tu ama cícero

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lembro de antes que quando você pedia pra eu ficar, queria implorar aos seus pés exigindo atenção dizendo que ficaria de qualquer forma. e você gostava. hoje você nem ao menos me olha ou sequer pede pra eu ficar.  eu te olho com aqueles olhos caídos implorando atenção e você diz "se quiser, pode ficar" e eu não sei mais o que quero, amor. é o que o destino machucou tanto a gente que me faz duvidar se tu é esse amor que me faz querer mover meus lentos pés a sua vista ou se não há mais desejo e ternura. eu não te chamo mais de amor, porque to machucada demais e quando digo isso meu peito não estremece com braveza como antes. amor? tá aí? desculpa é que eu falo muito e você já reclamou disso esses dias "você devia parar de repetir essas chatices" é que eu sou assim e a sua atenção era tudo que eu tinha, e se tu nao consegue nem mais me chamar de meu bem ou dizer brincando "tu parece a fiona ô" é que a gente não é sentimental como antes, mas meu peito dói tanto que às vezes parece que nunca vou te esquecer ou esquecer da tua voz cantando pra mim nas manhãs de domingo "fala pra ele que é um sonho bom" cícero. tu ama. sempre cantarolava pra lá e pra cá com violão na mão e descalço com pé todo sujo no mato. eu caía na gargalhada quando me acordava com cosquinhas e fazendo voz de personagens infantis. e quando dizia que tinha um jeito manso que era só meu e que chico escreveria mais umas 30 obras se me conhecesse. mas hoje tu diz que chico me acharia melancólica e reclamona. o meu jeito manso sumiu desde quando tu parou de me beijar pelas manhãs ou de cantarolar baixinho mexendo nos meus cachos. eu nao sei quando de fato, a gente acordou assim, uma manhã qualquer que cê parou de rir das minhas piadas que te davam dor de barriga até de tanto rir. nao sei quando nos tornamos tão frio. porque antes, a única verdade que habitava em mim era a crença de que éramos fogo e intensidade o tempo inteiro, agora eu tenho só um peito com incertezas. e eu canto "ah dindi, se tu soubesse como machuca nao amaria mais ninguém". tu ama. cícero.

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