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[...]

— ...Agora aumente a dose para 0,2 ml.— Uma voz feminina estranha irrompe assim que meus ouvidos voltam a escutar o ambiente a minha volta. Um barulho de aparelho, vozes e caminhadas. — Ela está recobrando a consciência. Ótimo trabalho, pessoal.— Escuto uma palma e antes que a pessoa continue com o gesto a mesma voz de antes o silencia. — Está se portando mal, Mendes. - Uma breve risada pode ser escutada. — Berry, verifique os sinais vitais.

Berry? Rachel?

Rapidamente tento abrir os olhos, mas eles parecem mais forte que minha vontade de abri-los e eu fico nessa luta interna até que sinto dedos gelados, penso que por causa do material da luva, abrem minhas pálpebras e enfia uma luz de lanterna em meus olhos sensíveis.

— Aí.— Exclamo. – Desculpa, mas é procedimento.— Uma voz um pouco rouquinha fala bem próxima a mim.

Como se a força voltasse, talvez a vontade abrir os olhos foi mais forte dessa vez, eu consegui abrir os olhos. Uma piscada, duas e mais algumas duas até que eu conseguisse manter os olhos abertos por alguns segundos antes de tornar a fechá-los.

O barulho na sala continuou e pude sentir objetos frios contra meu corpo.

Certamente eu estava em um hospital.

Se for considerar tudo que vivi não vou me surpreender que seja em um psiquiátrico.

Escutando bem e agora vendo um pouco melhor, consigo abrir os olhos.

Posso dizer que vi um médico levando algumas seringas numa bandeija, uma outra médica com o uniforme diferente dos outros dois que acompanhavam ela, mas seria mentira, pois tudo que fiz foi fitar os olhos morenos que me encaravam através dos longos cílios castanhos.

Que mulher, exclamei internamente.

Seria um anjo vestida de médico?

Eu não pensei em perguntar o que aconteceu comigo, apesar de ser a pergunta mais óbvia e os médicos parecerem felizes em suas expressões por me verem acordar, mas tudo que eu queria era saber o nome dela.

— Rachel Berry? - Minha voz saiu bem mais baixo que o esperado e eu estranhei aquilo. De repente minha boca ficou seca. Parecendo ser algo normal a médica de olhos castanhos me alcança um copinho plástico com água. Depois que tomo me ajusto melhor na cama. Minha cara deveria estar péssima, que vergonha! — Você conhece Rachel Berry?

A menina sorri, mas quem fala é a médica que tem traços mais maduros.

— Vejam só, nossa Bela Adormecida é fã de musicais.— Os três sorriem. — Todos conhecem Rachel Berry. — Eu também sou. - O médico mais alto e com uma aparência que denunciava ter uma idade próxima a minha se pronunciou. — Sim, ela é minha mãe.— Meu coração perdeu uma batida. Rachel é uma pessoa real! Então eu não estava sonhando. Meu coração acelerou e os aparelhos apontaram a mudança nos batimentos cardíacos. — Calma. - A menina fala calmamente e parece que meu coração levou uma dose de endorfina, pois no mesmo instante ele se acalma. O sorriso nunca saí dos lábios da bela médica. — Senhorita Berry, acho prudente você não participar da observação da Senhorita Jauregui, aparentemente ela se agita em sua presença. - Me desesperei. Precisava de respostas médicas e de respostas da Rachel e a única pessoa ali que poderia me dar os dois era a filha dela. Obviamente eles não atenderiam o capricho de uma paciente. Mendes, você fica de olho na Jauregui nas próximas cinco horas de repouso, depois voltamos.— Fiquei cabisbaixa, não nego, mas eu estava mole e horrível naquele estado. Eu precisa de respostas, mas o meu estado não me ajudava muito.

(don't say) goodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora