, vasos, anéis e outros objetos. Eu queria algo simples e que me fizesse lembrar daquele lugar. Coloquei meu dedo indicador e o polegar em meu queixo questionando-me qual eu levaria, e após alguns minutos de indecisão eu realmente havia encontrado um colar que me chamou a atenção.

Ele era da cor cinza e seu pingente aparentava ter uma foto dentro, como se fosse um presente. Aquele objeto chamou minha atenção e eu não pude não pegá-lo. Deixei que ele caísse e mostrasse todo o seu comprimento e ele parecia ser um pouco velho mas ainda assim bonito. Sorri em felicidade pela minha escolha e quando vi a expressão da senhora minha felicidade esvaiu-se.

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