Capítulo 1- Maldição de sangue

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 A muito tempo, não tanto quanto se imagina, havia uma terra longínqua governada por homens de grande poder. A religião era o poder, os habitantes dessa terra ficavam sempre entre a espada e a cruz, não havia nada que se podia fazer, apenas obedecer.
Nessa terra revoluções eram travadas, guerras e destruição andavam sempre em conjunto com a morte, se Deus existe, definitivamente ele nem estava lá.
Poucos cidadãos viviam suas vidas como de cotidiano, a maioria enlouquecia....


Como de costume, Danu colhia flores para sua avó Brígit pois a mesma estava doente a tempos. Danu possuía o costume de colher o trigo e fazer adornos junto com as flores. Belas coroas ela confeccionava após o trabalho no campo, seu irmão Robert que acabará de voltar de uma caçada a criticava duramente.
Robert- você deveria se envergonhar, fica fazendo coisas inúteis ao invés de ajudar na plantação.
Danu- Eu já terminei meu turno! Para de me encher!
Robert- Para de falar merda e vá ajudar a vó, vê se faça algo de útil e se perca no caminho!

Danu saiu pisando pesado o chão, que por sua vez deixava suas marcas. Ela se dirigia para a cabana, na qual vivia com sua família. Em seu habitual caminho, percebeu algo estranho, um caminho de flores estranho, parecia ter sido feito por alguém, uma doce voz ecoava pelo vento quase como se a chamasse. Danu percebeu quase que imediatamente uma força vindo em sua direção, suas pernas sucumbiram de medo e apenas ficou parada com os olhos fechados, de repente aquela força para abruptamente. Danu continuava imóvel e de olhos fechados, sentiu um imenso calor em seu rosto, um respiração pesada e quente que fazia seus longos cabelos voarem, quando tomou coragem para abrir os olhos nada havia nem tocado o solo, nenhuma pega, nada. Após tudo aquilo, suas pernas voltaram novamente a responder seus comandos e nisso Danu correu sem olhar para trás em direção a sua casa na colina.
Talya fazia a comida calmamente em seu caldeirão quando a porta abriu rapidamente, Talya se assustou fazendo com que água fervendo caísse e queimando seu braço.

Talya- OLHA O QUE VOCÊ FEZ! MERDA! ESSA DROGA ARDE!
Danu- ME DESCULPA MÃE, NÃO FOI A INTENÇÃO- disse Danu correndo para ajudar a mãe.

Após enfaixar o braço de sua mãe, Danu contou tudo que ocorrera nesse dia. Sua mãe ouvia atentamente como uma criança ouvindo uma história para dormir.
Talya- Barghest...- Disse Talya sussurrando.
Danu- Bar o quê?
Talya- Barghest! São cães infernais, costumam ser um presságio negro.
Danu- Mas o que você está dizendo mãe?! Essas coisas nem ao menos existem!
Talya- Seu irmão nunca disse nada, não é?
Danu- Mãe, você está me assustando...
Talya- Meu amor, está na hora de você ter uma conversa com sua avó...

Talya levou sua filha até o quarto da matriarca, e lhe deu um aviso.
Talya- Danu, antes de tudo, qualquer coisa que você ouvir aqui, você jamais deve contar! Nem para os seus amigos mais íntimos!

Danu entrou timidamente no quarto de sua vó, ao entrar a porta fechou automaticamente e o clima não era o mais agradável. O quarto era escuro, cheio de pergaminhos espalhados, frascos vazios e crânios de coisas que já foram animais pendurados na parede.
Brigit- Minha neta, não tenha medo, se aproxime...
Danu com relutância seguiu o pedido de sua avó, aproximado-se lentamente de sua cama. Ajoelhada, Danu perguntou a sua avó o que de tão importante tinha que ser conversado.
Brigit- Minha querida, permita-me te contar uma história, uma história muito antiga... A muito tempo, em terras cobertas por areia, vivia uma jovem a mais bela de toda a aldeia abençoada pelo luar no seu nascimento. Seu nome era Kerina, ela dominava os segredos da vida e da morte, seu poder de cura era requisitado por todos. Para se chegar até ela, 40 longos dias eram necessário, e nesse caminho, havia diversas armadilhas e somente aqueles que possuíam o coração puro ou teria a coragem e a persistência de continuar podiam usufruir de seus dons.
Danu- Mas o que raios isso tem haver comigo?!


