CAPÍTULO VI: SUBÚRBIOS

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A chuva caindo lentamente. A rua deserta. Um Santana rebaixado para na porta de um arranha-céu no meio... do nada. Parece cena de filme, mas era só o não tão dócil cão Fabrício chegando na sede da B.O.S.T.A. para mais um dia de trabalho. Seis meses naquela associação secreta e o canino ainda não entendera sua função ali além de transportar mercadorias estranhas do subúrbio num táxi clandestino (e charmoso). Nem seus títulos seguidos de funcionário do mês o contentavam, o jovem recém animal esperava mais emoção, como teria prometido Marco Luque em seu momento de nem tanta lucidez.

Mesmo assim, o canino pegou sua rota do dia e foi em direção ao subúrbio daquela metrópole, onde encontraria um grupo de capangas da B.O.S.T.A. com mais pacotes secretos. Chegando lá, encontrou com os já esperados Gominho Cruz (um gato preto), Marcelinho (um hipopótamo) e Chay Suede (sim, o ator, após se transformar num Mico Leão Dourado).

- Fala mulecada, - disse Fabrício - tô com uma diarreia maluca hoje, ontem dei mole de comer chocolate meio amargo na onda da galera da TV.

- Porra mas aí você foi burro moleque, por isso que ninguém te atura aqui seu porre. - disse Marcelinho, que tinha inveja do esforço de Fabrício na associação.

Nesse momento, os quatro imbecis escutam um som. Um barulho ensurdecedor de maritaca misturado com telefone dos anos 80. A chuva para, uma neblina se aproxima e, no meio dela, surgem três Cadillacs vermelhos. Eles param, e do carro do meio sai um camarada nunca antes visto pelos rapazes: era um pato meio azulado.
- Olá, rapazes. Meu nome é Renan Regina. Fui, assim como vocês, um dos enganados pela B.O.S.T.A. há alguns anos. Hoje eu venho buscar vocês e mostrar o que eles esconderam de nós. Quero uma parceria para acabar com essa bizarrice toda, para que consigamos voltar a nossas formas humanas e continuemos nossas vidas pacatas. Estão comigo?

Continua...

Fabrício, o cachorro motoristaOnde histórias criam vida. Descubra agora