Cap-1: A Carta do envelope azul

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A essa carta como ela estava sendo esperada, não só por mim, mas por todos da faculdade. Há três semanas uma empresa americana, veio até nós propondo um teste, uma prova, os trinta primeiros colocados ganhariam uma viajem para Nova York, eu não perderia isso por nada. Já que eu adoro essa cidade.

Na maior parte do tempo era para um congresso, seria legal ganhar experiências no exterior. Não só por isso, nos passeios que faríamos, passaremos no Central Park, no Museu de Historia Natural, e por ultimo o Zoológico. E a nova atração é o meu animal preferido: Tigre, não é qualquer tigre, é um tigre branco, coisa mais linda do mundo.

Por isso essa carta era tão aguardada, quando o carteiro dobrou a esquina com sua moto azul, e seu uniforme, azul e amarelo, eu pirei quando parou na minha casa (é bem, “minha”, pois é como dissemos da casa onde moramos) ele ia buzinar eu abri a porta antes, ele vasculhou as entregas e pegou três cartas e pela cor, nenhuma delas era a que eu tanto queria (eles nos avisaram que os envelopes seriam azuis, e esses eram dois brancos e um amarelo).

- Obrigado José!

Eu já o conhecia (estudei com o irmão dele no colelial), desde do dia da prova comentava sobre como reagiria quando a carta chegasse.

- Não preocupe-se, quem sabe amanhã?

- Não José hoje é o último dia.

- Espere um pouco... - Ele vasculhar sua mochila. - Aqui! - E de do interior da sua bolsa, emergiu um envelope azul cobalto. - Remetente: Tiger's Flying. Destinatário: Kelvin Horlando.

- Ah! - Gritei. - Você sabe o quão feliz estou. - Abracei José, senti seu cheiro de tabaco, não que ele fume, é o sabão caseiro da mãe dele, seus cabelos negros estavam escondidos sob o boné da companhia de correios, seus olhos castanhos demonstravam sua alegria interna, e seu lindo sorriso transformava essa alegria externa. Ele é lindo, sua namorada tem muita sorte.

- Comigo imaginar! - Terminamos o abraço. - Boa sorte na viagem, entrarei de férias semana que vem e dará tempo de despedir-me.

- Obrigado, e boas férias para você!

- Até, ainda não entrei de férias, tenho que fazer mais entregas!

- Tchau.

Ele ligou a moto, e saiu para fazer mais entregas.

- Tia! - Gritei logo que entrei em casa, ela saiu correndo da cozinha, e me abraçou.

Seu nome é Hitomi, seus cabelos negros seu tamanho e olhos puxados, e até enganam as pessoas de que ela é asiática. Mas seu pai (meu avô materno) era italiano, Gregorio, sua pele era branca como a neve, e sua mãe Pituk, era índia pura, mau falava português. Desse casal nasceu minha mãe e ela. Minha mãe é mais morena que ela.

- Seu sorriso está de orelha à orelha! - Disse ela já abraçando-me. - Você tem certeza que quer fazer essa viagem, meu filho.

- Claro que sim, essa é a chance da minha vida.

- Uma semana fora nos Estados Unidos, você sabe falar inglês? - terminamos o abraço.

- So so.

-  O que?

- Mais ou menos. E sempre terá um Professor traduzindo.

De repente escuto um motor roncando, sabia muito bem quem era, Hiroshi Nadask (meu tio), ele sim é asiático, abro a porta da sala para vê-lo, ele encosta o Logan prata, e desce, seu cabelo densamente negro quase azul, é a primeira parte dele que avisto, seus olhos são castanhos escuros, tão escuro que de longe apresenta-se preto, ele é japonês, porém é bem alto, e pra fechar com chave de ouro seu sorriso aberto e caloroso, tal como quando eu me mudei para cá.

Você deve estar se perguntando por que eu moro com meus tios. Meus pais não aceitavam minha opção sexual, sim eu sou gay, quando fui descoberto meu ex-namorado mentiu que eu vivia atrás dele e que eu era um verme. Não vou mentir chorei perder minha família, mas nosso laço afetivo era fraco, meu pai era um machista preconceituoso e homofóbico. Minha mãe submissa e sem estudo era só dona de casa. Meus irmãos não gostavam de ir à escola, meu pai tirou eles de lá, logo eles vão desejar ter vindo comigo. Como disse meu tio Nadask "Deixe o passado para trás, porque já passou". Para falar a verdade, nunca entendi por completo esta frase.

Fui até ele que abriu os braços para mim, eles são os pais que eu nunca tive.

- Meus parabéns.

- Obrigado! Você não deveria estar no trabalho?

- Meu chefe dispensou-me, seu filho Jason, também passou na prova.

- Que bom. - Um "que bom" desanimado, esse Jason, ele é patético, como ele passou na prova, isso também não importa, ele não vai ser o único que eu conheço nesta viajem.

- Vocês ainda não acertaram-se? - Ficou sério, terminamos o abraço olhei para o chão.

- Claro que já. - Um sorriso surgiu em seus lábios. - Já acertamos um soco em cada um.

- Você está na Faculdade, não deve ficar brigando como no colegial.

- Não vamos perder tempo com ele, ok.

- Ok. Você realmente vai para os Estados Unidos?

- Sim.

- Você vai "pa" longe Elvi?

- Eu vou Judy, mas eu prometo que voltarei logo.

- Eu terei muita sua saudade. - Essa é uma voz doce de uma menina de oito anos que esta dentro do carro, seu cabelos como os olhos só pode ser preto, que aumenta a tonalidade branca da sua pele.

- Acho que você quis dizer que sentiria minha falta.

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