Brigit- Tenha paciência, já chegaremos lá.... Kerina nunca pode amar pois, ninguém jamais foi de seu interesse e todos a temiam. Um dia, um rapaz não sucumbiu as suas armadilhas e resolveu visitar a garota. Kerina estranhou o rapaz, ele não fez nenhum pedido envolvendo dons, apenas pediu a oportunidade de se provar digno do amor da garota.

Um longo silêncio persistiu após essa fala, Danu não fez objeções ao silêncio, apenas esperou a fala de sua avó.

Brigit - Após isso, com o inciar de uma longa inquisição, seu amado não sucumbiu e morreu em seus braços, devido a caça as bruxas. Com a morte do amado, seu último ato foi uma terrível maldição por toda a terra.

Quando sua vó concluiu a frase, um péssimo sentimento tomou conta de Danu e uma terrível visão veio em sua mente, como um sonho vivido na qual ela estava presente, porém não podia interferir.
Ela estava sob um mar de sangue, criaturas horrendas dilaceravam os corpos de soldados, não sabia dizer se eram humanos ou não. O medo tomou conta de seu corpo, mas a visão que tinha, a impedia de fechar seus olhos. Uma garota segurava um corpo ensanguentado gritava de agonia, pessoas apontavam tochas e forcados para ela quando derepente um grito ensurdecedor pairava o céu...

Kerina- EU OS AMALDIÇOO, POR TODA A ETERNIDADE! VOCÊS PAGARAM PELOS SEUS CRIMES! E A IRA DOS DEUSES SEMPRE ESTARÃO CONTRA VOCÊS!

Danu sentiu o medo nas pessoas, antes mesmo que pudessem correr o céu se tornou negro um eclipse havia escurecido o sol e as pessoas se tornaram estátuas. Danu gritava de medo e desespero mas ninguém a ouvia, não havia ninguém para salva-la das chamas malditas. Sua visão escureceu e uma tristeza profunda invadiu seu coração, Brigit via sem fazer nada sua neta chorando no chão e gritando de dor, mas sabia que já era tarde para ajudá-la.
Talya com ajuda de Robert quebrou a porta e invadiu o quarto, Robert automaticamente tentou acalmar sua irmã.

Robert- Os olhos dela, estão... estão....
Talya- Vermelhos.... O QUE VOCÊ FEZ?! MÃE! O QUE FEZ COM ELA?!
Brigit- Eu não fiz nada! Eu não poderia fazer isso, ela fez! Ela é uma de nós Talya!
Robert- Somos amaldiçoados, isso é fato! Mas, nunca foi tão forte assim.
Talya- Na próxima lua de sangue, ela deve iniciar, assim os deuses a manterao segura.
Brigit- EU DISSE! EU DISSE! MINHA NETA TAMBÉM É BRUXA!
Talya e Robert- CALADA!
Robert- Não há maldição pior, isso não é uma dádiva!
Brigit- Mal vejo a hora para a iniciação! Não estive tão feliz assim desde a iniciação do Robert!
Talya- Ela quase morreu! Você é louca!
Brigit- E não somos todos?! HAHAHAHAHA! A PROFECIA ESTA SE CONCLUINDO!
Danu havia se acalmado de seu transe, mas ainda chorava. Seus pais a colocaram na cama, John, seu pai, que acabara de voltar da aldeia a abraçava forte e sua mãe não parava de andar pelo quarto em círculos. Pela primeira vez, eles não sabiam o que o destino faria...

Lux de la noctemWhere stories live. Discover now