Um toque na alma

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Tomei a decisão. Resolvi esquecer o sofrimento e viver o presente. O som da banda ecoava em meus ouvidos. Meu peito iria explodir. Sorri. Pessoas anônimas, estranhas, acenavam para mim. A máscara dourada com penas brancas faziam chamava a atenção.

Andei pela calçada a procura de um vendedor de bebidas. Só achei cerveja. Dispensei. Do outro lado da rua, vi um pequeno bar. "Um refri, finalmente". Caminhei, sorrindo, entre os foliões. Um me parou e dançou de um jeito esquisito, porém divertido. Acenei e continuei andando.

No bar, cheio de gente, fiz meu pedido. Paguei logo e sai com um lata bem gelada. No primeiro gole, e o vi ele. Em pé ao lado de uma árvore. Ele sorria. Eu não. Olhei seus olhos e ele, os meus. Tentei desviar, mas já era tarde. Voltei no tempo.

A rua, movimentada, mas menos desordenada, servia de pista para os foliões. Ele se aproximou de mim - bem devagar. Eu quis sair, mas fiquei presa naquele momento. Meu corpo tremia, quase derrubei a lata.

- Quero voltar. - disse ele.

Gaguejei um "C-como?".

Ele me olhou mais de perto. Olhos castanhos e densos. Nariz esculpido e queixo quadrado. Barba por fazer. Minhas pernas tremeram mais.

Então, a banda passou. Um toque do surdo me sobressaltou. Diante de mim, um rapaz disse:

- Quero voltar para o Centro. Como faço?

Apontei para o ponto de ônibus a nossa esquerda sem tirar os olhos dele.

- Obrigado, moça. - E saiu, junto a folia do carnaval.

Nota da autora:

Este microconto foi feito para um desafio de escrita no início deste ano, por isso o tema é carnaval.

Espero que tenha gostado da leitura. :)

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