LARRY;

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“O Louis tinha uma vibração incrível e eu adorava observá-lo em silêncio.

As vezes, quando eu penso em coisas alegres, dias ensolarados, crianças sorrindo e bebês gargalhando, eu me lembro dele.

É engraçado como a vida é imprevisível. Parece clichê, claro, mas veja bem… Ele apareceu na minha vida quando eu mais precisava. E eu ainda consigo relembrar os detalhes.

Ele chegou, se sentou ao meu lado na escola, não se importou com a minha cara fechada ou os olhares estranhos que recebeu por ser o primeiro a fazer aquilo.

Eu conheci Louis antes mesmo de me conhecer. Quando ele me deixou entrar em sua vida, eu não sabia muito bem como me comportar. Eu não havia conseguido nem conhecer a mim mesmo. Eu não havia, em nenhum momento, até então, tido a coragem para me abrir para mim mesmo, mas cara, o modo como ele simplesmente segurou a minha mão e me guiou pelos corredores de seus pensamentos, opiniões, qualidades, defeitos, medos e ideais me fez querer fazer o mesmo. Retribuir. Queria saber se ele ficaria fascinado com o que eu levava comigo tanto quanto eu fiquei quando descobri cada uma de suas inúmeras versões.

Só o Louis conseguia me fazer querer coisas.

Antes de ter sido escolhido por ele, eu só conseguia pensar em acabar logo o colégio e ir para a casa. Talvez, já em meu quarto, eu desejasse nunca mais ter que voltar para aquele lugar e precisar presenciar brigas de garotas por namorados ou garotos contando sobre quantas beijaram no último findi.

Antes de ter sido surpreendido por seu interesse em minhas ideologias e condutas, eu era vazio. Eu não tenho vergonha de admitir isso, na verdade, me envergonho apenas de ter demorado para deixar que ele me preenchesse com toda a sua luz.

Quando ele chegou, se sentou ao meu lado, sorriu pra mim e sequer olhou para o lado, buscando os olhares acusatórios dos nossos colegas, eu soube que ele seria o motivo das minhas noites em claro, da euforia de acordar cedo e querer parecer mais apresentável que o normal, o motivo do esforço para não ser tão curto e direto, exalando grosseria como eu sempre fazia. Eu soube que ele seria o motivo dos meus motivos para fazer as coisas amenizarem na minha cabeça, e, então, talvez, com uma versão mais moderada minha, eu conseguisse deixar ele por mais tempo na minha vida, sem espantá-lo nem nada.

Eu soube de tudo isso, mas, medroso e desacostumado ao sentir como eu era, tratei de cortar esse tipo de pensamento pela raiz, ignorando-o, insultando-o, fazendo com que os outros me olhassem de forma mais agravada que o normal. Provavelmente pensavam algo como:

“Como ele pode tratar assim uma pessoa tão legal, preciosa, pura e doce como Louis?”

E eu, com todo o meu medo estúpido, pensava de volta:

“Como eu poderia deixar alguém tão legal, precioso, puro e doce como Louis entrar na minha vida e quebrar tudo isso com a minha amargura?”

Eu era idiota. Eu era covarde, mentia, me escondia, inventava inúmeras desculpas e nunca dava chance alguma de que tudo mudasse, e, talvez, nossa relação melhorasse.

E o pior é que essa última parte nem é sobre Louis. É de Harry para Harry. Do meu eu mais profundo para mim mesmo. O meu eu pedia por uma chance, por ajuda, me pedia para que, talvez, eu pudesse resgatá-lo e consertar as coisas, mas eu o ignorava com todas as minhas forças.

E, pergunto mais uma vez, Louis mereceria uma companhia tão quebrada quanto eu? Mereceria receber olhares inexpressivos quando sorria para mim? Porque, caramba, se eu não conseguia me entender comigo mesmo, me dar o valor necessário, como é que eu o trataria?

Eu Adoraria Observá-lo NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora