Pequeno paraíso

Paraíso

 Quando tudo está mal e não me resta escolha e nem força para fazer nada, eu sou levada a um lago com águas claras onde se encontra em constante estafo de chuva. Esse lago é o meu refúgio para quando meus pensamentos e sentimentos tomam conta de mim.
  Aquele é o meu lago, meu mundo, um lugar que me acalma e me afasta do mundo real. É o meu paraíso, um lugar que não seria afetado pelas pessoas, o mundo ou por mim mesma.
  Era assim que eu pensava. Recentemente tenho ido muito a esse meu pequeno paraíso e comecei a notar que as águas que eram rasas e calmas estava começando a transbordar e o momento que eu tanto temia chegou...
  De tanto que chovia no lago ele transbordou e inundou o lugar, e a chuva não era mais gentil e tranquila e sim uma tempestade impiedosa e agressiva e que com ela meu paraíso perdeu sua paz e eu me afoguei nesse caos.
  Quando eu acordei fiquei assusada pois senti que algo em baixo de mim estava encharcado, logo eu percebi que estava chorando. Acho que por ver o meu pequeno paraíso naquele estado me deixou mais triste do que queria admitir, mas tomada pelo cansaço eu adormeci depois de um tempo, ainda triste pelo ocorrido.
  O dia seguinte se passou tranquilamente, mas eu não havia visitado meu pequeno paraíso, ao anoitecer os acontecimentos familiares e bem comuns e recorrentes para mim vieram à tona, os sentimentos e pensamentos os terríveis demônios que eu tanto estava farta de ver, os conhecia muito bem e não gostava deles mesmo assim estavam comigo novamente, eles nunca me deixarão em paz.
Então quando eu fecho os olhos sou levada ao meu pequeno paraíso novamente, porém, ele ainda continuava em uma tempestade,mas o pequeno lago havia secado e senti que a tempestade o preenchia novamente.
Olhando para ele, perdida na tempestade que o preenchia, na necessidade que ela tinha em cair, na forma como ela fazia a água subir, eu sentia meus pensamentos clarearem e os demônios me libertarem de meu cativeiro, me libertarem da sua insistente presença.
Foi então que eu percebi algo que estava bem na minha frente mas que eu não havia nem prestado atenção até agora, algo que nem suspeitei.
O meu puequeno paraíso era eu mesma, ou uma representação de mim mesma.Pensando bem isso explicaria o fato de eu não conseguir ver nada além do lago e a chuva que a preenche.
A chuva que se tornava tempestade representava algo que eu conheço muito bem, meus pensamentos e os sentimentos que me atormentavam e me aterrorizavam.
  E o pequeno lago de águas claras que acumulava toda a água da chuva  para si e que quando meus sentimentos se desestabilizava e eu me oncontrava em um estado de pânico, ocorria uma tempestade, assim, como o lago transbordou, as águas foram postas para fora em lágrimas, onde toda a água acumulada no lago inundava meu rosto até que o lago se secar e a chuva ou a tempestade o preencher novamente.
  O pequeno lago se preenchia até transbordar com as minhas lágrimas que eu prendia, que eram negadas de sair. O lago as suportava, as acumulava dentro de si, tornando- se assim seu cativeiro.
O lago foi criado pela minha mente quando eu as negava a liberdade de fluir pelo meu rosto e sair de meu corpo, quando tinha que ser forte e repreende-las a todo custo.
Mesmo que o lago acumulase toda a chuva, uma hora ele transbordava, e transbordava com uma intensidade e necessidade de cair tão feroz quanto a da tempestade que caía, que me machucava e me deixava tão fraca e vazia ao ponto de não conseguir fazer nada além de dormir.
  O lago foi criado para suportar minha dor e minhas lágrimas diante dos problemas e quando transbordava era a consequência  por ser tão forte em repreende-las e a fraqueza e o vazio era por deixar tudo sair de uma vez de uma forma tão brutal e egoísta que me sentia tão vazia e não deixasse simplesmente nada para trás.
                                  

                               -Fim-