Dinner - Nomin

Foi aí que eu percebi

Nós estávamos sentados na mesa da cozinha, você disse "deixa comigo" tantas vezes antes de nós entrarmos mas ainda parecia muito nervoso. Aquele era o momento da verdade, o ultimato, e eu queria que você não tivesse que passar por isso. A única pessoa que tem que gostar de ti sou eu, não a minha família, mas lá estávamos nós. Eu segurei sua mão macia por debaixo da mesa para garantir que tudo ia ficar bem, mesmo que lá no fundo eu sabia que estávamos esperando por um milagre. O olhar matador da minha mãe enquanto ela te perguntava coisas como "como você vai se manter focado no trabalho com o meu filho lá?" apenas suavizou quando você deu seu sorriso fofo e fechou os olhos, só de pensar nisso eu já me derreto, e isso foi o que aconteceu com a minha mãe também (depois você disse que era impossível de resistir).

Ainda tínhamos um desafio, meu pai, que não conseguia acreditar que o próprio filho se apaixonou por um dos membros de seu grupo, ainda mais um que aparentava ser normal (por esse termo ele quis dizer hétero). O homem estava apenas analisando a situação como um todo, olhando para cima e para baixo, prestando atenção no jeito que você falava, andava e respondia as perguntas da mulher dele, te avaliando (meio estranho já que conhecemos um "avaliador" bem melhor e, convenhamos, mais simpático).

No momento em que o jantar terminou, sentimos mais medo ainda do que quando começou, porque seria o momento em que teríamos todas as respostas que buscávamos. Quando o Senhor Na parou pelo corredor e chamou pelo seu nome eu senti algo, algo ruim, como se o mundo pudesse cair em ruínas a qualquer momento, como se eu não tivesse oxigênio, eu simplesmente não conseguia respirar. Minha mente pensou em todas as possíveis e impossíveis coisas que ele estava falando pra você, e nenhumas delas era boa. Comecei a pensar se todo o esforço tivesse sido em vão, se eu seria expulso de casa, proibido de ver a pessoa que eu amo.

Até que quando eu estava prestes a me aproximar ele deu um tapinha nas suas costas, vocês dois me olharam sorrindo e meu pai disse para te acompanhar até sua casa já que era tarde da noite. Assim que saímos da casa eu pulei e te abracei com força até ouvir um som de "crack" vindo das suas costas. Preocupado, perguntei se estava tudo bem, se eu tinha te machucado e você disse que estava melhor do que nunca, como se um peso tivesse sido tirado de suas costas, e eu disse que era assim que me sentia também. Você sorriu pra mim com doçura e me olhou com seus olhinhos de lua crescente e foi aí que eu percebi. Você é a coisa que eu mais amo nesse mundo, e tudo contigo vale a pena.