Capítulo 34

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03/11/2018 - sábado

BERNARDO SILVA point of view (é o Bernardo a narrar)

Estes últimos dias foram incríveis. Nunca imaginei sentir-me assim com a presença de uma única pessoa. Eu sabia o que tinha de fazer e iria fazê-lo.

Após a viagem de Portugal para Inglaterra, mal cheguei a casa mandei mensagem à Josie a dizer que amanhã tínhamos de falar antes do jogo e que era logo importante.

O dia foi passado a treinar, tinha de estar focado para todos os jogos pois é difícil continuar a ser titular numa equipa com tantas estrelas.

O dia terminou e fui dormir cedo para amanhã estar completamente renovado para mais um jogo.

04/11/2018 - domingo

Acordei por volta das 9h da manhã e fui tomar o pequeno-almoço. Pensei em convidar a Maria mas ela deveria estar em cansada então deixei de lado essa ideia.

As horas foram passando até que à hora da concentração no clube. Tínhamos de estar sempre 1h antes do jogo no balneário já equipados mas eu chegava sempre mais cedo para dar a minha típica volta ao relvado. Mas hoje iria ser por outro motivo, iria terminar o meu relacionamento com a Josie.

Peguei no meu carro e fui para o estádio. Estacionei e assim que saí, Josie estava à minha espera na entrada.

- Vamos lá para dentro. - digo.

- É alguma coisa séria Bernardo? - ela pergunta.

Eu não respondo, simplesmente pego na mão dela e trago-a para dentro do estádio.

- Eu quero terminar com este relacionamento. Foi uma decisão impulsiva que eu tive e a culpa não é a tua. Eu simplesmente não ouvi os meus sentimentos e deixei-me enganar pelas situações do dia-a-dia. - digo direto.

- Estás a falar a sério? Depois de tudo o que eu fiz por ti? Estás a acabar comigo por causa da outra estúpida? Ela nem se sabe controlar sequer, nem sabe fechar as pernas. Tens a noção que ela tem um filho não tens? - Josie cuspe aquelas palavras e o meu coração aperta-se por estar a falar da minha menina assim.

- Tu estás a ouvir as palavras que estão a sair da tua boca? É ela que não se sabe controlar? Tu atiraste a todos os jogadores do clube. Ela assumiu o seu filho e é mãe solteira. E ficas a saber que tenho muito gosto em ficar com ela e com o seu filho. - digo.

- Tu és uma pessoa horrível. Porque é que fizeste isto comigo? Eu fiz tudo por ti. Fica lá com aquela ridícula. - Josie diz e vai embora.

Fiquei com a consciência mais tranquila após a conversa embora estivesse um pouco revoltado e fui esperar pela Maria e pelo Salvador. Tínhamos combinado de eles virem ver o jogo e do Salvador usar o equipamento completo com o meu nome.

Assim que ela chegou, veio ter comigo com um sorriso na cara e eu sorri de volta.

- Está feito? - Maria pergunta.

- Está. Ela não me pareceu muito contente mas o que importa é que já não tenho nenhuma relação. - digo.

- Vamos ver. - Maria diz a sorrir.

- Então puto, estás pronto? - pergunto a Salvador.

- Sim, sabias que é o meu primeiro jogo num estádio? - ele pergunta.

- Não me acredito que a tua mãe ainda não te tinha levado a nenhum. - digo sorrindo.

- Não, ela dizia que era de crescidos, mas eu já sou crescido. - ele diz.

- E o que achas de entrar comigo para o jogo? - pergunto.

Os olhos dele brilham e abre a boca várias vezes mas sem sair palavras.

- O que me dizes? - insisto.

- Posso ir? - Salvador pergunta tanto a mim como à Maria e a resposta é positiva dos dois lados.

- Como já estás vestido, não é necessário ires arranjar-te mas eu tenho de ir vestir-me e aquecer. Queres esperar lá dentro ou ficas aqui com a tua mãe? - pergunto.

- Lá dentro. - ele responde.

- Então anda comigo. - digo dando espaço para ele passar.

- Bernardo. - ouço o meu nome a ser chamado.

- Diz Maria. - digo virando-me para ela.

- Como é que depois o Salvador vem? - Maria pergunta.

- Os responsáveis levam-no onde estiveres. Eles sabem quem tu e o Salvador são. Não te preocupes. - digo e viro-me de novo em direção ao balneário.

- Bernardo. - Maria volta a chamar.

- Princesa, eu tenho de ir se não chego atrasado. - digo ainda de costas para ela.

Quando me viro de frente, recebo um beijo da Maria que decido prolongar sem nem querer saber quem estaria a ver.

- Boa sorte. - Maria diz e vai embora a sorrir deixando-me a sorrir também.

Entro para o balneário acompanhado pelo Salvador e recebo várias olhares dos meus colegas.

- Então, não há novidades? - Stones pergunta.

- Acabei com a Josie. Mano, desculpa pelas coisas que disse sem pensar e por não acreditar em ti quando disseste que eras só amigo da Maria. - digo.

- Eu já sabia das novidades. Eu e a Abie estivemos ontem em casa da Maria e ela contou-nos algumas coisas. - o meu companheiro de equipa diz e dá-me leves pancadas nas costas.

Acabo de me vestir e pego na mão de Salvador para vir comigo para esperar junto ao relvado. Assim que largo a sua mão, Salvador pergunta.

- Onde vais?

- Tenho de aquecer, mas eu volto já, está bem? Fica aqui à espera, é pouco tempo. - digo para a criança que estava à minha frente.

O aquecimento passou rápido e já não via a hora de mostrar para milhares de pessoas o que valia, mas principalmente para a minha menina e para o Salvador.

Entramos novamente para o balneário para vestirmos o casaco de jogo e depois fomos para o túnel junto das crianças que nos iriam acompanhar. No túnel cumprimento várias crianças que me estendem a mão ou até mesmo vêm ter comigo. Tento sempre dar o máximo de atenção a toda a gente pois sei como é a sensação de estar ali.

Assim que nos dão ordem para entrar, agarro a mão de Salvador.

- Estás pronto? Não estejas nervoso, estou aqui. - digo e começamos os dois a andar para dentro de campo.

Assim que terminamos de cumprimentar a equipa adversária, Salvador vai com as outras crianças embora.

O jogo terminou com a vitória do City por 6-1 e eu sabia com quem comemorar.

You - Bernardo Silva [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora