Kill Me • jjk + pjm

capítulo 01

🌨️

Há um milhão de motivos para fazer você odiar viver neste mundo. Praticamente tudo nele te faz querer morrer,  gritar de raiva ou dor.

É como um jogo de sobrevivência onde você tudo ao seu redor quer te atacar, onde seu objetivo único é sobreviver e se livrar daqueles que te colocam em perigo.

Porém, o que faz meu sangue ferver agora é o simples fato de haver uma corda na minha cintura que prende meu corpo no tronco de uma árvore, a cinco metros acima do solo.

Não é seguro passar a noite no chão.

Se você está tentando sobreviver em um lugar onde o simples fato de você estar nele já te faz um alvo, dormir onde o perigo fica é praticamente suicídio.

Uma da coisas que aprendi durante o passar dos anos é: nunca, em hipótese, alguma você deve confiar nos outros. E isso inclui a natureza. Tudo ao seu redor vai acabar te colocando em perigo, mais cedo ou mais tarde.

Ainda mais quando existe certos tipos de seres que fazem exatamente isso. Te caçam. Você torna a presa, se torna a caça.
E a única solução é dormir amarrado em uma árvore longe do solo, onde as chances de você ser devorado enquanto dorme são bem menores. Não muito, seria exagero dizer algo assim, mas o suficiente por hora.

Aprendi isso da pior forma. Quando fui atacado por um cão selvagem enquanto estava dormindo entre os arbustos e as folhas secas, a muito tempo atrás. Antes que eu o matasse, o bicho demoníaco ainda mordeu uma das minhas pernas e arranhou meu braço esquerdo.

Depois de duas semanas dormindo em galhos nas árvores, achei uma corda. Depois desse dia, nunca mais passei uma noite no chão.

É, eu sou medroso, mas acima disso, cuidadoso.1

A corda é grossa, porém leve. O único ponto que me irrita é que o nó não se desfaz. Eu usei muita força e agora é quase impossível ele desatar sem que eu a corte, e é isso que está me impedindo. Corta-la.

Eu não quero cortar a corda em que me serviu tanto e ajudou a salvar a minha vida a ainda vem salvando.

Só que alguns sacrifícios são necessários. Eu não vou perder tempo insistindo em algo fútil como ficar a manhã inteira desatando a porra de um nó.

O dia tá ficando cada vez mais claro, o sol já se faz presente, aquecendo minha face com os poucos raios ainda fracos, mas que não demorarão para se intensificar na medida em que a estrela ganha altitude no céu azul escuro manchado.

Por fim, chego a uma decisão.

Consigo me desprender da árvore, logo  guardando a corda dentro da mochila. Levando em conta que é a única que tenho no momento, não posso me dar o luxo de dispensar meus itens.

Cada coisa que possuo levei algum tempo para conseguir. Minha adaga da sorte, roubei de uma loja abandonada na cidade de Al Camir à dois anos atrás. A arma que carrego, achei na floresta, perto do lago Okir. Apesar de não ter munição, nunca me desfiz de meu presente.

Meu estoque de alimentos está no fim. Eu preciso chegar logo ao lago antes do meio dia. Ou quase isso, já que eu não tenho noção do horário. O relógio que tinha ficou sem bateria a algumas semanas, e desde lá venho tendo noção do horário pelo sol.

Desço da árvore e caminho em direção oposta de onde vim, continuando meu percurso de sempre. A floresta está silenciosa, e isso só me deixa mais preocupado. Sinto a sensação de estar sendo perseguido e tudo ao meu redor me dá motivos de ficar alerta.