O Príncipe Caído

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Draco não conseguia reunir a energia para ir à biblioteca, mesmo sabendo que ele realmente deveria ir. Potter havia aparecido em seu quarto mais tarde no mesmo dia da reunião da AD, apenas para dizer de uma forma estranhamente reservada que ele não acreditava que Dumbledore fosse responsável por essa nova maldição que estava afetando o sonserino. Naturalmente, Draco o havia acusado de defender essa insanidade do Diretor por simples negação, mas Potter havia explicado com tanta calma e convicção que não havia ainda excluído a possibilidade de Dumbledore, mas estava interessado em pensar em alternativas.

É claro, isso significava pesquisa. Ele se recusava a deixar o grifinório dividir sua humilhação com qualquer pessoa que já não soubesse, ou seja, não haveria ajuda de fora. Ele teria que fazer seu próprio trabalho – pela primeira vez. Amargamente, Draco xingou seu próprio azar.

Ele desejava a simplicidade daquela tarde de setembro, logo antes de ser mordido. Naquela época, ele poderia ter mandado um dos sonserinos mais baixos fazer a pesquisa tediosa sobre qualquer coisa que precisasse. Naquela época, ele estaria saboreando os chocolates franceses que sua mãe lhe mandava e se distraindo com alguma revista bruxa, escolhendo os mais novos modelos de vestes para comprar com o dinheiro de seu pai.

Isso era uma fantasia antiga agora. Acostumado a ser descuidado com suas roupas caras, sabendo que estaria remontando seu guarda roupa no fim do mês, ele agora estava reduzido a fazer feitiços ridículos de limpeza e conserto, freneticamente tentando manter suas roupas em uma condição decente desde que Lucius havia cortado sua mesada. Pior ainda, ele se viu usando roupas trouxas mais e mais freqüentemente para preservar as peças mais apresentáveis.

E se as roupas fossem sua maior preocupação, ele estaria se considerando sortudo. Não, ele estava muito ocupado se preocupando com o calendário da lua cheia, as punições de seu pai, a presença persistente dos novos poderes estranhos de persuasão de Potter, o fato de que Granger sabia demais, seu status cada vez pior entre os sonserinos, e qualquer novo lugar estranho em que ele encontraria Vanima hoje...

Suspirando, Draco se levantou. Ao menos havia alguma coisa que ele poderia consertar. Seus colegas de quarto haviam simplesmente se esquecido do poder de sua presença desde que ele havia começado a ficar mais tempo no novo quarto, ao invés de assombrar a Sala Comunal da Sonserina.

Ele apenas teria que lembrá-los, só isso.

oOo

"Sangue puro." Ele murmurou para o retrato que guardava a Casa. Ele girou para a frente obedientemente para permitir seu acesso. O rapaz endireitou suas vestes e confirmou que seu cabelo não havia se desarrumado durante sua caminhada até ali. Não, ainda perfeito. Esticando os ombros, ele levantou o queixo de uma maneira que, aprendeu, lhe dava um ar de superioridade e também ajudava de alguma maneira em sua estatura pequena.

Cheio do orgulho desagradável que ele descobriu que era a melhor maneira de manter os sonserinos mais saidinhos na linha, ele passou pelo quadro indo para o domínio aonde sempre havia se sentido a vontade.

Ele viu Blaise e Pansy imediatamente, próximos à lareira, entretidos em uma conversa baixa, obviamente cochichando sobre uma coisa ou outra. Quando o outro garoto se virou para ele, pareceu por um instante que a sombra de um sorriso passou pelo seu rosto, como se por hábito, antes que toda a expressão se fosse por completo. Para um sonserino como Blaise, isso podia apenas dizer que uma ansiedade real estava conseguindo passar por sua máscara.

O caminhar de Draco falhou conforme ele sentiu a atmosfera mudar, e ele parou no centro da sala, se sentindo subitamente tolo. A experiência havia refinado sua habilidade em sentir o humor coletivo de uma sala, e ele sentia que suas boas vindas estavam frias demais para significar alguma coisa boa.

The Secret's In The Telling • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora