Capítulo Único

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Work hard, Play Hard.

— Eu não vou correr com uma novata! — respondeu em tom mais irritado.

Não era a primeira vez que Hidan tentava tal feito, e todas as vezes seu pedido era prontamente negado por Neji. Todavia, naquele dia o grisalho estava insistente demais.

— Neji, me escuta, cara. Eu nunca vi uma corredora tão boa, você e ela estão no mesmo nível. Acredite! — implorou Hidan.

Neji curvou o corpo para a esquerda para analisar sua — até então — adversária da noite. Era uma mulher com cabelos castanhos longos, ela os mantinha jogados na lateral esquerda dos ombros e tinha a franja sobre os olhos. O olhar era penetrante, com a cor das orbes do mesmo tom dos fios. Um batom vermelho tingia a boca carnuda e o delineado dos olhos emoldurava ainda mais o rosto.

Já o corpo... Este era completo na medida. Os shorts jeans curtos, os tênis adidas superstar e a jaqueta de couro preta por cima da blusa branca e comum faziam a moça parecer uma adolescente dos filmes de comédia romântica americana. Porém, ela não era, definitivamente aquela mulher não era uma adolescente, sua postura demonstrava um orgulho que só alguém na casa dos vinte e tantos poderia ter.

Teria de admitir: ela era bonita. Só que mais do que isso, ela não demonstrava ser uma daquelas escandalosas de quem ele se aproveitava nas noites vazias. Ela não parecia estar à procura de um homem para se esconder atrás, parecia ser unicamente dela mesma.
Sua pose era instigante, encostada na lateral do Dodge Charger 1970 preto e lustrado, com as mãos nos bolsos da jaqueta e uma das belíssimas sobrancelhas arqueada. Alguns diriam até mesmo que soava sexy, com aquela bolha de chiclete cor de rosa que crescia e desaparecia dentro dos lábios. Ousadia deveria ser o segundo nome dela, afinal, não era qualquer um que se oferecia para correr contra Neji Hyuuga. Não sem segundas intenções.

— Desde quando se deixa levar por ninfas, Hidan? — sorriu sarcasticamente. Neji adorava deixar comentários ácidos escaparem de sua boca.

O sorriso do dito cujo morrera instantaneamente. Hidan se aproximou a passos lentos de Neji, de uma maneira muito intimidadora. Em seguida, cruzou os braços e o encarou de perto.

— Acho que se esqueceu que sou eu quem manda aqui, não é, Hyuuga? — o ar quente saía de suas narinas como se fosse um touro atrás da bandeira vermelha. Neji não abaixou o olhar, apenas manteve a pose rústica que sempre carregava na face — Olhe em volta, Neji, todos nós somos os mesmos mauricinhos de merda, sustentados pelos próprios pais. — abriu os braços e sorriu abertamente — Vocês fumam, bebem, se drogam e se comem, tudo às custas dos velhotes. Mas, ainda sim, toda tribo precisa de um chefe, correto? E, neste caso, as ordens são minhas.

O Hyuuga encarou friamente o outro homem. Ele tinha razão, tudo que faziam ali era ilegal. Não era seguro desafiar um dos grandes. Apesar de Hidan se comportar como um deles, era o mais influente entre todos ali.

— Imagine a desgraça que seria se o grande império Hyuuga descobrisse que o seu mais novo sucessor corre ilegalmente pelas ruas de Tóquio, hum? Seria um desastre, não acha? — completou, deixando um sorriso brincar nos lábios — Bem, isso não importa! O que quero saber é: está disposto ou não a correr contra ela?

Neji engoliu a seco, repassando as palavras do homem à sua frente. Seu futuro estava todo definido graças à fortuna de anos vinda de sua família. Corria clandestinamente e, apesar de isso ter se tornado seu vício, era tudo muito proibido. Se fosse cauteloso, talvez pudesse aproveitar não só seus vinte e sete anos, mas também os vindouros, fazendo aquilo como hobby.

— Qual o prêmio pra quem ganha? — perguntou não tão desinteressado. Já começava a cogitar a possibilidade de correr com a tal garota, agora que a conversa havia partido para o lado pessoal.

Work hard, play hardOnde histórias criam vida. Descubra agora