Refém Do Medo

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Bom... Eu sou Giulian, mas conhecida como Giu. Tenho 14 anos, moro em BH, Minas Gerais! Um dos meus maiores sonhos é sair daqui, conhecer novos lugares, novas pessoas e respirar novos ares. Como quando leio livros. Eu amo ler, é uma das coisas que mais gosto de fazer. É bom, é ótimo, porque a cada livro devorado é uma descoberta diferente, e a cada descoberta faço uma viagem. Á minha vida não é lá essas coisas, na verdade é um horror de vida. As vezes até fico me perguntando: Como conseguimos viver em um mundo onde somos criticados, humilhados, criticados por atos e forma de agir e pensar? Como conseguimos viver em um mundo tão corrupto? Mas a questão é que vivemos em um país onde o preconceito fala mais alto. Eu independente disso tudo sou eu mesma, contínuo sendo a mesma, agindo e me vestindo como eu quero. Talvez seja por isso e por outros motivos que ando cada vez mais só. Em toda minha vida nunca tive uma "amiga" para conversar e nem mesmo para ter brincado na minha infância. Acho muito bonito pessoas que têm amizades verdadeiras, que fazem burradas e dividem seus problemas e segredos entre sí. É uma pena não ter amigas, acho que eu mesmo sou minha amiga. Bom, mas vamos lá á um outro ponto da minha vagabunda e triste vida! Eu me automutilo a dois anos, ou seja, com doze anos de idade comecei a descontar tudo aquilo que me sufocava em mim mesma. Como? Me cortando com lâminas afiadas e revoltadas. No começo eu fazia pequenos riscos no braço, hoje faço cortes profundos praticamente por todo o meu corpo. Confesso que comecei a me mutilá porque minha mãe também se altomutilava, e eu via que com ela parecia funcionar. Ela começou com isso por conta da depressão que ela teve na adolescência, e também por depressão pôs-parto que ela teve assim que eu nascir. Minha mãe se chama Renata, ela era modelo na juventude. Engordou bastante depois que abondou a carreira, talvez seja por esses quilos a mais que ela me culpa até hoje, não sei mas acho que sim. O que levou minha mãe a ficar mais depressiva ainda durante a gravidez foi o fato de meu "pai" á tela-la abondonado, e eu o odeio por isso, apesar de até hoje não saber quem ele é. Moro com os meu avós desde que nascir, desde que nascir mesmo, até hoje. Eu odeio o fato de morar com eles, pelo simples fato deles me odiarem. Eles falam que só me suportam porque sou a "empregadinha" deles. Saber disso me machuca por dentro, porque mesmo eles sendo maus comigo eu amo todos eles, inclusive minha mãe que só me rejeita, principalmente quando ela liga e não faz questão de falar comigo, de saber como estou, ouvir minha voz. Isso machuca muito! Aqui em casa (na casa dos meus avós), faço de tudo: limpo, arrumo, cozinho, etc. Mas só não me atrevo a lavar roupas, até porque não dou conta! Mas para isso tem a "Bel" (Betânia), que da conta disso três vezes na semana. Bel, uma ótima pessoa, não tenho o que mau dizer dela, ao contrário. Afinal, as vezes só ela me entende. Ela costuma me chamar de "meu docinho"! É o apelido mais fofo e carinhoso que alguém pode me dá. Me sinto tão bem quando ela chega pela manhã e já vem com aquele abraço gostoso e quente. Bel tem duas filhas; a Luana, e a Laura. A Luana está com dezessete anos, a mais velha, porém a mais sem juízo. Já Laura é mais calma, que mas parece um algodão de tão doce e fofa que é. Estudamos na mesma escola e detalhe, na mesma sala de aula também, e temos a mesma idade, porém sou mais velha dois meses. No começo do ano, assim que as aulas começaram, lembro que aparecir na escola uma semana depois do início das atividades escolares. Semana na qual todos certamente já se conheciam, até em tão eu era uma desconhecida na "Ângulos"! Em fim naquela semana, na segunda resolvir encarar de vez a escola. Chegando na sala de aula atrasada, como sempre, lembro que Laura estava lá:

- Posso entrar?

- Mais é claro! Está atrasada mocinha.

- É, eu sei.

- É novata não é?

- Sim. Sou Giulian! Respondir toda sem jeiro e fiquei graça porque justamente aquele dia que estava de frente para a turma inteira e todos, absolutamente todos olhando para mim em pleno silêncio. Aquela manhã eu não estava com blusa longa e nem qualquer coisa do tipo. Estava em uma regata branca e quase transparente, regata na qual não reparei quando sair de casa. Meus cortes nos braços estavam todos a mostra, ali na cara de quem quisesse ver. Eu estava morrendo de tanta vergonha a ponto de querer correr dali e não olhar para trás.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2014 ⏰

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