BLOOD OF THE FUTURE - jjk & pjm

prólogo

Olhar as pessoas do lado de fora da janela era sempre tão intediante, mas nunca me cansava. Perceber seus passos ritmados e controlados, como se fossem robôs e fossem comandados por apenas uma pessoa, como também notar que eles sequer olhavam para os lados era tão estranho quanto seus olhares vazios.

Depois de tanto tempo fazendo a mesma coisa, você se acostumava. Mas se algo pequeno acontecesse, ele se tornaria algo grande. E eu percebi. Aquele homem olhava para a minha janela, diretamente para mim. Tinha aparência de uns cinquenta anos de idade e até suas costas eram um pouco curvadas. Todos a sua volta continuavam andando como uma programação em seus cérebros e ele me encarava com olhos cheios, nada como o das outras pessoas, algo que eu nunca tinha visto, mas que fez sentido dentro de mim.

Desviei meu olhar para a porta do meu quarto, algo como medo borbulhava dentro de mim. Quando voltei meu olhar para a janela, o homem havia sumido, fazendo com que meu peito apertasse. Que diabos era isso?

– Você pediu para que eu viesse pra você me ignorar, garoto?

Virei minha cabeça em direção a Yoongi que me encarava da poltrona em que estava sentado - jogado. Suas sobrancelhas subiram para me encorajar a falar com ele.

– Não estou te ignorando, hyung. Eu só... não sei, só estou cansado.

Ele riu pelo nariz e olhou para o nada. – Não sei porque você ainda insiste em mentir pra mim. Eu te conheço desde que você usava fraudas.

Eu me encostei no batente da janela e voltei a observar o lado de fora. E ao longe eu consegui ver o muro que cercava nossa cidade, não era grande esforço já que ele era extremamente alto.

– Yoon, você já se perguntou por quê tem um muro cercando nossa cidade? – perguntei sem desviar o olhar do lado de fora. Ouvi seus passos até ele para bem atrás de mim.

– Mais vezes do que posso contar. ­– respirou fundo e colocou a mão no meu ombro – Me pergunto se ele sempre esteve ali e como eu nunca soube o que têm do outro lado.

Em Moghew, a cidade onde nasci e moro até hoje, há essa coisa grande que nos cerca. Existem pessoas estranhas, animais diferentes e rôbos idiotas que as pessoas adoravam. E no meio disso tudo existiam segredos que não nos contavam, deve ser algo estranho que os fazem ter medo.

E eu sempre fui muito curioso.

– Você já pensou em ir lá? – perguntei virando minha cabeça para ele.

– Lá fora?

– Sim, do outro lado.

– Claro que sim. – ele olhou o muro ao longe e soltou o ar – Mas tenho medo do que pode ter lá. Você sabe, sou muito lindo pra morrer.

Sorri para meu amigo. Eu podia contar para ele?

– Hyung...

– Huh?

– Não estou me sentindo bem.

Ele franziu as sobrancelhas e me virou para ficar de frente pra ele. Passou os olhos pelo meu corpo como se procurasse algo de errado. – O que você está sentindo? O que tá acontecendo? Quer que eu chame um médico?

– Calma, não é isso que eu quero dizer.

– Aish, eu tomei um susto, garoto. – ele passou a mão na testa e me tirou um sorriso – Quer explicar o que foi?

– Eu não sinto nada.

– Não sente nada...?

– Eu não sinto ele, hyung. Não o sinto mais aqui dentro.