Todoroki Shouto realmente precisa de um alfa?

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O ar parecia tenso dentro daquele escritório coberto por tons de marrom. A lareira acesa e com chamas crepitantes tinha a intenção de aquecer o cômodo, mas o omega sentado na larga poltrona de veludo só conseguia sentir frio. Seu corpo estava completamente tenso e seus olhos bicolores encaravam o alfa a sua frente.

A luz alaranjada cobria seu pai dos pés a cabeça e ele parecia ainda mais ameaçador enquanto lhe encarava sentado em sua grande poltrona de veludo, escondida por trás de uma mesa longa de mogno.

— Quando vai amadurecer e aceitar que precisa de um alfa, Shouto?! — o tom irritado na voz do patriarca tirou o ômega de seus divagações.

O garoto suspirou, negando com a cabeça enquanto seu pai o encarava fixamente. Seus bíceps estavam bem destacados pelo terno apertado de linho e aquilo deixava o ambiente ainda mais claustrofóbico, era como se Endeavor estivesse prestes a avançar no próprio filho.

— Um dia, talvez. — deu de ombros e viu pelo canto dos olhos o rosto do patriarca assumir um tom avermelhado.

—Você precisa lidar suas responsabilidades! — o grande punho bateu contra a mesa e um rosnado cortou a garganta de seu progenitor. Shouto engoliu em seco, mas sua feição em nada se alterou. — Como ômega é seu papel se casar e ter filhos!

Dessa vez Shouto não conseguiu evitar a careta que assumiu seu rosto. Ele tinha apenas dezessete anos, seu pai deveria estar o cobrando sobre a faculdade e não sobre filhos.

— Ainda é muito cedo...

— Seu cio logo chegará novamente... — o maior falou com uma falsa preocupação em seu tom de voz. Shouto sabia que ele iria apelar para a chantagem emocional e não pode disfarçar o revirar de olhos. Se Endeavor notou nao disse nada, pois continuou com seu discurso. — Estou preocupado com você, meu filho. Passou todos seus ciclos sozinho desde os quatorze anos, porque se tortura tanto sendo que pode aceitar sua natureza?

Por um momento o bicolor quis acreditar naquela aflição que a voz do patriarca transparência, entretanto não era mais um garotinho tolo que acreditava na boa vontade do maior. Ele estava tramando alguma coisa e seu interior se agitava por conta daquilo.

Shouto continuou calado encarando os próprios pés. Um bufo alto de indignação cortou o ambiente quando Endeavor notou que não seria respondido.

— É isso que prefere? Morrer sem cumprir seu papel como ômega? — e ali estava, o timbre de desprezo já tão conhecido por si. — Não vou deixar que jogue ainda mais na lama a honra de nossa família!

— Eu tenho dezessete anos, pai. Existem coisas mais importantes em minha mente agora. Pretendo...

— Não me importo. — a fala do menor fora interrompida pelo alfa. — Sua prioridade é se casar e ter filhos.

O sentimento de impotência fez o peito do menor se apertar. Queria retrucar e bater de frente, mas a presença ameaçadora do pai fazia seu lado omega se manter acuado e submisso. Era frustrante e até mesmo imoral um pai usar sua presença para calar o filho, mas como naquela casa quem ditava as regras era ele ninguém parecia se dar conta disso.

— Em uma semana é seu aniversário de dezoito anos. — Endeavor voltou a falar, encarando Shouto de cima. — Haverá uma festa e os filhos dos mais poderosos alfas da cidade serão convidados, espero que escolha seu marido nela.

O bicolor abriu a boca em completo choque. Sua voz falhou e tudo o que ele conseguiu foi se erguer em indignação.

— MAS....

— MAS NADA! — a voz de comando alfa fez o ômega cair de volta na poltrona, completamente perplexo. — Se você não escolher um marido eu mesmo o farei.

Quem precisa de um alfa?Onde histórias criam vida. Descubra agora