Giselle
Fui falar com Neila Medeiros para continuar o trabalho que comecei no abrigo em Fortaleza. Eu havia pesquisado sobre o Instituto Anjos de Resgate e vi que a ala infantil era imensa e mais carente de voluntários.
Dayse, a recepcionista, me pediu para aguardar no corredor, pois Neila estava ocupada. Fui até lá, sentei e fiquei esperando. Eu mexia distraidamente no celular quando uma loura bonita chegou, roubando a minha atenção. Ela tinha cara de quem queria estar em qualquer lugar, menos ali. E decidi que essa seria a minha brecha para puxar assunto, afinal, não podia deixa-la sair dali sem conhece-la. Não se perde oportunidades como essa.
— Bom dia! Você é voluntária? — resolvi começar assim, mas eu sabia que aquela cara de metida jamais faria algo assim.
Tive certeza quando ela gaguejou para responder. Usei a tática da Cléo, já falando que eu estava terminando de pagar pena. Isso causa empatia. Mas antes que ela tivesse tempo de falar algo a mais, a Neila me chamou e fui falar com ela.
Neila é linda! Tem uma postura de mulher muito poderosa. Até a voz dela é linda. Falei sobre meu tempo no abrigo em Fortaleza e depois de fazer meu cadastro ela agradeceu pela iniciativa.
— Sua coordenadora é a Érica Farias, ok? Ela está na rua, foi buscar um bebê, mas já está no hospital com ele, então por volta das cinco ela estará de volta. Você já pode conhecer tudo e ajudar na sala de aula. Procura o Gil.
— Ok. Obrigada, Neila. — agradeci e estendi a mão, que foi apertada com firmeza por ela, fazendo-me estremecer e imaginá-la nua.
Eu sorri com aquele pensamento idiota, mas valeu o sorriso que recebi dela. Saí de lá e fui procurar o Gil.
≈
Quando vi aquela foto no Instagram da Alice, uma força bruta me moveu e não consegui controlar o impulso de ligar para ela. Já passava das duas da manhã. Eu não estava fazendo falta, mas precisava mostrar pra ela que estava sabendo de tudo o que acontecia.
— Oi, Gi. Tá tudo bem? Por que está me ligando a essa hora? — Ouvi a voz dela e senti vontade de morrer.
— É ela, né, Alice? A novata? — indaguei fazendo referência à pintora de rodapé da Isabella, que aparecia na foto com ela.
— Quê? Do que você tá falando?
A desgraçada ainda extrapolou no cinismo. E meu ódio só crescia.
— Não me faça de idiota. Você terminou comigo porque tá transando com a novata.
— Tá maluca, Giselle? A Isa é minha amiga.
— É, eu vi a amizade de vocês no Instagram. Você toda apaixonadinha, saltando de asa delta com ela.
— Você tá completamente doida. Tá até vendo coisas. Eu, Alice, apaixonada? Olha, Gi, não que eu te deva qualquer satisfação da minha vida, mas vou repetir: a Isabella é minha amiga, só isso.
Vou te mostrar a doida, sua desgraçada!
— Alice, você é uma vadia muito mau-caráter mesmo, viu? Que foi? Cansou das piranhas que você pegava nos bares e boates e resolveu enfileirar as colegas de trabalho pra satisfazer essa tua perversão?
— Giselle, você está me ofendendo e eu não sou obrigada a ouvir. Tampouco vou discutir, então, boa noite. — disparou e sem me dar tempo de resposta, desligou.
Filha da puta! Isso não vai ficar assim.
Eu estava decidida a infernizar a vida da Alice de todas as formas. Liguei de novo.
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Amor e... Novos Dilemas - Na Amazon
RomanceSpin-off de Amor... e Outros Dilemas e If True Love - O Código da Atração de Linier Farias. Depois de terminar um relacionamento puramente sexual com Alice, Giselle sai de Fortaleza decidida a recomeçar. É condenada por calúnia e difamação quando ac...