Os Curiosos Casos de Hentwell

Capitulo 1

Os raios de luzes que vem das copas das árvores, batem no vidro da porta do carro, fazendo com que Kent abra novamente seus olhos, mas não é como se tivesse dormido à noite toda, quando olhava para fora podia ver todas aquelas árvores que mais pareciam de um filme de terror mesmo que o sol já estivesse surgindo no horizonte.

- Não conseguiu dormir?

Perguntou Michael enquanto olhava pelo retrovisor o rosto sem nenhuma expressão que ele tinha visto tanto, nos últimos dois dias.

- Claro que não... você é um péssimo motorista.

Michael da uma risada, estava contente em ver que Kent já estava um pouco melhor, mas sabia que ele não estaria completamente bem, afinal depois de perder seus pais e um irmão de um ano, é certo que ainda estaria em um estado de choque, talvez ele estivesse passando por algum daqueles fases do luto, mas qual será? O pensamento tem seu fim quando Kent chama a sua atenção.

- Ei! Sr. Nolland, o que você sabe sobre essa cidade?
- Uh! A Hentwell? É uma cidade pacata não tem muitos assaltos ou casos de sequestro, é quase uma cidade fantasma sabia?
- Interessante...
- Mas...
- Mas!? O que!?
- Sabe Hentwell é conhecida por suas lendas que mais parecem terem sido     tiradas de um monte de contos de fada. -Da uma pequena risada, enquanto olha para o retrovisor
- Sério?
- É eu li em algum lugar que eles têm leis que fazem referência a essas lendas como: "proibido receber fadas e fantasmas em casa", "proibido alimentar trols", "proibido prender fadas dos dentes", é um monte de outras bizarras, deve ser para atrair turistas.
- Há, que coisa...

O silêncio volta a tomar o velho carro que acompanha Michael a mais de cinco anos, ele não conseguia contar quantas crianças ele já havia levado naquele mesmo banco de trás, crianças abandonadas, espancadas, assediadas e até histórias que lhe arrepiava a espinha quando lembrava, não é como se ele amasse o seu trabalho, até tinha motivo para largar o emprego e se não lembrasse nenhum a sua esposa sempre tinha um de reserva.

Michael então começa a reduzir a velocidade do carro e logo para em frente de uma casa de dois andares feita com Madeira com uma tinta vermelha-vinho e uma branca que estava um pouco encardida,  mas encontrava-se em um bom estado mas mesmo assim Kent não se sentia bem ali.

Michael já estava pegando as malas atrás no porta-malas quando o avô de Kent vem de dentro da casa com um grande sorriso no rosto como sempre. Kent abre a porta e sai lentamente enquanto observa seu avô já erguendo os braços para um grande abraço, ele então só anda em sua direção com os braços baixos e arrastando os pés. Após receber um grande abraço que quase lhe tira o fôlego, já que não era um menino muito "saudável" quando se falava em músculos, ele vai ajudar a retirar as malas.

Enquanto isso sua avó abre a porta e faz uma pequena parada na frente da porta, e abre um sorriso enquanto aperta um pano de prato com uns bordados na ponta, após guarda-lo no bolso do avental vai caminhado na direção de seu neto que não vê a uns cinco anos desde que o visitara em ottawa, o abraço que ela dera a ele foi mais fraco do que o de seu avô.

- E então como foi a viajem? Meu deus vocês dirigiram à noite toda!? Mas são cinco horas de carro, vocês devem estar mortos. Por que não fica e descansa um pouco.
- Não Sr.ª Sullivan, somente o Kent vai poder descansar, já eu tenho que voltar, minha mulher vai ficar louca se eu não estiver lá ainda hoje.
- Entendo, então você já está casado?
- Querida... lembra-se que ele até convidou a gente dois anos atrás? -Disse o sr. Sullivan enquanto segurava a mão de sua esposa.
- Sério? Eu realmente não lembro, aí Deus, essa memória.