Sozinho outra vez, acontece que eu nem poderia culpar outra pessoa, já que era exclusivamente minha. Fui idiota o bastante pra não perceber que nunca tinha sido amor, de que meu coração sempre pertenceu a outra pessoa e que agora todas as brigas que tínhamos faziam todo o sentido em minha mente; me desculpa Kun, eu juro que tentei fazer você ser para mim o que eu era pra você, acontece que eu estava cego, tentei de todas as maneiras ignorar a verdade que sempre esteve na frente dos meus olhos, só não sei porquê eu nunca quis enxergar a verdade, talvez fosse medo ou algo do tipo.
- Quem você ama agora, Kun? - Perguntou depois de um longo suspiro, as bolsas escuras abaixo de seus olhos entregavam o quanto pensava nisso, o quanto aquilo o incomodava impedindo-o de dormir
- Do que você tá falando? -Sicheng sabia que o namorado estava tentando distraí-lo de uma possível briga que teriam naquela noite
-Você sabe do que estou falando! Do cheiro de cigarro no seu casaco, do porquê eu não consigo mais acessar o seu computador, do porquê você mentir pra mim dizendo que vai dormir na casa da sua mãe quando obviamente você não está lá - Falava com toda a calma que tinha, talvez soubesse desde o início de que aquele relacionamento não o levaria a lugar algum.
Kun apenas suspirou, não mentiria ao garoto que um dia tanto amou, sabia que os dois de certa forma se machucariam, mas também tinha em mente que não sentiam mais a mesma coisa um pelo outro
-Olha, eu e você sabemos onde isso vai nos levar e eu sinceramente acho que nós dois não precisamos disso, você sabe das minhas ações e eu também sei das suas, sei que não agiu da mesma forma que eu, mas Cheng, eu também te pergunto: quem você ama? - Winwin nada respondeu, abriu a boca e fechou diversas vezes, ainda não se sentia pronto pra admitir em voz alta, ainda tinha medo, medo de não ter a reciprocidade que desejava -Eu te amo, Win! Não da mesma forma que você o ama, acho que agora não passa de carinho, é quase algo fraternal, eu não consigo nem te tocar direito mais e tenho certeza que você se sente aliviado - se aproximou do mais novo e o abraçou, apoiou seu queixo na cabeça do outro, que mantinha a mesa abaixada - A única coisa que eu posso fazer agora é te deixar livre! Eu vou voltar pra casa da minha mãe - segurou Sicheng pelos ombros e olhou em seus olhos brilhantes carregados de alívio - se precisar de mim, sabe onde me encontrar e não esquece de ligar pra ele -Deu um beijo em sua testa e saiu pela porta
Uma semana e ainda não tinha tido coragem; passava a madrugada acordado pensando no que fazer, elaborava discursos e mais discursos em frente ao espelho, mas nenhum parecia bom em sua mente, recusava todas as ligações de Yuta, sabia que se atendesse iria travar, imaginava que Kun provavelmente o tinha dito algo, não sabia o que, mas tinha uma ideia.
Se levantou do sofá e decidiu que era hora de arrumar a casa, todos aqueles pensamentos fora de hora o haviam feito procrastinar mesmo que inconscientemente; decidiu reposicionar suas coisas no armário, já que não dividia mais e agora sobrava muito mais espaço para si. Colocou para tocar aleatoriamente sua playlist no Spotify e logo de cara começou a tocar a música favorita do Japonês que tanto amava em segredo, era como se tudo naquele dia estivesse conspirando pra que dissesse tudo o que deveria ter dito naqueles passados 5 anos que o conhecia. Cantarolava "Too Much To Ask" baixinho conforme a melodia soava em seu smartphone e tirava as roupas antigas da prateleira mais alta de seu guarda-roupas, até encontrar uma em específico, uma preta da famosa banda britânica Led Zeppelin, sorriu sozinho.
Caminhava entre os conhecidos jardins da escola, era onde gostava de ir quando se sentia triste, já que nunca tinha ninguém e o ambiente com cheiro de rosas o acalmava, encarava seus próprios pés enquanto mantinha o foco na música que tocava em seu fone e pensava no quanto odiava ser o nerd, gay e esquisito que tanto zoavam; era incapaz de compreender o porquê de o odiaram tanto só por ser quem era.
VOCÊ ESTÁ LENDO
T-shirt
RomanceE foi com aquela camiseta antiga em seu corpo que percebeu a importância de um momento que talvez já tivesse se tornado apenas uma lembrança