Capítulo 8

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Courtney Skyler

19h30...


Courtney acordou um pouco tonta por ter dormido mais do que deveria. Lá fora, já estava escurecendo e ela reconhecia que a cama de solteirão de Peter era muito confortável. No entanto, ela se culpava por ter dormido em sua cama e decidiu que hoje iria dormir na casa da Olivia para não incomodá-lo. Ao se levantar, dirigiu-se à sala onde encontrou Peter na cozinha.

— Ah, você já acordou! Estou preparando um chá de camomila para a minha bisavó. Se quiser, pode tomar também. — Anunciou Peter assim que a viu.

— Bem, você já fez muito por mim e não quero ficar incomodando você e sua bisavó. — Falou preocupada.

— Mas onde você vai dormir esta noite? — Peter levantou uma sobrancelha, estreitando os olhos.

— Acho que vou para a casa de uma amiga minha.

— Você pode dormir aqui, não vai ser incômodo nenhum e amanhã cedo você pode conhecer minha bisavó. Eu falei sobre você para ela e ela ficou curiosa em te ver. — Retrucou animado.

— Ah, obrigada, juro que vou retribuir de alguma forma...estou ansiosa para conhecê-la...então, onde posso dormir?

Courtney respirava ansiosa.

— Tem algum problema você dormir na minha cama? — Peter perguntou novamente com tranquilidade.

— E-eer...você vai dormir na cama também? — Ela não contava com isso.

— É claro, por isso perguntei se havia algum problema. — Peter sorriu, tomando um pouco do chá que havia preparado.

— Não tem nenhum... — Courtney tentou esconder o leve desconforto, mas ele era tão esbelto que não podia negar que isso a deixava um pouco inquieta. Afinal, dividir a cama com ele poderia ser tanto desconfortável quanto reconfortante. Courtney não sabia o que sentir.

Depois de tomar o chá, ela foi diretamente para o quarto de Peter. Ele entregou um edredom para ela, pois a noite estava muito fria. Deitaram-se na cama, afastados um do outro, e ela se sentiu tanto desconfortável quanto confortável ao mesmo tempo. Courtney não sabia ao certo o que estava sentindo.


06h20...


Courtney acorda com uma sensação de leveza, como uma pena. Ela observa Peter ao seu lado, ainda dormindo. Algo nela estranha sua presença, mas ao contemplá-lo mais de perto, seu rosto lhe parecia familiar. Lembranças começam a passar por sua mente em flashes: uma garotinha de pele branca com cabelos rosas, brincando com um dente-de-leão enquanto olha para Courtney com um sorriso. Ela se parece um pouco com Courtney devido ao cabelo, mas também tem traços que lembram Peter. Quem seria essa garota?

Caro leitor(a), alguma dúvida?

— Você já está acordada há quanto tempo? — Perguntou Peter, abrindo os olhos.

— Há pouco tempo... — Droga, ele acordou justo quando eu estava admirando o seu rosto.

— Sei... olha, eu sei que sou bonito, não precisa ficar me encarando — Falou sorrindo.

— Ah... Desculpa, você percebeu... — Eu me sinto tão sem jeito.

Ele se levantou da cama e foi ao banheiro. Courtney decidiu se levantar também. Assim que ela sentou na cama e colocou os pés no chão, sentiu o gelo do frio. Levantou-se completamente e foi em direção à cozinha.

A bisavó de Peter estava lá, parecendo um pouco velhinha, mas as aparências enganavam, pois ela estava ativa, fazendo o café da manhã em sua cadeira de rodas.

— O que faz aqui? — Perguntou a velhinha, virando-se pálida e se deparando com Courtney.

— Oh! eu...sou colega do Peter...eu dormi aqui na noite passada, mas já estou de saída.

E o medo cresceu em Courtney. A senhora tinha cabelos grisalhos pela idade, olhos claros como águas cristalinas e sua pele bronzeada. Ela vestia roupas normais, com um suéter para enfrentar o frio, e suas unhas eram compridas.

— NÃO!!...quero dizer...fique, venha tomar o café, não recebo companhia há anos, além do meu bisneto. — Disse, fazendo com que Courtney se aproximasse.

— Pensei que estava incomodando...certo, posso ficar mais um pouco, já que estou morrendo de fome. — Será que ela sentiu medo de mim? Acho que a assustei...ela não deve estar acostumada a ver estranhos entrando em sua cozinha como eu fiz.

Courtney sentou-se na cadeira na pequena sala de jantar. A senhora havia preparado um mini banquete, mas nada exagerado. Enquanto beliscava alguns petiscos, a velhinha se aproximou e perguntou:

— Então...você é a Skyler?

— Como sabe meu nome? — Respondeu Skyler, já se preparando para uma fuga possível.

— Acho que escutei o meu bisneto falando sobre você. — A senhora sussurrou.

A conversa logo terminou quando Peter chegou e puxou uma cadeira próxima a Skyler. Sem querer ser mal educada, ela saiu da sala e foi até o quarto de Peter para pegar sua mochila antes de ir ao banheiro.

Depois do banho, Sky vestiu o uniforme da escola, que estava dentro da mochila. Sentia-se um pouco assustada. Ela se perguntava como a senhora poderia saber seu nome se ela estava dormindo e Peter, ao vê-la, foi logo para a cama. Era estranho, como se eles a conhecessem.

Terminando de se arrumar, Skyler foi pedir a Peter para deixá-la no colégio. Ao passar pela sala, avistou um retrato de uma garotinha sobre a estante da lareira. Intrigada, pegou o retrato para olhar mais de perto e sentiu que era a mesma garotinha das suas lembranças. De repente, Peter chegou ao seu lado, pegou o retrato e colocou de volta na estante, virado para que ela não pudesse ver.

— Desculpe...esse retrato é importante pra mim. — Ele falou com a voz um pouco triste.

— Ah, desculpe...só achei a garotinha linda...ah, quase esqueci, você pode me deixar no colégio? — Perguntou Sky

— Claro, eu posso te levar. — Respondeu Peter de forma simples e direta.

Assim, ele deixou Sky no colégio e partiu. A ideia de invadir a casa dele parecia tentadora para ela, afinal, queria descobrir o que mais estavam escondendo. No entanto, Sky não sabia ao certo como conhecia aquela garotinha do retrato.


Peter Cooper Hawley


Quando Peter levou Courtney ao colégio, ele correu de volta para casa, preocupado com a situação. "Isso não poderia acontecer... ela não pode saber de jeito nenhum", pensou consigo mesmo. Ao chegar em casa, sua bisa estava na sala, sentada ao lado do sofá, assistindo seu programa das 08h e tricotando algo.

— Querido, o que houve? — Murmurou a bisa ao perceber a inspiração de Peter.

— E-ela... é ela minha vó. — Peter gaguejava, desesperado, enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Eu sei, e ela está perto de descobrir a verdade. — Respondeu a bisa, continuando a tricotar uma roupinha.

— O que fazemos? Apagar a memória dela não vai funcionar de novo. — Lembrou Peter para sua bisa, andando de um lado para o outro e coçando a nuca.

— Tempo... é tudo questão de tempo. Vamos revelar aos poucos, sei que ela vai descobrir cedo ou tarde. — Disse a bisa, voltando a atenção para o programa de TV e para a roupinha que estava tricotando.


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Uma Jornada por Mundos Desconhecidos - A Lenda da Heroína - Vol 1 (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora