Um elefantinho marrom tão brilhante. Uma galinha de gesso, branca com bolinhas azuis. Onde já se viu galinha branca com bolinhas azuis? Onde já se viu juntar tanta tralha desnecessária? Onde já se viu parar num momento crítico e ficar pensando no que vai fazer com uma galinha de bolinhas azuis, um elefantinho marrom e outras tantas tralhas? Será que separação é isso? Resolver dar fim a tralhas que você não sabe mais pra quê tem?
E as lembranças, fotografias, tanta coisa em comum. Deixar? Colocar numa caixa e jogar fora? Colocar numa caixa e guardar?
A gente se preocupando com as tranqueiras, quadros, objetos de decoração, coleção de filmes e ninguém vê o amor escapando pela janela. Acontece que quando ele se vai tudo isso se mostra vazio. A casa tão cheia e ao mesmo tempo vazia. Reuniões, encontros, uma horinha a mais porque a conversa está boa. Afinidades. É sempre culpa das afinidades. Uma amiga com quem tenho muita afinidade.
E se não estiver atento nem dá pra perceber. O amor acaba de repente, num minuto você caminha na brisa, é fim de tarde, jardins floridos no caminho. No minuto seguinte, tempestade, lama, ventania e você na rua sem ter pra onde voltar.
Se o caminho é difícil o negócio é ser prático, a galinha, elefante, choros, lembranças, fotografias, tudo na mesma caixa e direto pro lixo porque caminhar com pesos inúteis é sofrer à toa.
Qualquer dia seguinte o sol brilha de novo e vai ser bom recomeçar.