Música: i love you, Billie Eilish
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eternidadeNas minhas palavras você nunca morre.
Hoje quando aquela fresta chatinha de sol bateu em minha janela e eu acordei resmungando, querendo me ater às cobertas e notei que estava só, eu pensei em você. Pensei em como o seu corpo era quente pela manhã, o toque das minhas costas em seu tórax, nossas pernas enroladas, o carinho na minha nuca, afastando os meus fios curtos. Lembrei que eu era a que pegava o despertador e que te sacudia até os seus olhos se abrirem.
Eu sempre quis saber o que os seus olhos viam, sempre foi uma curiosidade minha, ver pelos olhos dos outros. Eu queria descobrir o quê, exatamente, a sua visão embaçada encontrava que fazia um sorriso bonito brotar; como eram pra você os meus cabelos bagunçados, minha cara amassada de sono. Como era o mundo quando você abria os olhos pela manhã e qual era a sensação de ser parte do seu campo de visão. Por qual ângulo você me via? Por qual razão eu era capaz de te fazer sorrir às sete da manhã?
O segundo pensamento pela manhã: você. Afinal, o primeiro sempre é "não quero acordar", mas eu superei tudo isso e no banho quente eu encontrei as memórias de como você esfregava o cabelo de um jeito engraçado e deixava um tanto de shampoo cair no chão; da espuma branquinha fazendo os fios castanhos sumirem; da sua gargalhada fazendo eco no banheiro; da forma que você gostava de lavar os meus cabelos, e aproveitava para fazer uma massagem que eu simplesmente amava. De como alguns banhos eram divertidos e outros me deixavam sem ar, afinal, você sempre gostou de quebrar a nossa rotina e entrar no box sem autorização para roubar um beijo e depois a minha sanidade. O espelho desse banheiro é testemunha de manhãs que eu sequer poderia narrar aqui pelo horário.
Passei o café enrolada na toalha, tentando administrar a falta de tempo corriqueira, esbarrei na sua caneca quando fui pegar minha xícara no armário e foi instantâneo, sim, pensei em você, grande novidade... Me disseram que eu deveria ter doado, mas eu não consegui, desculpa. Eu gosto de lembrar de você daquele jeito, como estava naquele dia, bem folgado, calça de moletom, uma camiseta branca dez vezes o seu tamanho, estirado no sofá com a caneca nas mãos, colocando alguma música na caixa de som para "o dia começar bem". Enquanto isso, eu engoli duas torradas na correia, atrasada porque você me fez totalmente refém no banho, mas eu não estou reclamando, as memórias daquele dia são ótimas. Assim como te beijar antes de sair, beijo com gosto de café, ótimo. Beijo com gosto de vou te ver mais tarde, o "eu te amo" implícito, a despedida que sempre achei que seria até logo, até que um dia foi adeus.
Tomei o café em goladas enquanto finalizava a maquiagem que você sempre disse que era desnecessária, "eu gosto de você sem essa base e sua boca fica com gosto de protetor solar, eca!", parecia que eu estava vendo a sua careta no espelho, o jeito que você tombava a cabeça pro lado rapidinho, passava a mão entre os fios e saía do quarto sem mais nem menos.
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akai ito • BTS
Fanfiction"O curso do verdadeira amor jamais foi tranquilo." (William Shakespeare) BTS | Livro de contos capa: @VitoriaKrevre