VI. I'm a disaster

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Essa não tinha sido a primeira vez que alguém tinha me deixado atiçada ao ponto de dar o primeiro passo. Ainda assim, foi uma das mais intensas, porque, veja bem, fazia algumas horas que Shawn Mendes tinha arrancado de mim toda a sanidade e feito com que eu agisse por impulso, porém eu ainda penso nele.

Penso no jeito que suas mãos se arrastaram pela minha pele, deixando uma trilha de arrepios; na forma que me beijava, intercalando de beijos rápidos para os mais lentos que me deixaram completamente louca; na maneira que puxou devagarinho os cabelos perto de minha nuca e expôs meu pescoço para mais beijos. Eu estou carregando uma enorme atmosfera sexual, frustrada, e ainda são três da tarde.

Preciso me controlar, concluo.

Falta pouco para que eu finalmente possa ir para casa, ficar sozinha, tomar um banho e, bem, fazer outras coisas mais...

Meus afazeres do dia se baseiam em chatice e mais chatice, e em inúmeros momentos me pego voltando àqueles ótimos instantes. Como aquilo acabou e eu vim parar de volta na minha sala? Ok, vamos lá:

Nós nos beijávamos de forma bastante intensa, e eu estava fora de mim a essa altura pois me deixei levar com alguma facilidade. Não consegui controlar minhas mãos por muito tempo, ainda mais depois de sentir aquela, bem, pressão, debaixo de mim, numa parte muito específica do meu corpo. Antes que pudesse pensar, já estava tentando desabotoar a calça dele, e foi quando Shawn se inclinou sobre mim num beijo mais apressado e desesperado. Minhas costas bateram contra o volante e o som estridente da buzina nos trouxe à realidade: estávamos no meio de um estacionamento em plena tarde, não podíamos fazer aquilo.

Eu levei as mãos aos cabelos apressadamente e coloquei o máximo de fios atrás das orelhas, encarando Shawn Mendes com os olhos meio arregalados. Ele partilhava da minha euforia, e sua respiração descompassada acompanhava a minha, mas ele sabia tanto quanto eu que aquilo não era certo, não naquele momento e lugar, pelo menos, por isso atacou os botões da camisa que eu já tinha aberto instantes antes. Com isso eu abri a porta do motorista e me pus de pé do lado de fora daquele carro, sem dizer nem uma palavra. Ele me observou em todos os meus movimentos.

Quando eu me senti suficientemente arrumadinha para ser vista novamente, me inclinei sobre ele para pegar minhas coisas que estavam no banco do passageiro. E então tinha chegado o momento da despedida e eu não sabia o que dizer ou fazer.

No fim, nem precisei, pois ele se pronunciou:

— Eu sei, eu sei, não precisamos falar disso agora. Ou nunca, se assim você quiser. Não precisamos repetir. — Ele olhou para os lados, tendo a certeza de que não havia ninguém à vista. — O que seria uma pena. — E lá estava aquele sorriso travesso de volta aos lábios dele. Eu sorri de volta.

— Eu entro em contato. — Foi tudo o que disse, e meti o pé dali sem nem olhar para trás antes que a vontade de voltar para dentro daquele carro me dominasse.

Agora, parando para pensar no que rolou, percebo que foi insensato, e que eu estou imensamente errada. Porém, não ligo nem um pouco, e isso é o pior de tudo. Meu chefe (vulgo pai) ficaria decepcionado pela minha falta de profissionalismo, mas ele não precisa saber disso. Nem da minha vontade louca de ligar para Shawn Mendes agora e falar que temos que continuar o que começamos.

Quando estou saindo da empresa, mamãe me liga. Ela soa triste, é o último dia de suas férias. Não julgo, eu me encontraria na mesma situação se tivesse que voltar de Cancun. Embora eu nunca tenha ido, sei que é um lugar magnífico. Falamos sobre minha irmã, e sobre sua volta para casa. Falamos até sobre Harry. Embora meus pais se deem razoavelmente bem, mamãe ainda carrega uma raivinha dele. Eu não entendo, meu pai é uma pessoa maravilhosa, no entanto sou suspeita a falar, eu sempre fui sua menininha.

DESiRE - Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora