teus olhos cor de mel

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Querida Sooyoung,

Lembro-me perfeitamente do dia que te conheci. Sentada no meio-fio da calçada e escorada numa caixa de papelão, os teus fios ondulosos caíam sobre teu rosto, e você os colocava atrás da orelha, enquanto focava escrever num caderninho. Você usava uma calça jeans e uma camisa larga dos Rolling Stones, algo não tão comum de se ver em uma garota, pelo menos para mim não era.

"Está de mudança?" Foi o que te perguntei. Quando você me fitou com seus olhos totalmente encantadores, com uma expressão de estranhamento.... Me senti o garoto mais tolo do mundo.

Bom, acho que se alguém me perguntasse se eu estava de mudança, enquanto claramente eu estava escorado em uma caixa de papelão e um caminhão estava estacionado na frente da minha casa com vários móveis dentro, eu também teria estranhado.

Mas.. Ah... Teus olhos.

Como eu poderia explicar? Poderia parecer exagero, mas nunca tinha visto tanta beleza em um par de olhos. O sol refletindo nas tuas orbes cor de mel, dando um destaque maior e deixando-as mais brilhantes ainda, como se eu pudesse ver toda a galáxia através delas.. era de tirar o fôlego.

Mesmo com minhas péssimas habilidades sociais, consegui ser teu amigo.

Talvez tenha demorado uns quatro meses, mas eu consegui.

Naquele tempo eu sabia que não era normal tudo o que eu sentia quando eu estava perto de você e quando teus olhos estavam focados em mim. Eu sabia que algo estava errado, e tive total certeza quando em algum dia, no mês de março do ano 1993, você me contou que estava afim de um garoto.

Se você soubesse o quão doloroso aquela frase havia sido...

O meu melhor amigo, Taehyungie hyung, percebeu que eu estava abalado e disse que eu o podia falar sobre.

Eu contei, e.. Bem, ele falou que eu estava apaixonado.

Wow, apaixonado pela amiga que está afim de outro cara e nem liga pra sua existência. Que ótima notícia!

Sooyoung, sei que você é lerdinha (no diminutivo só pra não te ofender), então saiba que a frase acima é ironia, não é nenhum pouco uma ótima notícia!

Continuando.

Eu fiquei pasmo quando me dei conta da situação. "Como eu fui tão burro de não perceber?" Eu pensava.

Até que, um dia (31 de agosto, pra ser mais exato), estávamos esparramados na cama do meu quarto quando você simplesmente começou a reclamar desse carinha que tinha roubado seu coração.

E lá estava eu sentindo uma angústia gritante dentro do meu peito.

Você xingou esse cara de todas as maneiras possíveis. Eu ficava rindo, tentando disfarçar a dor que eu sentia no momento. Qual é! Por mais que ele fosse burro, ele tinha conseguido te conquistar! Coisa que EU não tinha conseguido!

"Esse cara é tão tolo que mesmo eu reclamando dele pra ele mesmo neste exato momento, ele não percebe" Você falou.

Eu fiquei em choque. O peito inflou, as minhas bochechas começaram a queimar que nem brasa, os meus olhos se arregalaram e eu juro que eu poderia desmaiar de tanta felicidade.

Depois disso, eu me confessei e a nossa tarde foi resumida em beijos tímidos e abraços aconchegantes.

Passou-se uns meses até que completamos 7 meses de namoro (os meses mais felizes da minha vida, eu diria). Tudo estaria bem se eu não tivesse percebido algo. Ou melhor, lido algo.

O caderninho.

Você deixou aqui em casa um dia que ficou até tarde da noite. E eu, como sou curioso, eu li.

Era seu diário. Ou melhor, seu caderno de desabafos.

Por que não me disse que estava com problemas em casa? Que se sentia triste? Que a vida não estava a te fazer sentido gradativamente?

Por que eu não tinha percebido?

Estava explícito em seu rosto; as olheiras, os olhos vermelhos, bolsas inchadas abaixo dos teus belos olhos...

E eu acabei percebendo tarde demais.

No dia seguinte, eu fui até a tua casa te entregar pessoalmente e tentar conversar sobre. Tua mãe que me atendeu e quando eu perguntei sobre você, ela disse que você não morava mais naquela casa.

Meu mundo caiu.

Você havia deixado o caderninho na minha casa de propósito? Como eu falaria com você? Eu nem telefone tinha!

Procurei por ti por minutos, horas, meses, e você havia sumido.

Cinco anos depois, quando eu completei vinte e dois anos, eu estava trabalhando numa padaria quando um casal entrou.

Era você, acompanhada de um homem. Os seus belos olhos me encararam e eu pude ver quando você os arregalou levemente e engoliu seco.

O homem que provavelmente era seu atual namorado pediu duas fatias de torta de limão, e eu franzi o cenho.

Você não gostava de limão. Passou a gostar?

Pensei em manifestar, mas eu engoli as palavras e entreguei as duas fatias.

Você me pagou a mais e quando fui te dar o troco, dei junto esta carta que espero de coração que esteja lendo.

Tive esperanças em te ver novamente, em poder encarar os teus olhos tão encantadores que me cativaram, em poder te tocar.

Mas como é como aquele ditado: "Querer não é poder".

Sabe-se lá quanto tempo esperei em te ver, e até hoje espero. Só quem já passou por isso sabe o quão doloroso é pensar o que um dia estava em meus braços, de repente escorre como a areia.

Park Sooyoung, eu desejo-te tudo que há de bom. Que aquele homem te faça mais feliz do que eu te fiz. Que você continue a ter teus olhos brilhantes como quando te conheci, que você continue a sorrir lindamente como quando te conheci.

Saiba que nunca amei outra pessoa como te amei, saiba que o tamanho do meu amor por você é como a galáxia que há em teus belos olhos, saiba que você foi a estrela que iluminou o caminho que eu trilhava, saiba que eu tenho muito a te agradecer.

Muito obrigado por me fazer feliz, noona.

Para Park Sooyoung, a garota dos belos olhos cor de mel que sempre amei.

- Jeon Jeongguk ♡

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