Minha vez

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— Senhorita Sanem, uma palavrinha! - um dos jornalistas implorava. Apenas acenei e retirei meus óculos escuros dos olhos. Eu acabara de aterrissar em Nova Iorque, juntamente à Ayhan. Minha amiga havia dado chá de sumiço, provavelmente fora engolida pela imensidão de fãs que me aguardavam no aeroporto.

Meu sorriso dizia tudo. Eu estava realizada, incrédula como minha tour pelo mundo parecia ter sido rápida demais, mas ainda estava feliz.

Eu passava com a ajuda de meus seguranças por aquela multidão. Abraçava quantos fãs podia, assinava camisas, testas, braços e até tatuagens com minha face.

Sanem, eu te amo! - uma garotinha loira gritou, levantando seu cartaz feito à mão. Enviei-lhe um coração e um beijo.

Fui levantada no alto por um de meus seguranças e passei a acenar para todos. Lágrimas de pura realização deslizavam por meu rosto. Era surreal.

E eu merecia todo esse amor. Dedicava-me ao extremo para receber este caloroso feedback.

Eu devo tudo ao meu antigo chefe, por mais cretino, antipático, mulherengo e sem coração que ele seja, se não fosse pela promoção e meu talento, nada disso estaria acontecendo! Quem é que precisa de dinheiro agora, Divit?

Todos foram à loucura. E mais flashes de câmeras, autógrafos, choros, grito, suor.

Água.

Terra.

Terra?

[...]

— Terra chamando Sanem! - a voz insistente de Ceycey, juntamente as borrifadas de água que Deren espirrava em minha face, acordaram-me de meu devaneio.

Esfreguei meus olhos e joguei meus cabelos, agora úmidos, para trás.

— Eu estou - bocejei, espreguiçado-me por alguns segundos, recebendo olhares de repreensão de meus amigos — Ok, acordei.

— Não dormiu bem novamente, Sanem? — Deren questionou, entregando-me um copo de café. Sorvei do líquido rapidamente e afirmei.

— Já é a terceira noite - observou meu melhor amigo, que calçava tênis amarelos, juntamente a uma calça verde limão. Isto porque hoje ele estava combinando sua tendência.

Espreguicei-me mais uma vez e gemi baixinho, sentindo minha coluna vacilar. Eu precisava trocar meu colchão.

— E quando eu tenho descanso, Ceycey? - murmurei, recebendo um leve carinho em meus cabelos, feitos por minha amiga ruiva — Aliás, eu tenho uma meta de no máximo em dois anos, estar nas capas das revistas mais lidas de Istambul e frequentas todas as festas badaladas de Los Angeles.

— E quando isso se tornou tão urgente para você? - interviu, Giuliz. Apoiei meu cotovelo no ombro da morena e apontei para a enorme vista que tínhamos da agência.

— Quando eu decidi me demitir.

O coro de O quês? que recebi de meus parceiros atingiu não só o resto dos trabalhadores do local, como o olhar fulminante de meu chefe, Can, que estava em sua sala, provavelmente tendo uma ligação daquelas.

Se fodeu.

Como se eu não fosse me foder daqui a pouco também, já que ele descontará seu estresse diário em páginas e páginas de impressão e leitura matinal para mim.

Quer dizer, não mais, já que eu estava mais do que decidida a botar o pé pra fora daquela agência exploradora.

Qual é, eu trabalho há seis anos neste caos de serviço, não subo e não desço de cargo, meu chefe mal consegue olhar na minha cara, jamais elogiou meus trabalhos entregues a ele e o pior de tudo:

Uma proposta IrresistívelWhere stories live. Discover now