- Capítulo 1 -

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Tudo começou quando eu estava prestes a fazer 15 anos, na época, eu era muito inocente e não tinha noção de muita coisa; meus pais tinham um restaurante, então não foram nada presentes na minha infância e adolescência, então sempre me virei sozinha. Estávamos em 2015, maio, faltava 1 dia para meu aniversário, nunca tive muito amigos, então optei por fazer uma viagem, na qual não ganhei também. Cecília, minha única e melhor amiga achava que meus pais tinham problemas entrei si, e ela tinha razão, brigas, eram bastante frequentes entre os dois.

Sempre começava com pequenas discussões, até que se arrastava e virava uma enorme briga, eu odiava aquilo, meu pai era muito ignorante e minha mãe muito sem noção, e lá estavam eles, gritando um com o outro, como aquilo era frequente eu minha irmã mais nova, Ludimila, estávamos acostumadas, até que por um reflexo rápido meu pai levantou a mão e eu entrei na frente e levei o tapa por ela.
Meu pai nunca havia levantado uma mão para minha mãe, aquilo foi bem chocante tanto para mim, quanto para minha irmã e ela. Naquele dia, ele me arrastou para o fundo do restaurante e me bateu tanto, dizendo que eu não deveria me meter nas coisas dele e dela, eles eram um casal e sabiam resolver seus problemas sem que uma criança se metesse no meio. Fui para casa, me tranquei no quarto e só sai no dia seguinte, às coisas estavam mudando muito e dali para a frente, mudariam mais rápido que o imaginado.
Na escola, eu e Ceci, apanhávamos todos os dias, de 3 garotas, sempre das mesmas. Até que um dia eu simplesmente revidei um tapa, e aquilo virou uma bagunça, chamaram meus pais, e certamente foi muito constrangedor para eles terem uma filha que batia nas colegas de classe, assim que cheguei em casa, meu pai pagou um pedaço de madeira bem grande, me colocou de joelhos e me bateu muito. Não consegui ir para a escola por uma semana de tanta dor que sentia.

E foi então que percebi que eu não tinha e não teria meus pais do meu lado, nem naquele momento, nem nunca, só teria a Cecília e a mim mesma, e eu teria que me virar sozinha. E foi quando aconteceu.

No dia do meu aniversário, fui para escola normalmente, Ceci me comprou um pequeno bolo, no qual comemos juntas no intervalo. Na hora do almoço, cheguei ao restaurante, almocei e eu e minha mãe fomos vender nossos lanches. No final da tarde foi quando aconteceu, recebi uma mensagem do Felipe:

"Boa tarde, Lara, haveria como você trazer algo para mim, estou com muita fome, e não tive tempo para almoçar hoje"

Desci ao subsolo para levar algo a ele, mal sabia eu que o prato principal seria eu. Ali, naquela sala, naquele dia, naquela hora; fui vítima de um estupro. Entrei na sala, e não havia ninguém, somente o Felipe, virei de costas por um momento para pegar o lanche dele, e foi quando ele me puxou e me amarrou a uma cadeira, arrancou minhas roupas e subiu encima de mim. Fiquei presa por cerca de 1 hora e meia, mas para mim, foram horas e horas, chorava muito, gritava muito, tentava de tudo para sair dali, ou acordar daquele pesadelo. Não conseguia acreditar que eu perdi minha virgindade daquela forma, nem beijar na boca eu não havia beijado ainda. Era o fim. Ele terminou o que tinha de fazer, vestiu-se, jogou a roupa encima de mim me desamarrou, e apontou o dedo na minha cara e disse:

- Se alguém souber do que aconteceu aqui, eu mato você, mato sua mãe e sua família, mato todos, você me entendeu? – Assenti chorando e sai dali.

Eu estava atordoada, mas não podia contar a ninguém, então passei no banheiro, me limpei, lavei meu rosto e fui encontrar minha mãe para irmos embora. Fingi que nada havia acontecido. Naquela época eu namorava a distância com um garoto da minha idade, Manuel, quando contei a ele, no dia seguinte ele estava na cidade, pensei que ele viria para que fossemos atrás do cara, mas na verdade, assim que ele me viu, seu olhar era frio, de nojo, ele me espancou naquele dia, me bateu muito, dizendo que eu deveria saber me vestir e andar, para que não atraísse atenção de caras, porque homens são assim mesmo, é o instinto dele. Cecilia cuidou de mim. Para que ninguém soubesse da surra, fiquei na casa dela por duas semanas, até que ficasse tudo bem e sarasse. Manuel começou a namorar uma menina da cidade dele e foi embora.

Cecilia havia se descoberto, ela gostava de meninas, mas não poderia assumir isso, pois seus pais era contra. Até que o pior aconteceu. Um vídeo dela ficando com uma menina foi espalhado pela escola até chegar nas mãos do diretor e o mesmo mostra-lo a seus pais, foi em outubro, dia 10 de outubro, quando recebi uma ligação dela me pedindo que fosse vê-la, pois precisava de mim; eu estava trabalhando então não poderia ir, e falei que iria mais tarde ou no dia seguinte conversaríamos, e foi as 18:00 horas do dia 10 de outubro de 2015 que Cecilia foi encontrada enforcada em seu quarto, e ao lado da cama dela uma caixa, cheias de cartas na qual ela sempre escrevia uma quando se sentia triste e sozinha. Não fui ao velório, não conseguia ir.

Naquele ano, foi quando fiz minha primeira consulta com um psiquiatra e um psicólogo, eu estava com depressão, estava totalmente acuada quanto á homens, não abraçava e nem pegava na mão de qualquer homem que fosse.

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⏰ Last updated: Jul 18, 2019 ⏰

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Mil partes de mimWhere stories live. Discover now