第一章

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"Um movimento errado e sua filha morre."

A voz era baixa e confiante e Uzumaki Naruto nunca, em todos os seus anos de Shinobi, se esqueceria daquela voz. Não era risonha como ele lembrava e muito menos suave. Era um dos maiores ninjas de todos os tempos e seu pai.

Ele também nunca sentiu tanto medo na vida.

Bem, talvez ele tenha se sentido, mas ali, não era o mundo de todos que estava em perigo. Era sua filha.

Era o seu mundo. Um dos integrantes mais importantes da sua vida tinha uma Kunai em sua garganta e Naruto precisava agir com frieza porque era nisso que ele tinha se tornado com o passar dos anos. Um shinobi precisa pensar no todo e não nas suas emoções.

Guarde as emoções, repetia enquanto observava sua filha engolir em seco e fechar os olhos. Boa garota.

Respirando fundo, Naruto virou seu rosto devagar para o homem e, com esforço sobrehumano, fez seu semblante não demonstrar o mar de sentimentos que tomavam conta de sua cabeça. Olhando nos olhos tão parecidos com os seus, que o prescrutavam ameaçadoramente, ordenou sombrio:

"Um movimento errado, Kurama, não hesite em destruir Konoha." Naruto odiou-se um pouco mais por falar tal atrocidade, porém, manteve-se firme. Ali não era sua Konoha.

"Hai" A voz da Kyuubi foi concisa. Séria. Ela estava acatando sua ordem.

E Minato descobriu naquele instante  que o homem descontraído que brincava com o monstro tinha se ido. Aquele era alguém capaz de controlar a bijuu mais poderosa e Minato pensou que, na sua longa lista de vitórias, uma derrota seria, possivelmente, marcada, se enfrentasse-o.

Mas ele era o Hokage. Para proteger seu povo, ele morreria em batalha se isso siginificasse que seu lar estava a salvo. O homem loiro o olhou como se conhecesse o sentimento. Isso confundiu o Yondaime.

"Eu não pararei até detê-lo e selá-lo. Se isso significa que a garota deve morrer, então o farei." O outro loiro tomou uma respirada funda. Pensou com cuidado em suas próximas palavras. Ele não queria lutar contra seu pai e imaginou-se tendo um embate desnecessário, não sabia quem de ambos venceria.

"Aquele Madara ainda está a solta, Kurama está sob controle. Pare de ameaçar minha filha e vá descobrir como sua esposa e o seu filho estão."

A Kunai apertou na mão do homem, poucos milímetros separavam-na do pescoço de Himawari. Naruto implorou em pensamento, Por favor! Largue-a, pai!

Ele analisou suas opções. Questionar como um estranho tinha conhecimento de uma informação tão sigiloso não era a prioridade, embora Minato estivesse, no mínimo, curioso.

Ou apavorada. Diante das circunstâncias era difícil dizer qual dos dois.

"A garota vem comigo."

"Não."

"Isso não é um pedido."

"Ela fica aqui. Comigo."

Houve uma troca de olhares. Azul contra azul. O homem desconhecido não tinha movido um dedo, mas Minato podia ver a veia de seu pescoço pulsar e a mão enfaixada se fechar em punho.

"E se eu apenas sentar aqui e esperar? Você pode ir buscar a pimenta ardente e me prender enquanto debatem."

Kurama interrompeu a troca. Seus olhos estavam treinados na pequena Himawari. Ela parecia tão assustada.
"Confesso que não é uma situação muito confortável para mim, mas eu posso tentar ser um pouco mais flexível. Kushina não se importaria, estou correto?  Lembro que ela ama algemas, certo, Yondaime?"

Foram três longos segundos, que para um homem como o Namikaze era quase uma eternidade, até Minato compreender que a Kyuubi se dirigia à ele.

O olho direito de Minato tremeu ligeiramente. Seu rosto atingiu um tom muito forte de vermelho. Kurama soltou outra estrondosa gargalhada .

"MINHA FILHA ESTÁ ESCUTANDO, SEU DESGRAÇADO." Sibilou o outro loiro. O momento de tensão se esvaiu um pouco mediante a declaração da bijuu.

"Como-?" A voz de Minato foi cortada.

"Eu fico quieto, mas não significa que eu não vejo tudo que meu jinchuuriki vê."

O homem loiro resmungo um pouco, como se a informação não trouxesse boas lembranças.

Minato estava tão desnorteado naquele momento. A raposa continuou seu discurso.

"É suficiente. Solte-a e Konoha ficará segura, mate-a e eu destruirei tudo que vir pela frente."

"Ameaças não são bem recebidas de onde eu venho." Sussurrou o Namikaze. O homem ao seu lado ergueu uma sobrancelha. A situação era tão absurda.

"Engraçado você citar isso quando está ameaçando uma criança inocente."

Minato decidiu-se. Soltou o aperto da garotinha e puxou a Kunai para longe de seu pescoço.

A pequena menina era morena e baixinha. Seus brilhantes olhos azuis viraram em direção ao seu pai que abraçou-a no instante em que seus olhos encheram de lágrimas.

"Está tudo bem, pequena." A voz do monstro foi suave e ela assentiu.

"Pode sair, Sasuke." O homem loiro resmungou e, em poucos segundos, Minato sentiu a presença de outro homem atrás de si. Sua Kunai levantou-se instintivamente mas o outro desconhecido agarrou-lhe o braço. Veloz hum?

"Estamos aqui em paz, senhor Yondaime."

"Traga Kushina-sama até aqui. Posso imaginar o quanto está debilitada, Mas o Chakra da Kurama vai ajudá-la a se recuperar. Não deixe que se aproximem até que possamos conversar sem interrupções. Agora, a saúde dela é mais importante."

Minato balançou a cabeça em concordância e sumiu num piscar de olhos. Ele só conseguia pensar que estava sendo imprudente, que a vila era mais importante que a vida de uma pessoa, contudo, ele ainda era humano e estava cada vez mais difícil não pensar que o pior estava para acontecer com sua tão destemida esposa.



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