s i x

3.2K 347 382
                                    

Eu nunca me senti tão agitado, pelo menos não dentro do meu próprio apartamento, onde deveria ser um lugar de descanso e aconchego.

De alguma forma muito esquisita, eu sentia frio. E não era um frio climático pois estávamos bem na primavera, a temperatura se mantinha amena. O frio que eu sentia vinha de dentro para fora, como se eu fosse o único gerador dele, como se eu precisasse ser aquecido, como se o frio viesse do vazio de algo.

Lugares abertos e vazios tendem a ser mais propícios a receberem correntes de ar, e assim, transformam-se em lugares gelados. Parecia que eu era um lugar vazio, onde se mantinha presente um vento de frio cortante, incômodo. Mas por que eu estava sentindo isso?

Ainda era uma sensação nova demais, assustadora demais. Claro que sabia que uma hora ou outra eu sentiria coisas inéditas, a vida é feita de descobertas, mas por que eu estava sentindo aquilo naquele momento? O que causou esse frio?

Deitado no enorme sofá despejado no meio da minha sala com uma garrafa quase inteira de soju numa mão — nem sabia por que tinha aberto aquela garrafa, não tinha o costume de beber aquilo, mantinha na geladeira porque Hoseok se achava no direito de encher a cara sempre que vinha aqui — enquanto a TV ligada transmitia algum episódio gravado de Game of Thrones, eu pensava sobre os últimos acontecimentos recentes.

Eu estava encantado por Park Jimin e seria muito estúpido da minha parte se negasse isso, mas ainda era meio novo para mim, ainda era uma incógnita, porque não entendia o motivo de ser justo ele o cara que me fisgou dessa forma, muito menos entendi como aconteceu, só aconteceu.

É assim que a gente se apaixona?

Não que esteja cogitando estar apaixonado — nem descartando também —, mas acho que paixão, mesmo sendo menos nobre que o amor, ainda é forte demais, e eu ainda estava confuso o suficiente para não denominar nada, não querer colocar os pingos nos i’s porque nem sabia se aquilo realmente era um i.

Mas sinceramente, por que a gente tem essa necessidade de denominar as coisas? Nem tudo o que sentimos precisa ser reconhecido, nós temos essa mania de querer dar passos dentro do conhecido porque tem medo de dar passos no escuro, mal sabemos que a vida em si já é uma escuridão. Você acorda sem saber o que acontecerá no segundo seguinte, e nem temos como parar isso porque é automático, faz parte da vivência, da respiração, faz parte dos singelos momentos do destino. Temos mais medo das nossas próprias decisões do que o que não podemos decidir, talvez porque nossas decisões fomos nós que tomamos, então se der errado, nos culparemos por aquilo, o que é mais doloroso do que culpar o destino por colocar situações inesperadas.

O peso da culpa é enorme.

Eu poderia não saber o que essa mistura de sensações era, mas eu sabia que me sentia bem quando Jimin estava por perto, eu queria que ele estivesse por perto. Eu sabia que poderia estar cometendo um erro já que ele deixou bem claro que não tínhamos como dar certo, mas por que eu sentia que ele se esforçava muito para não se deixar entregar? Não fazia sentido ele mesmo ter que se controlar.

Eu sentia quando ele ficava tenso quando eu estava por perto, sentia seus olhos queimando minhas costas, percebia suas movimentações de pernas sempre quando estávamos a sós, já o peguei diversas vezes encarando meus lábios e todas às vezes que ele suspirou fortemente quando tocava minhas mãos.

Isso tudo não poderia ser obra da minha cabeça.

Seu sorriso era genuíno, seu tom de voz era calmo, seus olhos transmitiam uma fluidez de sentimentos palpáveis, eles brilhavam, assim como brilharam na noite em que ficamos juntos.

Isso tudo era uma coincidência?

Tomado pela vontade gigantesca de estar perto dele, peguei meu celular em cima da mesinha de vidro central e abri os contatos, encontrando seu número e discando, esperando que não fosse me arrepender do que estava fazendo.

oásis || jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora