Não Era Ciúme - Capítulo Único

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O que estava a sentir ao entrar naquela sala de aula, definitivamente não eram ciúmes, Bakugou não queria, nem iria, considerar estar a sentir tal sentimento naquele dia, o, momentaneamente maldito, dia dos namorados, o dia idiota que alguém tinha inventado, provavelmente só por querer receber chocolates de alguém em particular.

Para Bakugou, era o que esse dia significava, o dia em que recebia chocolates de diversas pessoas, desde da sua mãe, até pessoas desconhecidas que nunca tinha visto na vida, ou não tinha dado importância. Receber chocolates era algo ao qual Bakugou já se tinha habituado, pois, apesar da personalidade um pouco explosiva que possuía, sempre fora muito popular.

Nos primeiros anos, ainda no infantário, aceitava os chocolates de bom grado, fazendo inveja aos colegas que tinha à sua volta, pois ele era o que os recebia em maior número, independentemente de serem caseiros ou comprados. Não que esse facto fosse relevante para Bakugou, muito menos os sentimentos que as pessoas tinham ao lhe darem os chocolates, já que ele apenas os comia, sem nunca corresponder a sentimento algum.

E a principal razão para isso, era que a única pessoa à qual Bakugou queria corresponder, não lhe dava os chocolates diretamente, talvez por vergonha, ou medo da reação do loiro, o que acabava por deixá-lo ligeiramente mais impaciente com o passar dos anos.

Mas, Bakugou era observador e inteligente o suficiente para saber que, o embrulho feito de forma confusa e desajeitada, que recebia anualmente nos seus cacifos escolares, com chocolates visivelmente caseiros, não só pela aparecia, um pouco estranha e atrapalhada, como pelo sabor, um pouco estranho e por vezes muito doce ou muito amargo, eram de uma única pessoa, que tinha estado presente na sua vida desde que se recordava, e era a única que o tinha acompanhado desde da infância até aos dias atuais. Bakugou não tinha dúvida alguma de que esses chocolates eram do seu amigo de infância, Deku.

E aqueles eram os únicos chocolates que Bakugou aceitava verdadeiramente feliz, e esperava ansioso por receber, todos os anos, com um sorriso no rosto. E essa, tinha até sido uma das razões para Bakugou deixar de aceitar chocolates no dia de são Valentim há alguns anos, quando, numa conversa que o próprio tinha iniciado com Deku, com o intuito de fazer o amigo admitir que era o seu admirador secreto, já que nunca deixava o seu nome ou alguma carta com o embrulho, em que Midoriya dissera, com lágrimas nos olhos, que Bakugou deveria apenas aceitar chocolates aos quais poderia corresponder aos sentimentos da pessoa que os entregava, pois, caso contrário, estaria a dar falsas esperanças à pessoa, e isso era algo doloroso.

Ver Midoriya falar consigo daquela forma, tão sincera, triste e parecendo dececionado, fez Bakugou mudar o seu pensamento em relação ao dia dos namorados, não mais aceitando chocolates para tê-los em maior número, agora recusava todos, dizendo que apenas iria aceitar de uma única pessoa.

Claro que nem todas as pessoas desistiram, muitas, em vez de entregarem pessoalmente, como faziam antes, deixavam no cacifo do loiro, que se irritava e ia devolver os chocolates a todas as pessoas, sabendo perfeitamente quem tinha dado qual, mesmo os que não estavam identificados. E, no final do dia, ia apenas com um chocolate para casa, satisfeito por saborear os dotes culinários de Deku, que melhorava claramente a cada ano.

No entanto, aquele ano estava a ser diferente, pois, normalmente, assim que chegava à escola e abria o seu cacifo, estava sempre lá o chocolate tão aguardado. Então porque razão o seu cacifo estava vazio naquele dia? Isso fez Bakugou andar até à sua sala ligeiramente irritado, pronto para pedir satisfações a Deku.

Mas a cena que viu, deixou-o ligeiramente em choque, esquecendo-se por um momento o que iria fazer.

Midoriya estava a dar chocolates. Não apenas a Uraraka e Todoroki, que pareciam cada vez mais próximos de Deku, ele estava a distribuir chocolates por todos os alunos da turma 1-A, o que só fez Bakugou irritar-se e o ciúme, que o mesmo tentava convencer-se de que não era tal sentimento, preenchê-lo.

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