Doce Sonhos

Capítulo I

Solidão.

É um sentimento que entendo bem desde pequena.

Perdi meu pai quando eu ainda era um bebê de alguns meses, ele se envolveu em um acidente de carro e não resistiu. E minha mãe ficou completamente sem chão, totalmente abalada e sem saber o que fazer, sem pensar direito, fez a pior coisa que ela poderia ter feito.

Me abandonar.

Ela abandonou um bebê que não tinha capacidade de fazer nada, totalmente dependente dela e sem entender nada do que estava acontecendo.

A única coisa que agradeço à ela é ter me deixado com sua irmã e seu marido em vez de me jogar em um orfanato, eu sei que eles não gostam de mim, e assim que eu me formar no ensino médio eles farão eu sair dali, e faltava bem pouco para isso.

Meu tio só me aceitou ali por eu ainda ser muito pequena, lembro-me de quando eu ainda tinha cerca de 5 anos e ele me falava coisas como "Shuhua, você deve arrumar algum emprego e sair daqui logo, pode ser qualquer coisa.". Eu não entendia, achava que era alguma piada e ria, quando cresci e me dei conta do que ele realmente queria falando aquelas coisas, comecei a tratá-lo friamente, só respondia coisas necessárias para ele, nem um bom dia eu falava.

Eles cuidaram relativamente bem de mim, me deram o que eu precisava para ficar bem, mas eu não tinha momentos de lazer com eles, nunca se importaram em brincar ou sair comigo, só faziam isso com Min Hi minha prima quatro anos mais nova que eu e Ryuunosuke, que tinha minha idade, ele não era filho deles, é filho de falecidos amigos de minha tia e por não ter parentes próximos, ela aceitou cuidar dele já que gostava muito de sua amiga e simpatizava com Ryuu, nem sequer me lembro a última vez que saí com eles, deve fazer anos.

Mas pelo menos Ryuu se importava comigo, ele sempre foi legal comigo, meus tios só me levavam junto aos seus passeios quando ele pedia, e nem era sempre que eles concordavam. Além de tudo ele era uma gracinha

Já Min Hi... Ela não se importava tanto, não era uma pessoa ruim, ainda era nova e tinha muito que aprender, mas ele era mimada demais para a idade dela, já tinha 14 anos, deveria saber que não é mais uma criança de 6 anos, ela não era muito empática, não fazia ideia de como se colocar no lugar do outro e acabava sendo rude por não entender as pessoas. E além de tudo ela era uma criança problemática, gostava de arrumar uma confusão toda semana.

A formatura seria amanhã e eu estava muito empolgada, e depois do Natal que seria na quarta, eu finalmente iria sair dali, iria morar em Seul sozinha, poderia sair de Goyang e seguir minha vida sem depender de ninguém.

Iria para a faculdade pela noite e de manhã iria trabalhar em algum café qualquer, aqui eu trabalhava como babá de três garotas de 7 anos, era difícil, mas o salário era ótimo, com isso consegui arrumar um lugar para ficar em Seul e me deixará bem enquanto não arrumo emprego.

— Não vejo a hora do final de semana acabar! — Sorri e peguei um livro na estante para lê.

Quando me deitei em minha cama bagunçada ouvi batidas na porta.

— Boa tarde! — Ryuu invadiu meu quarto com seu lindo sorriso.

— Boa tarde! — Respondi animada.

— Como vai? — Ryuu perguntou sentando na cama, ele parecia tenso.

— Estou animada para amanhã, e você?

— E-eu também. Mas é... Eu, eu queria f-falar aalgo para você! — Ele estava envergonhado, o quer será que queria.

— O que quer falar?