Prólogo

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Eu não acredito que brigamos de novo, já é a segunda vez só essa semana. As vezes, acho que não vamos conseguir voltar ao que éramos antes. Não estou com cabeça para nada, mas tem uma festa acontecendo na casa do Gustavo e eu estou à caminho. Minha verdadeira vontade era ficar em casa, na minha cama aconchegante, tomando meu sorvete de chocolate da tristeza, enquanto falo com a Ali sobre tudo o que aconteceu. Normalmente eu a chamaria para minha casa, mas ela esta em Orlando com sua família. É, a vida realmente anda me mostrando que nem tudo é como queremos.
Assim que ligo, ela já sabe do que se trata. Afinal, nas últimas semanas, Juliano vem esta do presente em quase todas as nossas conversas e não é em assuntos positivos. Ela sempre me questiona se esse namoro ainda me faz bem e o triste é que eu não sei a resposta. Não ter o Juliano em minha vida, bagunçava todos os meu planos.
Nos conhecemos no colégio e namorávamos até os dias de hoje, mas a faculdade nos distanciou um pouco. Ele faz direito e eu faço jornalismo. Nossos ideais estão mudando, menos temos em comum e o inevitável vem acontecendo.
Quando entro na casa o cheiro de cerveja e suor invadem minhas narinas. Lembro-me de quando ainda estava no ensino médio e esse mesmo cheiro me deixava animada, pensando em tudo que poderia acontecer até o final da festa. Mas isso não mais acontece. Toda essa atmosfera ja se tornou algo comum.
Entro na cozinha como um relâmpago, pego uma cerveja- tudo que preciso naquele momento- e vou em direção a sala. Cumprimento alguns colegas que estão dançando e me sento ao lado do gustavo em um sofá de apenas dois lugares.
- Oi- digo, me afogando no sofá, com cautela para não derramar minha bebida.
- Oi- ele se vira para mim- Você está bem?- suas feições expressão preocupação.
Penso em conta-lo, mas mudo de ideia, porque o que menos preciso agora é de um drama.
- Nada que umas doses não resolvam- digo forçando uma risada. Percebendo que eu não quero mesmo falar no assunto, ele não insiste. A situação está levemente constrangedora, então resolvo virar o resto da cerveja em meu copo e usar a desculpa de "mais uma bebida" e sair dali.
Na cozinha está havendo uma rodada de shots. Quando escuto alguém me chamar.
- Marina, quer se juntar a gente? Quem virar mais ganha cinquenta e o outro vinte e cinco- Ótimo! Tudo o que eu precisava, álcool e dinheiro.
Um, dois, três, quatro e cinco. Bato na mesa e abro os olhos. Minha garganta arde, não sinto minha língua e todas as pessoas da cozinha olham para mim embasbacadas.
- Caramba! Quase achei que você ia me passar- alega Samuel com os olhos arregalados.
- Quase irmão. Mas você ainda ganha os cinquenta e ela os vinte e cinco.- John fala segurando o riso.
  Pego meu dinheiro e saio em direção ao pessoal que está dançando na sala. Sinto o efeito da Vodka, o calor se intensifica, meu coração pesa menos e uma vontade de dançar surge em mim.
  Quando reencontro as meninas que me cumprimentaram mais cedo, decido me juntar a elas na pista. Até que uma delas, se vira para mim e grita em meus ouvidos para que sua voz consiga superar a música.
- Onde o Juliano está? Vocês brigaram?- Era só o que me faltava, alguém para mexer na ferida.
- Claro que não, ele só está visitando o pai que mora fora da cidade.- Era uma parte de verdade, nem conhecia a garota, não era necessário tantos detalhes. E essa mesma garota era afim do meu namorado anos atrás, o que eu menos preciso é de olho gordo no meu relacionamento.
Cerveja, música, vodka, música, gin, música, mais cerveja, pessoas se beijando, falta de ar.
Decido ir para o quintal pata tentar me recupera. Sento em um banco próximo a porta. Respiro profundamente, até que eu noto um casal sentado no gramado da frente. Será que é a garota que me perguntou do meu namorado? Com certeza! Agora consigo ver melhor, meus se adaptaram a penumbra. Ela está aos beijos com o Dj da festa. Me pergunto se deveria entrar para não atrapalhar os dois. Mas antes que eu possa levantar, Gustavo senta ao meu lado.
- Você não está bem, o que aconteceu?- Agora não me parece uma má ideia conta-lo. É o que faço pelos próximos minutos. Falo tudo, como se estivesse conversando com Alison, como se tivéssemos uma enorme intimidade. Mas essa é uma das vantagens do álcool, deixar tudo mais fácil. Ele parece ponderar cada palavra que minha boca pronuncia. Quando eu termino ele olha para os lados e solta:
- Nunca gostei de vocês juntos, você merece alguém melhor.- Ele não sabe o que está falando, não sabe quantas vezes o Juliano foi o único que me entendeu e me acolheu, não sabe quanto ele me fazia rir ate minha barriga doer, não sabe quantas vezes ja dormi em seu colo enquanto ele mexia em meu cabelo. Bem, ele não sabe de nada.
- Tipo quem?- pergunto na brincadeira, mas não acho que ele entendeu dessa forma, pois no momento seguinte, está com a lingua em minha garganta. Demora alguns segundos para cair a ficha do que está acontecendo, mas quando me dou por mim eu o empurro e me afasto.
- O que foi isso? - meu interesse em saber desaparece e me levanto para ir embora. Antes que eu consiga sair do quintal a garota grita:
- Ele vai ficar sabendo!- em seguida ela mostra a tela de seu celular com a foto do "beijo".
Minha cabeça dói e meu coração também. Terei que explicar muita coisa no outro dia, mas por agora, eu só quero minha cama. Saio correndo para casa, antes eu nunca tivesse saído dela.

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Oi galera! Tudo bem? Então, esse foi o prólogo de "inesperadamente apaixonada" , comente o que você acharam e se estão curiosos para saber o que vai acontecer com a pobre Marina.
Beijos de luz.
-B.

Inesperadamente apaixonada Onde histórias criam vida. Descubra agora